Moçambique - História & Descolonização - A biografia do intelectual e nacionalista goês que teve um importante papel na estratégia, comunicação e propaganda dá FRELIMO desde o período da luta armada contra a administração colonial portuguesa e no após independência como conselheiro de Samora Machel, com quem acabou por morrer no acidente de aviação de Mbuzini
‘AQUINO DE BRAGANÇA - Batalhas ganhas, sonhos a continuar’
De Silvia Bragança
Edição Ndjira
Maputo 2009
Livro com 482 páginas, ilustrado e em muito bom estado de conservação. Excelente.
De muito difícil localização.
MUITO RARO.
SINOPSE
“ ‘AQUINO DE BRAGANÇA - Batalhas ganhas, sonhos a continuar’, de Silvia Bragança
Biografia intimista de uma das maiores vozes anticoloniais, responsáveis pela libertação de Moçambique. Obra organizada pela esposa, Sílvia Bragança, narra a trajetória pessoal, académica, profissional e política de Aquino de Bragança, desde a infância em Goa até ao seu papel na libertação de Moçambique, passando pelos estudos em França e jornalismo na Argélia.”
BIOGRAFIA
“AQUINO DE BRAGANÇA
Sociólogo e jornalista luso-moçambicano
Tomás Aquino Messias de Bragança (Bardez, Índia Portuguesa, 6 de abril de 1924 — Montes Libombos, 19 de outubro de 1986) foi um líder anticolonial, jornalista, diplomata e cientista social goês, radicado em Moçambique.
Ocupação
Jornalista, diplomata, político e cientista social
O seu trabalho de maior destaque foi como líder intelectual dos movimentos de descolonização, sendo um dos principais organizadores e articuladores da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas. Teve papel fundamental também, juntamente com Ruth First, no estabelecimento do ‘Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane’.
Biografia
Os pais de Aquino foram João Paulo Proença Bragança e Ana Carlota Praxetes Antónia do Rosário Sousa, ambos de Goa, na Índia Portuguesa. Aquino passou sua infância em Goa, onde realizou os seus estudos primários. Fez os estudos secundários no Liceu de Goa. Em 1945, ingressou no curso de engenharia química na Escola de Dharwad (atual Universidade de Karnatak), na então Índia britânica.
Desenvolvimento profissional e político
Em 1947, Aquino de Bragança rumou para Moçambique à procura de trabalho. Durante este tempo, ele vivenciou de perto os efeitos da política colonial portuguesa, facto que exerceu uma influência decisiva sobre ele durante o resto da sua vida.
Aquino de Bragança mudou-se para Portugal em 1948, onde mais tarde conheceu o médico Arménio Ferreira e o escritor Orlando da Costa, este de ascendência goesa, que colaboram muito na sua formação política; passou a estudar filosofia na Universidade de Lisboa, tendo frequentado os círculos académicos da Casa dos Estudantes do Império, e do primeiro Centro de Estudos Africanos (precursor de outras várias instituições de mesmo nome) e do Movimento Anticolonial (MAC).
Reorganização do PPG e fundação da CONCP
Em 1951, Aquino de Bragança foi para a França. Na Universidade de Grenoble estudou física, e na Universidade de Paris estudou matemática. Em ambos os lugares, conheceu estudantes que criticavam o poder colonizador de Portugal, incluindo Mário Pinto de Andrade, Frantz Fanon e Marcelino dos Santos. Desenvolvendo uma forte consciência política de cariz marxista, resgatou os ideais que havia partilhado com Costa, de que as colónias de Goa, Dadrá e Nagar-Aveli, Gogolá, Simbor, ilha de Angediva e Damão e Diu pudessem formar uma nação independente de Portugal.
Através dos vínculos com outros líderes anticoloniais, desenvolveu o grupo designado informalmente como aliança Paris-Casabranca-Argel, embrião da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP).
