Portugal & Biografia - A história pormenorizada de um dos mais importantes empresários nacionais do período do Estado Novo e que o 25 de Abril de 1974 levou ao exílio e escassos cinco anos depois regressou e fez renascer os seus investimentos na democracia entretanto consolidada
‘JORGE DE MELLO - “UM HOMEM” ‘
Percursos de um Empresário
De Jorge Fernandes Alves
Edições INAPA
Lisboa 2004
Livro com 240 páginas, muito ilustrado e em muito bom estado de conservação. Excelente.
De muito difícil localização.
Raro.
Da badana:
“De que forma o construtor de empresas interpreta a sua própria construção enquanto ser social e empresário? Eis a interrogação de base subjacente a este livro, tendo como interlocutor o empresário Jorge de Mello, que responde ao desafio de atribuir significações a um conjunto de tópicos que sinalizam a sua trajectória de vida.
Nascido a 1 de Setembro de 1921, no seio de uma família de empresários, neto de um dos industriais mais carismáticos da nossa história (Alfredo da Silva, o ‘homem da CUF’), Jorge Augusto Caetano da Silva José de Mello, economista de formação, viveu a aventura da indústria portuguesa por dentro: conheceu a dinâmica do avô na sua intimidade e ‘espírito industrial’; coadjuvou activamente o pai (D. Manuel de Mello), durante mais de vinte anos (1946-1966), como vice-presidente do conselho de administração da CUF e administrador-executivo; assumiu depois a presidência do grupo e, neste cargo, viu chegar o ‘processo das nacionalizações’ que se seguiu à revolução de 25 de Abril de 1974.
Depois dos sobressaltos revolucionários que o levaram ao exílio, em 1975, regressou a Portugal, em 1980, já em plena normalidade política. Perante a necessidade de mobilizar os fundos de indemnização a que tinha direito, voltou a investir de novo em empresas que iam sendo privatizadas, procedendo à sua recuperação económica. O empresário renasceu e mobilizou-se para o investimento, tornando-se de novo uma referência na economia portuguesa das últimas décadas, criando um lugar próprio no âmbito do espaço económico então concedido à iniciativa privada.“
Do ÍNDICE:
PREFÁCIO
- Por Jorge Maria deMello
INTRODUÇÃO
NASCER E DESCENDER (1921) - As marcas do protagonista Alfredo da Silva
- O protagonismo de Alfredo da Silva
- Referências pessoais
- Um feixe de interrogações
DEPOIMENTO
A genealogia do ser: nascer e crescer no seio de uma aliança familiar industrial e aristocrática
- Mundos paralelos: a preservação da família face aos atentados e perseguições ao avô Alfredo da Silva
- Escolas e memórias do tempo escolar
- A produção de um referencial para a vida: ‘um homem’
- Formação universitária: as opções
- Álbum de família: retrato do avô Alfredo da Silva
- Lazeres de juventude
- Sentir o mundo: as viagens
O INGRESSO PROFISSIONAL NA CUF - A vice presidência do grupo (1945-1966)
- O crescimento da CUF nos primeiros tempos do Estado Novo
- Obra social da CUF
- A CUF no pós-guerra
- A vida pessoal
- Um feixe de interrogações
DEPOIMENTO
A conjuntura da Segunda Guerra Mundial e os seus reflexos na CUF: dificuldades e oportunidades
- Os inícios da responsabilidade executiva na CUF, no pós-guerra: problemas e aliciantes
- A CUF, as colónias e o mercado colonial
- O condicionamento industrial e os grupos económicos
- Ferreira Dias e o fomento industrial (o contorno do condicionamento industrial através de novas formas de política)
- Ferreira Dias, o político e a sua linha de rumo: sucesso/insucesso ?
- A reorganização industrial por via administrativa, a partir de 1947
- Interesses, agentes económicos e conflitualidade no interior do regime político
- O surto de crescimento da CUF no pós-guerra
- As relações laborais na CUF e o Estatuto do Trabalho Nacional, enquanto diploma que postulava a cooperação entre patrões e trabalhadores
- As obras sociais da CUF: amplitude e sentido estratégico
- O recrutamento de técnicos dirigentes e organização de uma elite industrial
- Existia um ‘espírito CUF’ (discurso de 1955)?
- A CUF e a função social da empresa
- O Grupo Desportivo da CUF
- Álbum de família: retrato do pai D. Manuel de Mello
- Negócios e relações humanas: alguns episódios
A PRESIDÊNCIA DO GRUPO CUF - (1966-1975)
- Feixe de interrogações
DEPOIMENTO
A adesão à EFTA, em 1960: a CUF, entre o movimento pró-europeu e o movimento para a ‘integração do espaço económico português’
- O salto qualitativo e quantitativo da CUF nos anos 60/70: sentido de reconversões e da diversificação de investimentos
- Iniciativas empresariais mais importantes da CUF na fase marcelista
- A CUF na criação de redes de cooperação e de associação empresariais
- A CUF, o Banco Totta e o cenário de organização de grupos empresariais em torno da associação de um banco e de uma seguradora
- As limitações de acesso ao capital estrangeiro antes da década de 1960, e seus reflexos na dinâmica empresarial
- Parcerias da CUF com empresas estrangeiras para novos investimentos (Lisnave, Celbi, Sitenor, Fisipe, Tinco, Penina, e outras) na década de 1960: partilha de investimentos e transferência de tecnologia perante desafios da EFTA
- Nos anos 60, a CUF procede a emissão de acções com reserva de uma parte para trabalhadores (Tabaqueira, Compal, por exemplo): simbolismo ou capitalismo popular ?
