Portugal - PREC & Ultramar - As ligações e dependência política e ideológicas de Álvaro Barreirinhas Cunhal, o ícone comunista português e líder do PCP durante três décadas (1961-1992).
‘ÁLVARO CUNHAL NO PAÍS DOS SOVIETES’
De Helena Matos (textos) e José Milhazes (legendas)
Edição Altheia
Lisboa 2013
Livro 68 páginas, muito ilustrado e em muito bom estado de conservação. Excelente.
De muito difícil localização.
Muito Raro.
Da contracapa:
“Álvaro Cunhal, no seu longo exílio soviético, viveu no ‘Sol da Terra’ como funcionário imperial respeitado, mas nem sempre ouvido. Entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975, adquiriu o estatuto de chefe de Estado e privou em amizade fraterna com os mais altos dirigentes do comunismo mundial, no coração do país dos sovietes. A pouco e pouco, vai sendo empurrado para as últimas filas das tribunas mas mantem sempre o estatuto do mais amigo comunista da Europa ocidental. É este o retrato que transparece das fotografias, inéditas na sua maioria, que compõem este livro.”
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BIOGRAFIA
“ÁLVARO BARREIRINHAS CUNHAL (Coimbra, 10 de Novembro de 1913 – Lisboa, 13 de Junho de 2005) foi um político e escritor português, conhecido por ser um opositor ao Estado Novo, e ter dedicado a vida ao ideal comunista e ao Partido Comunista Português (PCP). É descrito como uma das maiores personalidades políticas e intelectuais de Portugal do século XX, assim como do movimento comunista internacional.
Álvaro Cunhal
Secretário-Geral do Partido Comunista Português
Período - 31 de março de 1961 a 5 de dezembro de 1992
Antecessor - Bento António Gonçalves - Sucessor - Carlos Carvalhas
Ministro de Portugal
Período - I, II, III e IV Governos Provisórios - Ministro sem pasta
Deputado na Assembleia da República - Período - 1976, 1980, 1983, 1985
Dados pessoais
Alcunha - Duarte
Nascimento - 10 de novembro de 1913 - Coimbra, Portugal
Morte - 13 de junho de 2005 (91 anos) - Lisboa, Portugal
Cônjuge - Isaura Moreira (1 filha)
Partido - Partido Comunista Português
Profissão - Escritor, pintor, político
BIOGRAFIA
Juventude
Álvaro Cunhal nasceu em Coimbra a 10 de novembro de 1913, na freguesia da Sé Nova, e foi filho de Avelino da Costa Cunhal e Mercedes Simões Ferreira Barreirinhas. Quando se mudou para Seia, Álvaro tinha três anos. Tinha um irmão, António, e duas irmãs, Maria Mansueta e Maria Eugénia.
António José morreu aos 24 anos, em 1933, e Maria aos nove anos, em 1921, ambos de tuberculose, tendo António também sofrido de gangrena pulmonar. Cunhal, cujo padrinho fora António José, foi batizado em maio de 1919 na igreja matriz de Seia, onde viveu até o seu pai decidir mudar-se para Lisboa, na sequência da morte da sua filha. Maria Eugénia nasceu após esta mudança, em 1927. Mudaram-se para Lisboa em 1924, Rua Pinheiro Chagas, onde nasce Maria Eugénia, em 1927, e depois mudaram-se para uma casa maior em Benfica, na Avenida Grão Vasco, com António já muito enfermo. A contagiosidade da tuberculose, e a indispensabilidade de o ter por perto, enquanto haja espaço para continuar o trabalho artístico, estiveram na causa da mudança. Após a morte do irmão, Cunhal e a sua família mudaram-se de novo para o meio de Lisboa, primeiro para a Avenida 5 de Outubro, e depois para a Avenida Miguel Bombarda, local onde Avelino e Eugénia foram posteriormente presos pela PIDE. A ditadura do Estado Novo causou a prisão de Avelino, pela PVDE, em 1945, e, com o objetivo de montar uma armadilha a Álvaro Cunhal, a sua casa foi ocupada por agentes dessa polícia secreta.
