sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Angola - História & UNITA - ‘ECOS DE COLINA: MEMÓRIAS E TESTEMUNHOS’, de Jaka Jamba - Luanda 2022;









Angola - História & UNITA - Uma personalidade cativante e o mais importante intelectual da organização fundada e liderada até 1992 por Jonas Savimbi, Jaka Jamba reunia consensos, admiração e respeito para além da sua militância guerrilheira e partidária 


‘ECOS DE COLINA: MEMÓRIAS E TESTEMUNHOS’ 
De Almerindo Jaka Jamba 
Prefácio de Sousa Jamba 
Edição Mayamba 
Luanda 2022; 


Livro com 248 páginas, ilustrado e em muito bom estado de conservação. Novo. Excelente. 
De muito difícil localização. 


SOBRE O LIVRO: 
“ ‘ECOS DE COLINA: MEMÓRIAS E TESTEMUNHOS’ de Almirindo Jaka Jamba é uma obra literária cativante e emocionante que mergulha nos eventos históricos e nas experiências pessoais de um homem extraordinário. Escrito por Almirindo Jaka Jamba, este livro revela as memórias e testemunhos do autor, trazendo à tona uma parte significativa da história de Angola.

Com uma narrativa envolvente e detalhada, ‘ECOS DE COLINA’ transporta os leitores para o contexto turbulento do período colonial angolano. Através dos olhos e das vivências de Jaka Jamba, somos conduzidos por uma jornada fascinante e complexa, explorando eventos marcantes como a luta pela independência e a descolonização de Angola.

Jaka Jamba, uma figura notável e respeitada, compartilha suas lembranças pessoais, trazendo à tona o seu papel ativo na resistência e na busca por justiça social. Suas memórias são um testemunho poderoso e humano de coragem, perseverança e resiliência em face das adversidades. Ele nos apresenta uma visão íntima dos desafios enfrentados, mas também das vitórias alcançadas durante aqueles tempos tumultuados.

Além das memórias individuais, ‘ECOS DE COLINA’ oferece um retrato abrangente dos acontecimentos históricos que moldaram a nação angolana. Jaka Jamba mergulha nas complexidades políticas, nas lutas de poder e nas aspirações de um povo em busca da liberdade e da autodeterminação. Sua narrativa revela os detalhes muitas vezes negligenciados da história, proporcionando uma compreensão mais profunda dos eventos e das dinâmicas sociais da época.

Este livro é uma oportunidade única de ouvir a voz de Almirindo Jaka Jamba, um homem cujas experiências e visões ecoam além das páginas. Suas palavras ressoam como um chamado à reflexão, incitando os leitores a refletir sobre as consequências do passado e a compreender a importância da memória coletiva na construção de um futuro mais justo.

‘ECOS DE COLINA’ é um tesouro literário que nos convida a embarcar em uma jornada através do tempo, conectando-nos com as memórias e testemunhos de um período histórico crucial. É uma leitura indispensável para aqueles que desejam conhecer a história de Angola através dos olhos de um protagonista real, cujas experiências são uma fonte de inspiração e aprendizado para as gerações presentes e futuras.” 


UM TESTEMUNHO FAMILIAR: 
“Almerindo Jaka Jamba nasceu em 1949 e faleceu em 2018. Jaka Jamba foi meu irmão mais velho; ele é, talvez, uma das pessoas mais inteligentes que já conheci, e eu tive o imenso privilégio de ter tido muitos contactos com intelectuais de renome. Quando nasci, em 1966, o meu irmão tinha dezassete anos. É prática comum aqui, no Planalto Central, um irmão mais velho insistir em dar ao bebé que chegou em casa um nome de que ele goste. 

O meu irmão deu-me o nome de Ivan, já que ele estava a ler uma obra de Tolstoi. Como bebé, eu tinha o grandioso nome de Aníbal José Ivan de Sousa Jamba - nomes que desapareceram com o tempo e, como alguém que viveu uma boa parte da minha vida fora do país onde nasci, desapareceram na procura de um nome que não seria facilmente conotado com uma região.  

Conheci o meu irmão mais velho em momentos isolados. Lembro-me dele como o seleccionador de discos numa das danças que tínhamos nos fins-de-semana a tarde na nossa casa. Lembro-me vagamente do seu casamento com a minha cunhada Miraldina. Depois o mano desapareceu. Falava-se que o nosso mano estava em Portugal e depois que estava na Suíça. Embora criança, lembro-me da ansiedade dos meus pais. 
Aquele era um tempo de medo - muito medo; os serviços secretos do sistema colonial, a PIDE, estavam por todo o lado. 

Aconteceu o 25 de Abril de 1974 e não muito tarde o nosso mano apareceu. Ele foi para leste, no interior, onde a liderança estava. Desde então, o meu irmão teve um assento dianteiro na turbulenta 
história do nosso país. 

