sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Angola & Literatura - ‘AS MÁSCARAS SOBRE O FOGO’, de Domingos Lobo - Lisboa 2001 - Raro;






Angola & Literatura - Uma ficção parapolicial, como o classifica o autor, cuja trama se desenrola pela Lisboa boémia, e cujos protagonistas são de uma multiplicidade de raças, usos, costumes e opções políticas e sexuais, entre as avenidas da capital portuguesa e as pedras oriundas do interior angolano… 


‘AS MÁSCARAS SOBRE O FOGO’ 
De Domingos Lobo 
Edição VEGA 
Lisboa 2001 


Livro com 168 páginas e em muito bom estado de conservação. Excelente. 
De muito difícil localização. 
Raro.


Da contracapa:
“ ‘AS MÁSCARAS SOBRE O FOGO’, incitando e confundindo sempre a ‘contraceiação’ (G. Steiner) do leitor, desenrola um caso de diamantes. O duro desejo dos diamantes provoca várias mortes, entre elas as de Nucha Monroe e Madame Iglesias, dois ‘transvaginaos’ da festa fria da prostituição lisboeta. 

O dualismo é o étimo e o princípio condutor do romance. Em ‘AS MÁSCARAS SOBRE O FOGO’ detecta-se uma osmose genética entre um marxismo apolíneo é uma sensualidade dionisíaca - a assinatura romanesca de Domingos Lobo -, firma-se uma oposição espacial (e ideológica) entre a Almirante Reis pobre e a Avenida de Roma e a linguagem é o tom casam seriedades de abismo com um paródico que manda as palavras para o recreio. A duplicatio expande-se ainda, e consolida-se, com protagonizaçáo dupla, MPLA//UNITA, brancos/pretos, ‘rafeiros’/burgueses, máscaras/rostos, frenética ps toilettes de travestis/seus perigalhos e corpos ‘a decompor-se em gordura, sem viço’, etc. 

Com o fecho da história, surpreendente como um travesti de barbas, o leitor guardará para sempre o olhar das palavras de Domingos Lobo sobre a ‘rançosa’ Almirante Reis (Intendente, Rua da Palma, Sopa dos Pobres), com montras do plioceno e ‘bares besuntas’, e a sua outra humanidade: pegas peganhentas, chulos nervosos, travestis eléctricos, monhés agiotas’, pretos perdidos, ‘crioulos pasmados’, ‘passadores de pó marado’, ‘capelistas cansados’, grandes vadios e patines menores.

Lisboa, em Domingos Lobo, encontrou um novo grande (d)escritor.“ 
Rui de Azevedo Teixeira 