Ainda em Seia quando foi fundado o PCP, Cunhal deixou a escola primária, dada a violência dos professores, e passou a estudar no próprio lar com o pai, que era advogado e escritor. Após mudar-se para Lisboa em 1924, fez o exame de admissão ao liceu Pedro Nunes, e conseguiu adaptar-se à mudança do ensino familiar para o ensino de um liceu. Em 1929, transferiu-se para o Liceu Camões. Jogava futebol como ponta-direita, jogava xadrez, damas, cartas, e praticava atletismo, além de tomar parte da publicação de livros infantis. Quando passou à clandestinidade, o que ganhou do atletismo começara a ter um uso importante, pois tinha de percorrer milhares de quilómetros de bicicleta para falar com pessoas do Partido. Acabou o liceu com uma média de 13 valores, e entrou na Universidade de Lisboa em 1931, pouco após dos dezoito anos. Aqui, encontra-se com o Marxismo, e aderiu ao PCP. Cunhal diz que "[a] minha opção já estava feita e quando entrei na Faculdade [de Direito] procurei os comunistas para me filiar no Partido". Teve um contacto paulatino com o Partido através de livros e jornais, e, já no Partido, teve como principal referência política Bento Gonçalves. Envolveu-se também numa intensa atividade em outros organismos e organizações periféricas do Partido, como o Socorro Vermelho Internacional, a Liga Portuguesa contra a Guerra e o Fascismo, os Grupos de Defesa Académica, a Liga dos Amigos da União Soviética, e, por fim, a Federação das Juventudes Comunistas, através da qual seria recrutado pelo PCP em outubro de 1934. Cunhal declara-se como comunista aos dezassete anos, e contactou o PCP através das organizações periféricas por volta de 1931. A sua entrada formal no Partido deu-se nos finais de 1932, através da ala jovem do PCP recentemente criada — a Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas — ao qual chegou a secretário-geral em 1935, com 21 anos.
Álvaro Cunhal adquiriu uma influência crescente no PCP após a prisão de Bento Gonçalves, e a sua vida na universidade passou a ter uma essência política, passando a aluno voluntário na sequência da reprovação do primeiro ano universitário. As ações do PCP levaram Cunhal a sofrer um perigo constante e sempre presente, havendo o perigo de ser denunciado à polícia política, de ter a sua casa assaltada, de ser preso e torturado, e também para a sua família — os pais e a irmã. O fortalecimento da ligação ao comunismo fez com que o receio destes perigos aumentasse, mas nunca fez com que as suas atividades revolucionárias parassem.Assim, os contactos com a família tornaram-se menos frequentes. Aos 22 anos viajou clandestinamente para Moscovo, União Soviética (URSS), e, pouco após, fez parte da Guerra Civil Espanhola. Foi preso pela PVDE pela primeira vez em junho de 1937, quando estava a difundir em Lisboa panfletos pró-URSS. A mãe visitou-o enquanto estava na prisão, e, como Cunhal tinha sido espancado, levou as suas roupas, todas ensaguentadas, para lavar.
Em 1934 é eleito pelo núcleo comunista presente, representante dos estudantes no Senado da Universidade de Lisboa. Em 1936, após uma visita à URSS, é indicado pelo PCUS para o Comité Central do PCP. Ao longo da década de 1930, colaborou com vários jornais e revistas como a Seara Nova e o O Diabo, e nas publicações clandestinas do PCP, o Avante e O Militante, com vários artigos de intervenção.
Em 1940, a cumprir pena de prisão pela segunda vez, Cunhal é escoltado pela polícia à Faculdade de Direito de Lisboa, onde apresenta a sua tese da licenciatura em Direito, sobre a temática do aborto e a sua despenalização, tema pouco vulgar para a época em questão. A sua tese, apesar do contexto político pouco favorável, foi classificada com 16 valores. Do júri fazia parte Marcello Caetano.
Oposição à Ditadura
Devido aos seus ideais comunistas, à sua assumida e militante oposição ao Estado Novo e à acção violenta perpetrada por movimentos afectos ao partido, esteve preso em 1937, 1940 e 1949–1960, num total de 15 anos, oito dos quais em completo isolamento sem nunca, incrivelmente, ter perdido a noção do tempo. Mesmo sob violenta tortura, nunca falou, o que evidencia a sua coragem física. Na prisão, como forma de passar o tempo, dedicou-se à pintura e à escrita. Uma das suas produções mais notáveis aquando da sua prisão, foi a tradução e ilustração da obra Rei Lear, de William Shakespeare, Contando-se também os romances Cinco dias, cinco noites e Até amanhã, camaradas, que editaria sob o pseudónimo de Manuel Tiago.
