Guiné & Guerra colonial - Um biografia dos Comandos Africanos, da sua bravura ao abandono e perseguição
'GUINEENSE, COMANDO, PORTUGUÊS (Comandos Africanos 1964-1974)'
De Amadu Bailo Djaló
Edição ACMDS
Lisboa 2010
Livro com 302 páginas, muito ilustrado e em muito bom estado de conservação. Novo. Excelente.
De muito, muito difícil localização.
MUITO, MUITO RARO.
Este é sem dúvidas um livro de grande importância histórica para a compreensão da guerra colonial em geral, do conflito registado na Guiné e em particular, muito particular, do drama que constituiu o sofrimento dos Comandos Africanos, negros originários desta antiga colónia portuguesa que optaram por lutar e defender a bandeira portuguesa, contra a guerrilha do PAIGC, que tomaria o poder em finais de 1974, quando o MFA e o governo de Lisboa ordenou a descolonização e o abandono destes milhares de homens e das suas famílias. A maioria seria detida pelo governo de Luís Cabral e depois de torturados, abatidos a sangue frio sem qualquer julgamento ou processo. Uns quantos sobreviveram e Amadu Bailo Djaló conta-nos a sua história e dos seus camaradas de armas.
Um grande documento histórico sobre esta temática.
Da badana:
"AMADU BAILO DJALÓ
Em 1964, ingressou nos Comandos do CTIG e fez parte de um dos primeiros grupos então formados em Brá, perto de Bissau.
Numas das primeiras acções com os 'Fantasmas', viveu no pontão do rio Cobige, na estrada entre Masina do Boé e Contabane, um dos episódios mais dramáticos desses anos.
No prícipio de uma tarde dos finais de Novembro de 1964, uma mina anti-carro reduziu o grupo quase a metade. Dias depois, foi um dos doze homens do mesmo grupo que se pro pôs atravessar o Oio, de Cutia a Bissorã. Caminhavam de noite, emboscavam-se durante o dia.
Na última operação do grupo, em Catunco, na zona de Cameconde foi um dos nove feridos pelos estilhaços de uma granada de rocket que apenas deixou incólume um elemento do grupo. Na altura, os recursos de evacuação eram ainda muito limitados e tiveram de se deslocar pelos próprios meios, cerca de quatro quilómetros, arrastando-se e trazendo o camarada morto numa padiola improvisada.
Com a extinção do grupo regressou à unidade origem, a CCS do QG e teve sorte: foi aumentado 150 escudos mensais por ter a especialidade de condutor.
Mas não usufruiu muitos meses desse aumento. Regressou aos Comandos, para outro grupo recém-formado e voltou a Catunco, para 'bater à porta' do acampamento de Pansau na Isna e, desta vez, foi melhor sucedido., depois, seguiram-se, entre outras, operações em Jabadá, Cuntima e Bigene.
Acabados os Comandos do CTIG, recolheu novamente à CCS do QG e dali seguiu para Bafatá, a sua cidade natal.
A Guiné mudou de Governador e de políticas. Criados os Comandos Africanos, ingressou na companhia comandada pelo amigo e capitão graduado João Bacar Jaló, então um nome mítico da guerra. Fardou-se e equipou-se de guerrilheiro do PAIGC e desembarcou em Conackry para ajudar a libertar os prisioneiros portugueses que lá se encontravam. Depois foi a formação do Batalhão de Comandos da Guiné, a ida ao Senegal, a Cumbamori, para uma acção destinada a aliviar a pressão a que os aquartelamentos e povoações fronteiriças de Guidage, Binta e Bigene estavam submetidas. São os anos todos da guerra de 1962 até ao fim.
Em 25 de Abril de 1974 andava atrás da guerrilha, na zona de Piche, quando teve conhecimento pelo rádio de um milícia que tinha havido um golpe militar em Lisboa.
Depois, aquela guerra acabou, e começou outra, a luta pela sobrevivência na Guiné-Bissau. Preso mais que uma vez, foi escapando sempre até que, em 1986, veio para Lisboa."
