Portugal - Uma obra muito polémica, como polémica foi sempre a autora, Vera Lagoa, aliás, Maria Armanda Falcão, filha de um oficial do exército oposicionista de Salazar e do Estado Novo, casada com o posteriormente líder do MDP/CDE, José Manuel Tengarrinha, e após o 25 de Abril uma adversária da extrema esquerda revolucionária
‘BISBILHOTICES’
De Vera Lagoa
Prefácio de António Valdemar
Editorial Íbis L.da
Amadora 1968
Livro com 162 páginas e em muito bom estado de conservação. Excelente.
De muito difícil localização.
MUITO RARO.
Obra da autoria de Vera Lagoa (pseudónimo de Maria Armanda Falcão), defensora dos direitos da mulher e opositora à ditadura do Estado Novo; cronista de grande destaque, foi a primeira mulher locutora da televisão portuguesa.
Da INTRODUÇÃO:
“Vera Lagoa, pseudónimo da mulher-senhora de madeixa branca, um cabelo asa de corvo, aliás Maria Armanda Falcão, é um caso singular na Imprensa portuguesa. Com regularidade bi-semanal, o seu acto de crónica arrasta, mais ou menos conspìcuamente, milhares de leitores a folhear o jornal em busca do-que-dirá-hoje.
Vera Lagoa, a colunista que não é jornalista possui o instinto, a sensibilidade e oportunismo do grande profissional. E como tal se impôs. A ironia, o recorte, o apontamento caricato, a censura às vezes um poucochinho amarga das suas crónicas é o relato duma época, vive a atmosfera das coisas superficiais, das coisas que fazemos à mão esquerda com a direita a ver, das coisas sem importância. Sem importância? O filósofo chinês disse: ‘As coisas verdadeiramente importantes são aquelas a que os outros não dão importância nenhuma’. E Vera Lagoa soube dar-lhes esse destaque, fazendo surgir, na colectânea simples, talvez fragmentada, de dois anos de colaboração no ‘Diário Popular’, a história viva da sociedade mundana e da ‘inteligentzia’ da Capital.
O risco era grande, o título da coluna podia marcá-la como vulgar ‘bisbilhoteira’, criar inimizades, provocar certos mal-estares. Em contrapartida, muito mulher, muito cronista, Vera Lagoa conquistou uma audiência de cépticos e até os malferidos pelas indiscrições sofrem e agradam-se com as suas referências.”
Do PREFÁCIO:
“Vera Lagoa cronista de Lisboa da segunda metade do século vinte, hoje e amanhã, será encarada como profissional de morgue. Tem o bisturi sempre afiado para se debruçar sobre a mesa anatómica. Mais tarde estas páginas servirão para fazer arqueologia social. Reconstituir o que fomos, na pálida, morna e quieta sociedade portuguesa. Se à vezes carrega no rimel e aparece com um vestido estranho e dá uma gargalhada mais estridente, eu sei, tu sabes, todos nós sabemos, ao fim de contas, que havia, talvez, muita pressa ou muita vontade de esconder um sofrimento pertinaz e dilacerante.
Mas vai conseguindo - conforme pode e conforme a autorizam - nesta terra do Vossa Excelência e do chapéu à banqueiro, do cozido à portuguesa e dos sermões do Padre António Vieira; do bacalhau com todos e da historiografia alcobacense de Frei Bernardo de Brito, uma coisa rara e difícil: escrever numa prosa em que não se sente o peso das palavras, construir as frases como quem fala, como quem vive, como quem morre.
Com interesse tanto pela qualidade das crónicas como pelo seu conteúdo, que fazem deste livro, um importante documento para o estudo e conhecimento da sociedade Portuguesa na Década de 60 do Século XX.”
Por António Valdemar
SINOPSE:
"...O meu último dia corria pelo melhor. Mas ansiava pela noite. Para voltar à Ribeira. Para voltar à Sé. Para voltar ao rio. E voltei.
Ao chegar, dei com uma tela de Van Gogh. Tive imediatamente esta ideia. Mas já não era minha. Alguém a tivera e escrevera primeiro. E era mesmo uma tela de Van Gogh. Os amarelos que se espalhavam pela água eram os amarelos dos seus quadros. Alastrados, largos, brilhantes. A água era um espelho negro. À beira daquela água caminhei enquanto a encontrei. Depois, meti-me pelo Porto antigo. Por aquele Porto desconhecido, aquele que só nesta viagem conheci..."
Preço: 0,00€; (Indisponível)
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