terça-feira, 1 de outubro de 2024

Guiné-Bissau - Antropologia & Literatura - ‘UANÁ - Narrativa Africana’, de João Ferreira - São Paulo 1986 - MUITO RARO;





Guiné-Bissau - Antropologia & Literatura - O autor analisa os guineenses enquanto povo com história, usos e costumes e a sua resistência ao colonialismo português entre o misticismo e a guerrilha iniciada em 1964


‘UANÁ - Narrativa Africana’ 
De João Ferreira 
Edição Global Editora / Pró-memória Instituto Nacional do Livro 
São Paulo 1986 


Livro com 152 páginas e em muito bom estado de conservação. Excelente. 
De muito difícil localização. 
MUITO RARO.


Da contracapa: 
“Este livro foi editado em regime de co-Edição com o Instituto Nacional do Livro e passará a integrar os acervos de todas as bibliotecas públicas, estaduais e municipais, que recebem do INL assistência técnica e bibliográfica por efeito de convénios por ele firmados com Prefeituras Municipais e Secretarias de Estado em todo o território nacional.“ 


Da badana: 
“UANÁ, herói de um povo que se libertou 

Na presente narrativa - pois foi esse o modo que João Ferreira preferiu chamar este canto de amor à terra; ou romance, no sentido etimológico da palavra, há duas linhas de rico colorido bem distintas: a do substrato narrativo, quer dizer, sua matéria-prima, e a da linguagem em que tal mundo materializou-se. Ocorre que, sem se perder jamais, ou sem que a percamos jamais de vista, a matéria-prima de UANÁ mergulha-se tão fundo no mundo mítico que o futuro pode ser lido não nos astros ou nas cartas do tarô, mas nas entranhas de robusto galo macho, cujos órgãos, embranquiçados, haveriam de revelar com exactidão o local de erguimento da casa (‘A gente não esquece o chão onde nasceu’ ou ‘O Manjaco que emigra da ilha sente profundamente o espinho da saudade’). 

O leitor, no entanto, não estará diante das páginas largas do autor neo-romântico. A linguagem de João Ferreira, ao contrário, espraia-se pelo neo-naturalismo, aproveita-lhe tutano e osso, constrói-se a partir das cores locais (E como é colorida a Guiné-Bissau após a independência!), mimetiza o habitat das figuras que o povoam. Aqui, a linguagem torna-se clássica, pois que se filia ao melhor da linguagem da modernidade: Verga, Faulkner, João Guimarães Rosa. É por esse motivo que João Ferreira reconstrói a natureza guineense com mão inspirada, cujo modo de espalhar as cores às vezes lembra o de um grande pintor como Whistler: 
‘Eu me lembro daquela tarde em que uma alma-de-beafada colocou diante de meus olhos toda a descarga de um presságio. Seu corpo negro. Remates encarados em torno dos olhos e do bico. Sua figura soturna, aparentando ao jagodi dos cadáveres. Ao mesmo tempo, uma atmosfera nascendo no ar e mudando toda a fisionomia das coisas. O palmar sonorizava já como orquestra procurando o acorde inicial. Era o tornado que se preparava. E, com ele, se anunciava a precipitação das primeiras chuvas. (/) Um bucolismo trágico fizera sentir à gurizada pastoril o sentido daquela hora. Tal como Indra, parecia uma hora de olhos pluviais e de mil ouvidos para perceber a sutileza do movimento inicial. (…) O nervosismo do gado. Um incipiente torvelinho na folhagem das árvores. (…) Um cheiro de terra arremessada pelo vento rodopiante. Um crescendo de vento viril, agitador e violento, ciclónico. Toda a terra e todos os elementos telúricos em rodopio, principalmente as árvores, móveis e flexíveis. Uma comoção trágica. O silvo do vento. Troncos contorcendo-se. Pios de aves desprotegidas. E nas tabancas e na cidade, a fuga para o abrigo seguro.’ 

É neste mundo primitivo que brotou UANÁ (‘Na França, o nome de UANÁ era citado ao lado de Amílcar Cabral como lídimo inspirador do idealismo da independência.’). E ele brotou da terra para que a Guiné existisse (‘A Guiné existia. Porque existia UANÁ. Existia a biografia de UANÁ. Nele se projetava uma Guiné-Bissau, com ideais, vivências, lutas e valores.’). 

Que o leitor se encante com a narrativa de UANÅ, é este o nosso maior desejo!
Luís Roberto Benati 


O Autor: 
“JOÃO FERREIRA 
Nascido em Portugal, em 1927, João Ferreira vive em Brasília, DF, desde que chegou ao Brasil em 1968. Professor universitário, ensaísta, poeta e escritor, passou o período de 1963 a 1965 na Guiné-Bissau, antiga Guiné Portuguesa, estadia essa que lhe forneceu a matéria-prima e a base emotiva de vários poemas africanos e também para a narrativa que ora se edita. A par de ser a primeira experiência ficcional do Autor, ‘UANÁ’ pode ser considerado tanto ficção memorial quanto romance histórico face à profusão de elementos vivos da história recente da Guiné-Bissau. 
João Ferreira publicou ensaios, entre outros, sobre os portugueses Miguel Torga, Fernando Pessoa, Eça de Queiroz, e os brasileiros João Guimarães Rosa e Manuel Bandeira.
Editado pelo Centro Cultural Português de Paris, seu mais recente trabalho intitula-se ‘O Traço Moçambicano na Narrativa de Luís Bernardo Honwana’.“ 



Do ÍNDICE: 

PRÓLOGO 
1. 
2. 
3. 
4. 
5. 
6. 
7. 
8. 
9. 
10. 
11. 
12. 
13. 
14. 
15. 
16. 
17. 
18. 
19. 
EPÍLOGO 

Glossário 
POSFÁCIO 
O Autor - JOÃO FERREIRA 


Preço: 47,50€; 

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