terça-feira, 15 de novembro de 2016

Angola - 'NOTAS VÁRIAS', de João Charulla de Azevedo (Edição NOTICIA - Luanda 1968) - MUITO RARO


 


Angola - A homenagem devida ao fundador e director da revista NOTICIA


'NOTAS VÁRIAS'
De João Charulla de Azevedo
Edição NOTICIA
Luanda 1968


Livro com 224 páginas e em muito bom estado de conservação.
De muito, muito difícil localização.
MUITO, MUITO RARO.


Após o falecimento repentino de Charulla de Azevedo, a sua empresa quis prestar esta homenagem, editado as suas crónicas publicadas naquele semanário.

Jornalista dinâmico e acutilante, deixou uma quantidade enorme de crónicas sobre as mais variadas temáticas que afligiram Angola e as suas populações. Com extraordinária vivacidade e sentido de oportunidade.

Um livro que faz parte da história recente de Angola.


Do ÍNDICE:

- Propósito;
- Tenhamos a coragem de os mandar á fava;
- Notas do dia;
- Crónicas;
- Notas de reportagem;
- Notas várias;



" - 'O COMBATE DA CATUTA - JULHO, 1961'

Saí de Luanda na madrugada de quarta-feira. Caçadores de Aveiro, aquartelados no RIL, preparavam, aos primeiros alvores, a coluna em que seguimos vários jornalistas, para destino ignorado. A disposição era excelente. As viaturas testemunhavam-no, através das inscrições a giz: 'vinho novo' no chapeado do atrelado da água; 'Ementa: sopa de bolinhas; a segunda está em estudo; a terceira vem no ano 2.000', podia ler-se na cozinha rolante: 'Homens maus', 'esticadinho', 'falcão', 'os cantinflas' - cada jeep, cada carro levava um nome.

Os 'especiais de Aveiro são da tropa melhor que está em Angola. Da mais brava e da que mais fama criou. Primeiro em Malanje, depois por todo o Norte, acumularam estes moços razões de orgulho. Agora destinava-se-lhes missão por certo importante, pois que os chamados haviam sido eles.

A cidade acordava quando passamos a caminho do asfalto do Cacuaco. A coluna era envolvida pelo carinho dos que já circulavam nas ruas. E, das janelas, debruçavam-se mulheres acenando, com calor, votos de felicidades.

Depressa se atingiu o Caxito. E, na bifurcação a seguir, soubemos que o rumo era o Úcua.

Pó de cortar à faca, durante sessenta quilómetros. Depressa esfria a animação geral, que ninguém resiste ao desgaste destas estradas. Matagal extenso e cerrado de ambos os lados: uma presença constante que, quando enfrentada fisicamente, fornece ao espírito a dimensão real da tarefa que as circunstâncias exigem aos que combatem no Norte.

Soubemos no Úcua que se registara, na véspera, um ataque aos bailundos que trabalhavam próximo, na fazenda da Quibaba, oito quilómetros adiante. Prisioneiros feitos na altura informavam que apenas seria poupada a fazenda do Vale do Louma, porque se destinava ao ´'presidente da república'. Mais importante que essa baforada de ridículo, mais importante e mais inquietante era – e é – a certeza de que, desde há uma semana, o eixo dos acontecimentos se deslocou e que a parte que resta da organização terrorista procura fixar-se na área do Úcua. Não se escoariam quarenta e oito horas sem que eu tivesse uma prova terrível de que é assim: da linha do horizonte emerge o recorte cónico e … "



Preço: 47,50€; 

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