Em 1957, Aquino de Bragança emigrou para Marrocos, com o convite para ser professor de ciências no país. No país ele casou-se com a sua primeira esposa, Mariana. Ambos os filhos do casal, Radek, nascido em Settat a 30 de novembro de 1959, e Maya em Rabat a 1 de março de 1962, nasceram em Marrocos. A partir de então passou a desenvolver concomitantemente o trabalho de jornalista, escrevendo para a revista ‘Afrique-Asie’ fundada por Simon Malley, em Paris.
Com o consentimento do rei Maomé V de Marrocos, atuou como secretário do grupo editorial do jornal marroquino de base sindicalista ‘Al Istiklal’ e como secretário particular de Ben Barka, líder da oposição marroquina, que conheceu em Paris.
Quando o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), criaram em 1961 um escritório do CONCP em Rabate para coordenar o trabalho político do movimento de independência das colónias portuguesas, Aquino reorganizou, juntamente com o sindicalista e ativista George Vaz, o histórico Partido Popular de Goa (PPG), que viria coordenar brevemente a luta pela descolonização da Índia Portuguesa. A sua participação na primeira conferência geral da CONCP como líder do PPG, o levou a ser eleito secretário daquela organização guarda-chuva. A Invasão de Goa acaba por frustrar os seus planos de uma nação independente a partir das ex-colónias portuguesas na Índia, encerrando pouco depois as atividades do PPG.
Empenho com o jornalismo combativo
A família Bragança viveu até 1962 em Marrocos. No mesmo ano, eles mudaram-se para Argel na Argélia. Viveu modestamente durante este período, trabalhando como jornalista. No país, fundou o semanário ‘Révolution Africaine’ e escreveu para o jornal ‘El Moudjahid’.
Nesse momento, o governo de António de Oliveira Salazar tomou conhecimento das suas atividades políticas expedindo um mandado de prisão para a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), datada de 14 de março de 1962. Todas as suas atividades foram monitorizadas pela PIDE e registadas nos relatórios regulares.
Entre 3 a 8 de outubro de 1965, Aquino organiza, juntamente com Mário Pinto de Andrade (MPLA) e Amália Fonseca, a segunda conferência geral da CONCP em Dar-es-Salam, que marcou a eleição de Agostinho Neto como secretário-geral. Participou como autor e coautor junto com Pascoal Mucumbi e Edmundo Rocha dos documentos da conferência (por exemplo, A situação política em Portugal e Lutas de libertação nas colónias portuguesas).
Por recomendação de Simon Malley, assumiu, em 1969, a tarefa de comentador sobre as questões das colónias portuguesas desde 1969 para a revista ‘Africasia’, que mais tarde se tornou a revista ‘Afrique-Asie’. Juntamente com Immanuel Wallerstein e Melo Antunes, surgiu o trabalho de três volumes ‘QUEM É O INIMIGO ?’, tratando das questões-chave do colonialismo.
Dado o seu perfil combativo como jornalista na Argélia, Aquino de Bragança foi convidado a ser o fundador da Escola Argelense de Jornalismo, onde lecionou os cursos de sociologia do jornalismo. Nesse período serviu como conselheiro de Mário Pinto de Andrade, Ahmed Ben Bella, Amílcar Cabral, Samora Machel, Agostinho Neto e Eduardo Mondlane.
Filiação à FRELIMO e carreira diplomática
Após a Revolução dos Cravos em 1974, em Portugal, Aquino de Bragança decidiu intensificar o seu envolvimento em Moçambique, filiando-se a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Foi, portanto, comissionado por Samora Machel, em maio de 1974, com a missão de formar alianças diplomáticas em Portugal pela descolonização de Moçambique.
Isso levou a encontros com os ministros Ernesto Melo Antunes e António de Almeida Santos e aos primeiros contactos oficiais com Mário Soares, que havia conhecido anteriormente em Paris. Aquino de Bragança apresentou as primeiras conversações oficiais em nome da sua futura pátria de Moçambique com as novas forças políticas do antigo poder colonial, Portugal. Como resultado, desenvolveu intensos contactos de trabalho entre os dois lados, que foram em grande parte conduzidos por Vítor Crespo pelo lado português e por Joaquim Chissano e Aquino de Bragança pelo lado moçambicano. Em setembro de 1974, os representantes de ambos os lados se reuniram em Lusaca para novas negociações.
