quarta-feira, 31 de agosto de 2016
Angola - UNITA & Guerra Civil - 'ANGOLA - ONDE OS GUERREIROS NÃO DORMEM', de Urbano Chassanha - Lisboa 2000 - MUITO RARO
Angola - UNITA & Guerra Civil - Um general branco nas fileiras da guerrilha liderada por Savimbi relata a resistência e a guerra civil
'ANGOLA - ONDE OS GUERREIROS NÃO DORMEM'
De Urbano Chassanha
Editora QUOD
Lisboa 2000
Livro com 212 páginas, muito ilustrado e em muito bom estado de conservação.
De muito, muito difícil localização.
MUITO RARO.
Da Dedicatória:
"Dedico este livro à memória do meu grande e velho amigo Felizberto Salvador Ramos, um algarvio, como queria que lhe chamassem, e que conhecia Angola e o pensar dos seus povos como poucos angolanos. Encorajou-me sempre a prosseguir com os meus ideais, fossem quais fossem as dificuldades. Dizia amiúde que o valor de um homem se media pela consequência e persistência com que defendia os seus ideais perante as contrariedades. Velho amigo, este livro é a prova que continuo firme nos meus propósitos. As dificuldades são enormes mas sigo em frente. Até um dia destes!...
Dedico-o também à memória dos milhares de angolanos que pereceram e continuam a perecer no conflito angolano e dos quais ninguém conhece sequer a sua última morada.
Dedico-o ainda a Wong Wei Sam, meu amigo das horas difíceis e meu mestre em arte de guerra e sobrevivência. Além do nome, o que sei dele é tão pouco que nem me permite procurar a sua família e mostrar-lhe a sua sepultura. Sei que era moçambicano de origem ch inesa, sei que trabalhava na Companhia Mineira do Lobito, em Jamba Mineira, na Província da Huíla, e nada mais. Conheci mais do seu carácter do que da sua identidade. Corajoso como nunca vi ninguém, viu-se envolvido num fogo cruzado de uma guerra que não lhe pertencia apenas para sobreviver. Nem isso ele conseguiu!..."
Da Introdução:
"Numa metáfora deveras curiosa, um colega meu comparava Angola a uma noite e filosofava assim: 'Os militares não dormem, os políticos não acordam e por isso mesmo o povo não pode sonhar'.
Não me considero dono da verdade absoluta nem penso que alguém possa ter esse tipo de pretensão. Decidi escrever este livro apenas com o objectivo de proporcionar à opinião pública uma outra visão da problemática angolana porque vivi vinte longos anos do outro lado da barricada, com a UNITA. A 5 de Dezembro de 1995, segui para Luanda como Chefe Adjunto da Delegação da UNITA à Comissão Conjunta, órgão reitor da implementação do Protocolo de Lusaka, tendo posteriormente, ao abrigo dos mesmos Acordos, tomado posse como Deputado à Assembleia Nacional, a 7 de Maio de 1997.
Por experiência pessoal, fiquei com a certeza de que os historiadores — e não coloco em causa a sua idoneidade nem tão- -pouco a sua honestidade — escrevem a história da forma que a sentiram, dependendo sempre do ponto onde se encontravam, deste ou daquele lado da trincheira. Acrescente-se a isso ainda o facto de haver simpatias pessoais que, num determinado momento, podem influenciar a maneira de pensar, tentando compreender os fundamentos de uma das partes em detrimento da razão que a parte adversa possa ter. Trata-se indiscutivelmente de um ponto de vista meramente pessoal.
Quando eu era comandante de unidades militares, costumava fazer depois dos combates aquilo que designava dinâmica operacional. Na presença de todos os soldados, encorajava cada um dos participantes a descrever o combate como forma de corrigirmos o que nos correra mal. A primeira vez que o fiz fiquei bastante surpreendido porque, embora estivéssemos a falar do mesmo combate, estava a ser colocado perante duzentos ou trezentos combates completamente diferentes... As diferenças chegavam mesmo a ser impressionantes. Salvo raras excepções, apenas a data e o nome do local onde o combate se efectuara coincidiam. No restante tudo diferia.
Ora se o relato difere substancialmente num simples pormenor que é uma batalha numa guerra, imaginemos quanto será abismal a diferença de pontos de vista quando tivermos de falar sobre a história de um país.
(...)
Angola, como um todo, terá imensas vantagens em negociar com quem lhe aprouver, fazendo respeitar o princípio de reciprocidade de vantagens. Cuidemos pois rapidamente da nossa «politiquice», encontrando soluções para que a paz que tarda tanto a chegar passe a ser uma constante e partamos confiantes para o desenvolvimento e progresso social.
Quando estudamos história, ressaltam imediatamente duas questões fundamentais : as causas e as consequências. Falaremos das causas."
Da contra-capa:
"Passar da arte da guerra para a arte da escrita não é tarefa totalmente incomum. ambas exigem um esforço interior elevado, um sentido de exposição pessoal cuidado. ambas encontram no sentido da conquista do outro...
É o que António Manuel Urbano fez. Transitou da arte da guerra para a arte da escrita. Para quem o conhece não deixou de ser um passo natural, contador de estórias exímio que é, tal qual exímio guerrilheiro...
O 'Chassanha'... guerrilheiro da UNITA, uma lenda em Angola, é António Manuel Urbano também.
Foi na UNITA simples instrutor militar, comandante de guerrilha, comandante de companhia, de batalhão, de Brigada das Forças Estratégicas e Chefe do Departamento de Estudos, Pesquisa e análise do Estado-Maior das FALA. Organizou o Departamento de Feridos de Guerra, acompanhou todas as fases da guerra civil em Angola e, no pós-crise resultante da fraude eleitoral chefiou a Repartição de Operações do E.M.G. das FALA. Conheci-o em 1992 no Huambo. (...) Foi eleito deputado pelo círculo Provincial do Huambo. Participou na última fase dos 'Acordos de Lusaka'.
Foi Chefe-Adjunto da Delegação da UNITA à Comissão Conjunta, órgão reitor da aplicação do 'Protocolo de Lusaka'.
'Chassanha', o general e deputado, foi também Primeiro Secretário do Grupo Parlamentar da UNITA, cargo que abandonou com o reacender de uma terceira guerra civil, pedindo suspensão do seu mandato.
Jofre Justino"
Do ÍNDICE:
Dedicatória;
Introdução;
— Causas:
1. — Exclusão;
2. — Tribalismo;
3. — Racismo;
4. — Religião;
— Acordos de Alvor;
— Consequências do Acordo de Alvor:
1. — Resistência
— Acordos de Paz de Bicesse;
— Consequências dos Acordos de Bicesse;
— Acordos de Lusaka:
1. — Violações do Governo;
2. — Violações da UNITA;
— O retorno à guerra;
— Operação restauro;
— O regresso à guerra de guerrilha;
— O futuro;
Conclusão
Anexo I
— Plano Estratégico de Implosão da UNITA Militarista (Segredo de Estado)
Anexo II
— Cronograma de acções para a conclusão dos Acordos de Lusaka (Confidencial).
Preço: 75,00€
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