O Autor: 
“DOMINGOS LOBO 
Andei pelos liceus de Lisboa, rebeldia mansa dos anos 1960; pelos corredores das Faculdades de Direito (meu remorso de um semestre), de Letras; pelas salas austeras do Conservatório Nacional a ouvir dos professores, sobre Teatro, o que já havia esquecido e não me interessava – queríamos os interditos: Brecht, Grotovsky, Artaud, Piscator; um mestrado em Administração e Economia Cultural, que utilizei pouco.
Fiz teatro radiofónico e jornalismo em jornais angolanos ao tempo colonial, depois, como freelancer para cumprir os dias e resgatar uns trocos para livros, filmes, viagens.
Meteram-me, à má fila, no negreiro Vera Cruz, rumo às terras angolanas do Cuando-Cubango. Era a guerra e eu, distraído, bebendo a propaganda salazarenta até à imbecilidade, acordei em sobressalto numa noite de bazucas e kalachnikovs, de costureirinhas trespassando os pássaros da noite, frémitos e perplexidade. Chana e capim a perder de vista. Escrevi um livro sobre o tema que anda por aí em estudos académicos, pelas histórias da literatura de guerra e em 2 edições catitas: ‘Os Navios Negreiros Não Sobem o Cuando’. Foi a estreia nestas coisas de escreviver. Outros 4 romances se lhe seguiram, mais 3 livros de contos; 5 de poesia; peças de teatro; ensaio, antologias.
Fundei com outros companheiros e dirigi três grupos de Teatro: ‘GATO – Grupo de Acção Teatral de Oeiras’; ‘Grupo de Animação Teatral de Salvaterra de Magos’ e ‘SOBRETÁBUAS - Grupo de Teatro de Benavente’; encenei uma vintena de peças, com Tchekov, Strindberg e Santareno como referências pendulares desse labor; chefe de redação do Jornal do Vale do Tejo. Fui programador cultural na Câmara Municipal de Benavente; autarca em Salvaterra de Magos, durante 32 anos (tenho por lá uma rua com o meu nome, o que me sossega de vã eternidade); Presidente do Conselho Fiscal da APE, desde 2000.
Participei na II Bienal de Silves, onde proferi a "lição de sapiência" sobre a obra de Urbano Tavares Rodrigues, e na III Bienal, dedicada à obra de Pedro Tamen; em 3 edições dos ENCONTROS LUSÓFONOS, organizados pela CM de Odivelas; na ESCRITARIA/Penafiel, em 2008, ano em que o evento foi dedicado a Urbano Tavares Rodrigues e em 2013, ano de homenagem a Mário de Carvalho e no III Encontro Internacional de Poetas (Ponta Delgada/2019).
Tenho colaboração crítica e ensaística dispersa por várias publicações: Jornal do Brasil, Vértice, As Artes Entre as Letras, Revista Alentejo, O Escritor, Foro das Letras, Seara Nova, Revista Cultura, EntreLetras, Nova Síntese (da Associação Promotora do Museu do Neo-realismo), Avante! e Gazeta Literária. Dou aulas em Universidades de 3.ª. idade; tenho 22 livros publicados e outros em gestação; vários prémios literários e medalhas para polir o ego.
Ainda não estou cansado.“ 


OBRAS DO AUTOR: 
Ficção 
- ‘Os Navios Negreiros Não Sobem o Cuando’ - Edição VEGA 1993; 
Prémio Literário ‘Cidade de Torres Vedras’
- ‘Pés Nus na Água Fria’ - Edição VEGA 1997; 
- ‘As Máscaras sobre o Fogo’ - Edição VEGA 2001; 
Poesia 
- ‘Voos de Pássaros Cegos’ - Edição VEGA 2000; 
- ‘Viola Delta’, 1, 14 e 15 - Livros colectivos, Edições MIC; 
- ‘Poetas Nossos’ - recolha, prefácio e notas, edição Câmara Municipal de Benavente; 
Antologia 
- ‘Experiência de Liberdade’ - Edições Diabril; 
Teatro 
- ‘Pensa Enquanto Tens Cabeça’ - Representada pelo GATO - Teatro ‘A Comuna’, 1978; 
- ‘Vida e Morte de um Português Mal Comportado’ - Representada pelo GATO - Teatro ‘A Comuna’, 1980; 
- ‘Um Violino na Lama’ - Peça sobre José Gomes Ferreira, representada pelo GATSM, Salvaterra de Magos, 1992; 
Em preparação: 
- ‘Correspondência Violável’ - notas de leitura; 
- ‘As Lágrimas dos Vivos’ - Contos; 
- ‘Quando os Medos Ardem’ - Teatro; 



Do ÍNDICE: 

Dedicatória 
ABERTURA 

1. Brinquinhos desperta intranquilo 
2. Os matutinos estragaram os dias 
3. Brinquinhos contrata e detective Rafael 
4. Brinquinhos descobre poiso da visitante misteriosa 
5. Aparece outro travesti morto 
6. Brinquinhos torna-se, informalmente, ajudante de detective 
7. A baixota e a fuga misteriosa 
8. Brinquinhos volta ao engate 
9. A boazona contrata o detective 
10. Brinquinhos é, de novo, atacado pelo mutante 
11. O detective cola pedaços do espólio do Nucha 
12. O perfurador de Brinquinhos volta ao ataque e vai de cana 
13. Uma nova cliente entra em cena 
14. A baixota baralha, dá de novo e perde trunfos 
15. Brinquinhos regressa às lides 
16. O regresso à Pensão 
17. Alfredo e os diamantes 
18. Brinquinhos salva Landis 
19. Tudo está bem quando acaba 


Preço: 32,50€; 

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