Conselheiro de Estado e professor da UEM
Após a independência de Moçambique e a vitória política da FRELIMO, Aquino de Bragança renunciou a uma possível pasta ministerial no governo de Samora Machel. Em vez disso, assumiu o cargo de conselheiro de Estado.
Fundou em 1975, o Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). No ano seguinte foi nomeado diretor da área de investigação da UEM. Os estudos estavam preocupados com as questões de desenvolvimento em Moçambique e a situação da vizinha Rodésia. A jornalista e socióloga sul-africana Ruth First assumiu o cargo de diretora de investigação da UEM em 1977, com a missão de reunir um grupo internacional de cientistas sociais que montariam os cursos de ciências sociais da universidade e reorganizariam Centro de Estudos Africanos, com First fazendo de Aquino o seu braço direito.
No assassinato de Ruth First em 1982, nas instalações da universidade pelo uso de uma carta-bomba de origem sul-africana, Aquino ficou gravemente ferido e First morreu instantaneamente por esse ataque.
O relacionamento de confiança estabelecido com Samora Machel deu-lhe um lugar especial na era pós-colonial em Moçambique. Dentro do governo, Aquino de Bragança recebeu a alcunha de ’submarino’, aparentemente por sua capacidade de trabalhar nos bastidores. Perguntado sobre o seu credo político, ele se descreveu como um ‘anti-anticomunista’.
Morte
Aquino de Bragança morreu a 19 de outubro de 1986 num acidente de avião Tupolev Tu-134 nos Montes Libombos, perto da fronteira entre Moçambique e a África do Sul. Com ele a bordo no avião, estava o presidente Samora Machel e outros trinta e três altos funcionários do país. As causas do acidente nunca foram claras. Antes da sua morte, Bragança trabalhou na preparação de um encontro entre o ministro sul-africano dos Negócios Estrangeiros, Pik Botha e Samora Machel, o que poderia resultar na redução dos conflitos entre os dois países.
Vida pessoal
Aquino de Bragança foi casado com Mariana Bragança. Deste casamento nasceram dois filhos: o menino Radek (30 de novembro de 1959) e a menina Maya (1 de março de 1962). A 23 de maio de 1979, a sua primeira esposa morreu depois de uma batalha contra o cancro. O seu segundo casamento, com a pintora e pedagoga Sílvia do Rosário da Silveira, ocorreu a 22 de setembro de 1984. Ambos se conheceram um ano antes em Lisboa.”
Da contracapa:
“… chega Samora Machel para o visitar. Quando o vê, Aquino ergue-se da maca, e exclama:
‘Samora! Não te esqueças que os boers também são africanos. Não podemos deitar os brancos ao oceano, eles não têm outra pátria. Eles têm de prender a viver com os negros.’
Faz esse apelo e desfalece!”
Bruno da Ponte, jornalista português
CarlosCardoso, jornalista moçambicano:
“Aquino é uma fogueira que regista e ilumina as caras dos homens e as suas vozes e as suas histórias e depois incendeia a floresta com o ardor dessas histórias e vozes e caras. É uma pessoa rara, de uma politiquice tão refinada que, mesmo uma sacanice dele não magoa. De vez em quando, os séculos parem Aquinos.”
In Fauvet, Paul e Mosse, Marcelo, ‘É Proibido Pôr Algemas nas Palavras’
Editorial Caminho, 2004
Da badana:
“A morte subjuga-nos comentários a tragédia de Mbuzini em 1986 onde, com o Presidente Samora Machel vêm a falecer mais 34 pessoas, entre as quais, o intelectual Aquino de Bragança, goês é Moçambicano por adopção, Director do Centro de Estudos Africanos de 1976 até à sua morte.
Em 2006 passaram-se 20 anos após o fatídico acontecimento.