A 3 de Janeiro de 1960, Cunhal, juntamente com outros camaradas, todos quadros destacados do PCP, protagonizaram a célebre "fuga de Peniche", possível graças à cumplicidade do próprio regime, a um planeamento muito rigoroso e a uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão.
Em 1962 é enviado pelo PCUS para o estrangeiro, primeiro para Moscovo, depois para Paris.
Ocupou o cargo de secretário-geral do Partido Comunista Português, sucedendo a Bento Gonçalves, entre 1961 e 1992, tendo sido substituído por Carlos Carvalhas.
Em 1968 Álvaro Cunhal presidiu à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental, o que é revelador da confiança que já nessa altura detinha no PCUS. Para tal não terá sido indiferente o ter-se mostrado um dos mais veementes apoiantes da invasão da então Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia, ocorrida nesse mesmo ano.
Entretanto, foi condecorado com a Ordem da Revolução de Outubro pelo PCUS.
Após o 25 de Abril
Álvaro Cunhal e outros dirigentes comunistas no Porto, a 5 de maio de 1982, presentes no desfile e funeral de dois manifestantes mortos pela polícia de choque na véspera do 1.º de Maio.
Regressou a Portugal cinco dias depois do 25 de Abril de 1974. Nesse mesmo dia, passeou de braço dado com Mário Soares, por Lisboa.
Foi ministro sem pasta no I, II, III e IV governos provisórios e também deputado à Assembleia da República entre 1975 e 1992.
Em 1982, tornou-se membro do Conselho de Estado, abandonando estas funções dez anos depois, quando saiu da liderança do PCP.
Além das suas funções na direcção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1995.
Em 1989 Álvaro Cunhal foi à URSS para ser operado a um aneurisma da aorta, sendo recebido em Moscovo por Mikhail Gorbatchov o qual o agraciou com a Ordem de Lenine. Nos últimos anos da sua vida sofreu de glaucoma, acabando por cegar.
Faleceu em 13 de junho de 2005, em Lisboa, e no seu funeral (a 15 de junho), participaram mais de 250 000 pessoas. Por sua vontade, o corpo foi cremado.
Da sua relação com Isaura Maria Moreira, teve uma filha, Ana Maria Moreira Cunhal, nascida a 25 de dezembro de 1960, a qual casou tendo dois filhos. Vive actualmente nos Estados Unidos.
Álvaro Cunhal ficou na memória como um comunista que nunca abdicou do seu ideal.
Cunhal, que tinha aversão ao culto de personalidade, negou a ideia de criar uma autobiografia, dizendo que "[u]m livro de memórias é, em geral, uma coisa tão aborrecida; é um dicionário de factos que uma pessoa coleciona". Em razão das qualidades do coletivo face às individualidades, rejeitou que a sua imagem fosse utilizada nas campanhas eleitorais do PCP.
Pensamento político
Juventude
Cunhal nasceu numa cidade religiosa, e acompanhava a mãe todos os domingos à igreja, que tinha um pensamento e modo de vida religioso. O pai, que tinha um pensamento liberal, esteve na origem da sua ‘personalidade irreverente e criativa’. O pai denunciava depreciativamente os títulos feudais, algo que se refletiu nos seus contos, e, noutra obra, denunciou a amizade entre um padre e um velho fidalgo a respeito do vício dos jogos de azar e da bebida. Eugénia Cunhal, não obstante a omnipresente rejeição deste mundo na vida política de Cunhal, falou da ‘abertura de espírito do pai’ quando este ‘mostrava aos filhos o Antigo Testamento e apelava a que cada um formasse a sua própria consciência’. O republicanismo do pai fomentou na personalidade de Cunhal um sentimento de ‘solidariedade social’ e de ‘insubmissão política’.”
Do ÍNDICE:
ABERTURA
- Vida Soviética
- Porto seguro
- Amizade fraternal
- Até amanhã, camaradas
ÁLBUM FOTOGRÁFICO
Preço: 47,50€;
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