- Nos anos 60, a CUF denota avanços estratégicos: na organização empresarial; na criação de empresas de serviços por transformação de anteriores gabinetes
- A nacionalização do grupo CUF e a exigência de uma racionalidade própria por cada empresa, obrigada a ser viável e eficiente, contando para isso com um significativo grau de autonomia das administrações executivas
- Nos anos 50/60, em dados estatísticos, foram os ‘anos de ouro’ do crescimento económico português. O que faltava para Portugal ser como outros países europeus? Que diagnóstico sobre o atraso português?
- Os outros grupos empresariais e as suas realizações ao nível da realidade económica da época
- Circularidade entre pessoal técnico e de administração da CUF e cargos governamentais e vice-versa? A CUF como bolsa de recrutamento de dirigentes políticos
- A integração europeia (via EFTA) coincidiu com o alastrar da guerra colonial. Apesar da guerra, a CUF continuou investir nas províncias ultramarinas: em função de perspectivas económicas ou de solidariedade política?
- A transição marcelista: evolução na continuidade ou antecâmara de mudanças mais profundas?
- O projecto de Sines, no contexto político do entusiasmo marcelista ao qual a CUF estava ligada através de uma refinaria (Petrosul) e de uma petroquímica (CPP): projecto megalómano de desenvolvimento industrial ou projecto com ‘pernas para andar’, apenas tolhido pelos acontecimentos políticos posteriores?
- Acções empresariais mais significativas para o período 1966-1974
SOB O SIGNO DA REVOLUÇÃO (1975-1980)
- Aspectos pessoais
- Feixe de interrogações
DEPOIMENTO
A liberalização do regime político e da sociedade portuguesa perante a agonia marcelista
- Os protagonistas iniciais do 25 de Abril, as possibilidades de controlar a situação político-social, o posicionamento do meio empresarial
- A participação do filho, Manuel Alfredo de Mello, em operações do movimento militar de 25 de Abril
- O crescendo de manifestações operárias, a radicalização esquerdista da vida política e social e o quotidiano do empresário
- Esforços para inverter a situação e para ganhar espaço político favorável à organização liberal da economia e da livre empresa
- O cerco ao conselho de administração da CUF, em 12 de Março de 1975, e a ordem de prisão
- A prisão em Caxias
- A nacionalização das empresas associadas ao grupo (Banca, seguros, estaleiros, logo em Março, e as restantes em Setembro e Outubro de 1975). Vislumbra alguma estratégia económica no processo de nacionalizações ou foi apenas um processo político?
- O processo de nacionalizações e as suas especiais repercussões sobre a CUF
- Privado, por força inesperada, das suas empresas, como sobrevive um empresário? Como se vive a revolução no quotidiano familiar?
- Exílio: em Agosto de 1975, Jorge de Mello parte para a Suíça, onde se demora três anos, depois Brasil (mais três anos). Esperança? Resignação?
- Acção empresarial ou exílio? As ligações internacionais de antes foram agora solidárias?
- Episódios do período revolucionário de 1975
O RENASCER DO EMPRESÁRIO (1980-2004)
- Aspectos pessoais
- Um feixe de interrogações
DEPOIMENTO
As atitudes dos sucessivos governos para com os representantes do ex-Grupo CUF: contactos para voltar a retomar a iniciativa?
- Retorno em 1981, apesar da situação política evoluir favoravelmente desde 25 de Novembro de 1975
- As indemnizações relativas às nacionalizações e às privatizações: o discurso político, o modo e a fórmula de cálculo
- O retorno ao investimento: a mobilização das indemnizações e o apelo a outros recursos, nomeadamente a alienação de outros bens patrimoniais
- A constituição da holding pessoal Mello representou o esforço para retomar a iniciativa empresarial numa posição individual: o ‘grupo Mello’ não voltaria a actuar em conjunto
- Os esforços iniciais para reinício da actividade empresarial de Jorge de Mello em Portugal
- Movimentações para negociar com o IPÊ a aquisição de antigas empresas
- Vinte nos depois de uma partida abrupta, Jorge de Mello volta ser um grande empresário em Portugal. Mas teve de adquirir de novo algumas das suas antigas empresas
- A Nutrinveste como centro de racionalidade das empresas do ramo alimentar do ‘grupo de Mello’, agregando as empresas adquirida em 1987 ao IPE
- O princípio da internacionalização está presente na gestão das empresas do ‘grupo Jorge de Mello’. Ainda faz sentido falar hoje em ‘economia nacional’ ?
- Jorge de Mello retirou-se recentemente da gestão activa do seu grupo empresarial
- Do alto de uma experiência longa e complexa, como se pode caracterizar o empresário médio em Portugal, nas suas diferentes gerações?
- Com a sageza conferida pelo tempo e pela experiência, como se vê a capacidade associativa do empresário português na actualidade ?
- O nível de resposta da indústria portuguesa (e da economia em geral) aos desafios da integração europeia e da globalização
- Os grandes desafios de Portugal e dos portugueses nos próximos anos
BIBLIOGRAFIA E FONTES
Preço: 47,50€;
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