Mas a força do amor através do transcendental, libertou o autora, permitindo imortalizar, através desta obra, o indivíduo que ela muito amou! Este livro só foi possível graças à generosidade e dedicação dos seus amigos que contribuíram com dados de um passado histórico comum que a sua memória e amizade registaram.
Pretende oferecer ao público a história de um homem, irmanara com a história de um país, que se tornou independente graças ao sacrifício de uma valorosa luta de muitos cidadãos nacionais e estrangeiros…“
A Autora:
“SILVIA BRAGANÇA nasceu em Goa, Sr. Estevão, em 1937. A sua vida decorre entre Goa, Moçambique e Portugal.
Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em 1963 tendo-se graduado em pintura em 1966. Ia seguir para a Índia, mas razões familiares conduziram-na a Moçambique onde esteve como professora do Ciclo Preparatório de 1967 a 1972 .
Em 1974 fez a licenciatura em pintura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Membro do International Society for Education Through Art - INSEA, tendo participado em Congressos e Publicações de especialidade.
Em 1984 casou-se com Aquino de Bragança e veio viver em Moçambique. Leccionou História de Arte no Curso de Formação de Professores na Universidade Eduardo Mondlane de 1989 a 1991.
De 1985 a 1999, dedicou-se à Educação e à pesquisa trabalhando no Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação - INDE e na Cultura onde tem produzido o mais diverso material. Está representada no Dicionário de Pintura Contemporânea e no WHO is WHO.
Fez a sua primeira exposição em Moçambique em 1971, tendo realizado mais de 12 individuais em Lourenço Marques, Beira, Luanda, Portugal, Maputo, Goa, etc. e mais de 50 colectivas em Moçambique, Portugal, Angola, Espanha, Roménia, Rússia, New York e Goa.
(…)
Na área literária publicou contos para crianças…’era uma vez as crianças que queriam a Paz’, son pseudónimo de Sunderlal Xacuntalá Bahuguna em 1992 é um livro de poesia ‘A quem a minha vida a vida deu?’ em 1998, em Maputo.“
Do ÍNDICE:
Nota da Autora
Agradecimentos
PREFÁCIO
Por Luís Filipe Pereira
Entrevistas, Depoimentos e Cartas
1. - AQUINO PESSOA E POLÍTICO
Recordado por amigos
Recordado por mim
Notas
2. - UM DESEJO. UM AMOR
Nascimento. Família. Infância. Juventude e amigos.
Passagem por Moçambique. Percurso posterior.
Entrevista a Mário de Andrade.
Notas
3. - UM SONHO… MUITOS AMIGOS !
Grenoble. Paris. Actividade que desenvolveu.
Personalidades com quem lidou: Marcelino dos Santos; Simon Malley; Mário de Andrade; Manohar Rau Sar Dessi; Paulo Jorge; Edmundo Rocha.
Notas
4. - UMA LUTA… UM IDEAL COMUM
Marrocos, o apoio do Rei Mohamed V e Hassan II à fundação da CONCP
O casamento com Mariana, os filhos.
Pessoas que conheceu
Notas
5. - A FORÇA DA REVOLUÇÃO… A PALAVRA
Argélia. Simon Malley, Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Eduardo Mondlane, Samora Machel
Notas
6. - UMA DINÂMICA… ENCONTROS EM PORTUGAL… A TRANSIÇÃO
Veiga Pereira, Almeida Santos, Melo Antunes, Vitor Crespo,
Mário Soares, Vitor Ramalho, Otelo Saraiva de Carvalho,
Joaquim Chissano, Óscar Monteiro, Luís Bernardo Honwana, Ricardo Rangel
Notas
7. - A LIBERDADE… O NOVO PAÍS… A CONSTRUÇÃO
Aquino em Maputo, ajudando a criar os
alicerces para a construção do novo país Moçambique
8. - UM ENCONTRO… NOVOS SONHOS
Recordações da minha (curta) vida com o Aquino: do início do namoro
até à sua viagem para a eternidade.
Visitas dos Presidentes
Notas
Preço: 77,50€;
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