Da contra-capa:
"Amadu Bailo Djaló
'GUINEENSE, COMANDO, PORTUGUÊS
Este é um relato de acontecimentos dos anos da guerra em vários locais da Guiné vistos pelos olhos e pela memória de Amadu Bailo Djaló. São descrições de caminhadas em trilhos e carreiros, de travessias de lalas, ribeiros e bolanhas, de galos e javalis a servirem de guias, de combates travados.
Amadu Bailo Djaló é um dos raros sobreviventes que pode falar de todos os anos que durou o conflito.
Incorporado em 1962, percorreu todo o território onde se combatia na então Província Portuguesa. Fula-fula, natural de Bafatá, sobrinho-neto de Alfá lá lá, Amadú combateu no Exército Português, ao lado de milhares de guineenses."
Do ÍNDICE:
- INTRODUÇÃO;
- Os primeiros anos da minha vida;
- Audiência do Governador-Geral da Guiné, em Bafatá;
- Canjura Drame, meu tio-avô;
- A minha incorporação em 1962;
- Recruta em Bolama;
- Preto é como tartaruga;
- Na 4.ª CCaç., em Bedanda;
- Mutma, prisioneiro em Cacine;
- Condutor nunca mais;
- Patrulhas em Bedanda;
- Férias em Bafatá;
- Sem saudades de Bedanda;
- Farim;
- Uma coluna, de Farim a Susana;
- A tabanca de Bricama;
- Ataques a Farim;
- Com o BCav. 490 em Farim;
- Emboscadas entre Farim e Cuntima;
- COMANDOS de Saraiva, que é isso?;
- Madina do Boé, para não esquecer;
- No Oio;
- Com uma noiva no barco;
- Oio, sempre o Oio;
- A luta por Canjambari;
- O alerta dos javalis;
- O mau adeus à guerra dos 'Fantasmas';
- De volta à CCS do QG;
- Em Catunco, com o galo a servir de guia;
- Na estreia dos helis, em Jabadá;
- Tiros e gargalhadas;
- Em Bigene, a última saída;
- Bafatá, finalmente;
- Nos COMANDOS Africanos;
- Em Fá Mandinga;
- As previsões de Mamadu Candé;
- Para Conackry;
- Fá Mandinga nas bocas do mundo;
- A morte de João Bacra Jaló;
- Atacados como se fôssemos o PAIGC;
- Instrução no Galo Corubal;
- A guerra pela população;
- Com a farda do PAIGC e um 'português suave' na boca;
- Uma noite nos cajueiros em Morés;
- Morés, Morés;
- Na Cobiana e no Boé;
- Um sonho em Gandembel;
- Tocou tambor para Bubacar;
- Na mata de Cobiana, em Outubro de 1972;
- Um Centro de Instrução de COMANDOS nas barbas do Morés;
- O Batalhão de COMANDOS, em Cumbamori, Senegal;
- Na CCaç. 21, em Bombadinca;
- Braima Djaló, meu irmão;
- Dois alferes à briga em Canquelifá;
- No rasto do PAIGC, a última saída;
- Depois do 25 de Abril, outros encontros;
- Antes procuravam-me, agoras evitam-me;
- ANEXOS.
I. - Algumas notas sobre o Amadu Bailo Djaló.
II. - COMANDOS AFRICANOS: Breve cronologia.
III. - 1.ª Companhia de COMANDOS AFRICANOS.
IV. - BATALHÃO DE COMANDOS DA GUINÉ: Comandantes.
V. - Honra aos COMANDOS AFRICANOS: Louvor do General António de Spínola em 6 de Janeiro de 1972.
VI.- Os meus companheiros do BATALHÃO DE COMANDOS, que morreram em combate, acidentes ou por doença.
VII. - Excerto do Relatório da operação 'SAFIRA SOLITÁRIA'.
VIII. - Operações do Grupo de COMANDOS 'Fantasmas'.
IX. - Operações do Grupo de COMANDOS 'Centuriões'.
X. - Actividades da 1.ª Companhia de COMANDOS AFRICANOS.
Preço: 77,50€;