Há mais de duas décadas, em Londres, lembro-me de ter estado completamente absorvido por entrevistas do nacionalista Mário Pinto de Andrade, feitas pelo escritor Francês Michel Laban. Aquelas entrevistas ajudaram-me a entender Angola dos anos cinquenta, das ventanias que resultaram num nacionalismo que reclamava a independência nacional. 

As entrevistas que temos aqui dão-nos uma resenha fiável das décadas de vida de Jaka Jamba. 

Em 1986, na Jamba, capital do território na altura controlado pela UNITA, tive a oportunidade de ter longas conversas com o meu irmão. Eu estive naquele território por quase dois anos. O meu irmão 
convidava-me a fazer longos passeios; ele discursava e de vez em quando arrancava flores silvestres para o seu jardim: Tinha uma biblioteca e um jardim na sua casa durante a guerra. Alguns dos seus vizinhos faziam o mesmo. Foi numa destas digressões que ele citou o Sócrates, dizendo que uma vida não examinada não vale a pena ser vivida. Ler as entrevistas que aqui temos é um convite para participar no exame de uma vida interessantíssima. 

As entrevistas dão uma visão geral altamente inteligente do tempo em que ele viveu. Jaka Jamba nasceu numa família da classe média daquele tempo, fortemente marcada pela Missão Evangélica do Dondi. Nosso pai, Tavares Hungulu Jamba, foi um produto da missão - depois dos seus estudos, ele criou uma escola na sua propriedade privada de Catchilengue, fora da vila de Cachiungo. Nas entrevistas que aqui temos aquele mundo é retratado com primor. As entrevistas realçam, também, o florescer do nacionalismo no Planalto Central de Angola. 

Com uma bolsa da Gulbenkian, o meu irmão vai para Portugal onde passa a estudar História e Filosofia. Em 1991, em Lisboa, lembro-me mais de um longo passeio a pé com o meu irmão; de vez em quando ele insistia que entrássemos em livrarias para passar os olhos sobre várias obras. Entretanto, aqueles passeios tinham os seus temas e subtemas. Lembro-me dele a enfatizar que foi em Lisboa dos anos sessenta que ele ganhou o seu imenso interesse na história africana. Foi lá, na companhia de africanos vindos de outras colónias portuguesas, que ele passou a ter a noção do passado e destino comum dos Africanos. Felizmente, as entrevistas que aqui temos retratam este período. 

De 1976 a 1992, temos os dezasseis anos do confronto civil em Angola. O intelectual Jaka passa, então, a ser um militar, participando, em algumas ocasiões, em certas operações. Surgiu, então, o período da paz, em que Jaka Jamba passou uns bons anos no Parlamento. De 2004 a 2008, ele foi nomeado representante de Angola na UNESCO; descreve numa das entrevistas nesta obra como este foi o apogeu da sua carreira. As entrevistas que aqui temos vão em detalhes sobre a progressão do militar, diplomata, legislador e professor universitário. Temos aqui uma figura que foi profundamente curiosa, ávida para aumentar os seus conhecimentos a todo o tempo. Numa entrevista, Jaka Jamba, define-se como, apenas, o estudante mais velho da sala — a busca do conhecimento foi, para ele, uma preocupação permanente! 

As entrevistas que temos aqui, habilmente compiladas pela minha cunhada, Miraldina Jamba, e sua equipa, rendem uma homenagem justa a uma figura sem igual, que foi o nosso grande irmão Almerindo Jaka Jamba.” 
Sousa Jamba - Chiumbo, Cachiungo (Huambo), Julho de 2020 


BIOGRAFIA: 
“ALMERINDO JAKA JAMBA nasceu a 21 de Março de 1949 e foi deputado da UNITA, partido a que aderiu em 1972. Era formado em Filosofia, pela Universidade Clássica de Lisboa, e fez, também, um doutoramento em História. Por força dos Acordos de Alvor, assinados em 1975, entre Portugal e os então movimentos de libertação angolanos (FNLA, MPLA e UNITA), ocuparia, no Governo de Transição, a pasta de secretário de Estado da Informação. 
Foi vice-presidente da Assembleia Nacional (1997-2005) e embaixador na Missão Permanente de Angola junto do Organismo das Nações Unidas para a Educação,a Ciência e a Cultura (UNESCO), em Paris (2005-2008). 
No partido UNITA, ocupou vários cargos de destaque, tais como os de secretário de Educação, Informação, dos Negócios Estrangeiros, da Cultura e Herança Africana. Em 1992, foi nomeado como segundo vice-presidente da Assembleia Nacional e porta-voz do grupo parlamentar da UNITA. Jaka Jamba era considerado um homem de consenso. 
Foi patrono da cadeira 72 da histórica Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura (ABRASCI).” 


Preço:   0,00€; (Indisponível)  

Sem comentários:

Enviar um comentário

APÓS A SUA MENSAGEM INDIQUE O SEU E-MAIL E CONTACTO TELEFÓNICO
After your message, please leave your e-mail address or other contact.