quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Portugal - São Tomé e Príncipe & Literatura - ‘O DELÍRIO’, de Sum Marky - Lisboa 1964 - Muito Raro;






Portugal - São Tomé & Literatura - Um autor nacional, natural de São Tomé e Príncipe, com vasta obra editada na década de sessenta do século passado, entre o erotismo e o ensaio histórico e político 


‘O DELÍRIO’ 
De Sum Marky pseudónimo de José Ferreira Marques 
Capa de Maria do Céu Guimarães e Castro (esposa do autor) 
Edição do autor 
Lisboa 1964 


Livro com 216 páginas e em muito bom estado de conservação. Excelente. 
De muito difícil localização. 
Muito Raro.


O AUTOR: 
“SUM MARKY - José Ferreira Marques (1911 - 2003) 

PERSEGUIDO E PRESO PELA PIDE  – UM NOME INJUSTAMENTE ESQUECIDO E ATACADO PELA CRITICA DAS  APARÊNCIAS DA HIPOCRISIA MAS DE GRANDE CORAGEM E VALOR INTELECTUAL

Figura lendária nas Ilhas Verdes do Equador - O escritor-editor luso-santomense que denunciou os crimes mais hediondos do regime colonial nesta maravilhosa ilha - Perseguido e preso pela PIDE e desprezado pela critica das boas aparências pela sua incursão na linguagem do erotismo popular, sob os pseudónimos de Roy Harvey e Louis Rudolfo, a cuja maldição também se juntou  a mesma policia política, confiscando-lhe e queimando-lhe centenas de livros da sua tipografia, além de meses de prisão.

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador -  Testemunho histórico na literatura  luso-santomense  - Excerto de entrevista em 1992 para a Rádio Comercial-RDP

Já não está entre nós - Faleceu em 2003, em Lisboa, aos  93 anos – Mas tenho para lhe oferecer o registo da sua voz – Um breve excerto que pude recuperar, nos meus arquivos, de uma entrevista que me concedeu, em sua casa, em Algés, no dia  6 de Abril de 1992 - Mais tarde, foi ainda por mim entrevistado e por Rui Castelar, nas madrugadas da Rádio Comercial, RDP, porém, de momento, não me foi possível localizar esse interessante dialogo. 
    
A OUTRA FACETA LITERÁRIA, MENOS CONHECIDA, DE JOSÉ FERREIRA MARQUES, NOS PSEUDÓNIMOS de:  Roy Harvey e Louis Rudolfo – Expressa em algumas dezenas de romances e novelas do erotismo popular, expressão artística hoje banalizada, tanto pela palavra como pela imagem,  mas muito ousada nos tempos dos chamados ‘bons costumes’ – Linguagem  da qual ele se servira, dada a cerrada perseguição movida pela policia Salazarista às suas obras de intervenção e denúncia.

Autor de quase três dezenas de romances, grande parte dos quais proibidos pela PIDE/DGS, com processos que o levaram até à prisão

Filho de pais portugueses, natural de São Tomé onde fez a instrução primária - A primeira voz a dar brado ao massacre do Batepá – Através de ‘O Vale das Ilusões’ (1956), ‘No Altar da Lei’ (1962), ‘Vila Flóga’ (1963), ‘Tempo de Flogá’ (1969) e ‘Crónica de uma Guerra Inventada’ (2000).

Perseguido e preso pela  PIDE, que lhe aprendeu e queimou várias edições na sua própria tipografia, na Amadora - E também mal amado pela critica, que sempre o olhou de sobranceria  pela sua incursão na literatura popular, humor e erotismo da qual se servira como alternativa à de denúncia e de intervenção – Porém, nem mesmo assim, o regime repressivo o deixou em paz - O que lhe valeu é que, os agentes da brigada, que, de volta e meia, iam passar a revista a sua casa, eram porventura consumidores do erotismo e do humor dos ‘Virtuosos’, do Bom Dia Prazer, do Insaciável ou dos Imorais – Se bem, que, para salvar as aparências, no sistema de que faziam parte, até o aconselhassem a uma literatura mais normal, como, Júlio Dinis, ou  como Alexandre Herculano!... Enfim, livros sérios!... – A que. o escritor perseguido, respondia: bem… sabe!... Eu não tenho o génio de um Júlio Dinis! Eu sou um escritor principiante!... Gosto de escrever estas maroteiras!

Antes do 25 de Abril foi preso pela PIDE e entregue à Policia Judiciária sob a acusação de escrever livros pornográficos. Durante 90 dias foi mantido nas celas daquela Policia, até que o processo transitou para o Tribunal e o Juiz ordenou a sua libertação. Mais tarde julgado, foi condenado a uma pesada pena de prisão, remível a dinheiro

Os primeiros livros de Sum Marky nada tinham de obsceno ou pornográfico. A ‘Comédias dos Sexos’ era uma crítica social, em que certo meio da nossa sociedade é dissecado com profunda verdade. Logo foi proibido pela censura e o autor entregue ao Tribunal. Em 1961 e 1962 Sum Marky publica dois livros ‘No Altar da Lei’ e ‘Vila Flogá’… que constituem uma denúncia terrível dos crimes praticados pelas autoridades portuguesas sobre o indefeso povo de São Tomé e Príncipe.

Também estes dois livros foram proibidos pela censura, com as consequentes perseguições ao autor.
Depois disso, publicou mais duas dezenas de novelas ou romances e todos eles foram proibidos pela censura. Sum Marky é, sem dúvida, o escritor português com mais livros proibidos pela censura.
Sum Marky tornou-se assim, um escritor ‘underground’ cujos livros se vendiam (e ainda vendem) por redes subterrâneas e como se constituíssem algo de abominável. 

Enfim, um escritor Maldito, de quem a critica e os jornais nunca se ocuparam, antes ou depois do 25 de Abril.” 



OBRAS DO AUTOR: 
Sob o pseudónimo de Sum Marky
- ‘O vale da ilusões’; 
- ‘A comédia dos sexos’; 
- ‘Aventura’; 
- ‘A traição de Gabriela’; 
- ‘No altar da Lei’; 
- ‘Dinheiro amargo’; 
- ‘O ponto e a vírgula’; 
- ‘Vila Flogá’; 
- ‘O delírio’; 
- ‘A solidão dos aeroportos’; 
- ‘A Ilha de Santo’; 
- ‘As mulatinhas’; 
- ‘Simdbad - O marinheiro’; 
- ‘O cavaleiro da Rosa’; 
- ‘Os virtuosos’; 
- ‘Tempo de Flogá’; 
- ‘Crónica de uma guerra inventada’ 

Sob o pseudónimo de Roy Harvey
- ‘O insaciável’; 
- ‘Bom dia prazer’; 
- ‘A adúltera’; 
- ‘Cancioneiro do Bairro Alto’; 
- ‘O obececado’; 
- ‘O violador’; 

Sob pseudónimo de Louis Rudolfo 
- ‘Os imorais’; 



Do ÍNDICE:

O DELÍRIO 
Capítulo 1 
Ao 
Capítulo 28 


Preço: 27,50€; 

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