Angola & MPLA - A história desta organização por um dos seus membros mais influentes e que viveu todos os acontecimentos importantes e até episódios laterais e passageiros mas que no conjunto fizeram o trajecto do movimento e dos seus membros, com recurso a inúmeros documentos e testemunhos
‘UM AMPLO MOVIMENTO…’
Itinerário do MPLA através de documentos e anotações
De Lúcio Lara
Edição Ruth e Lúcio Lara
Luanda 1998
Livro com 554 páginas, ilustrado e em muito bom estado de conservação. Excelente.
De muito difícil localização.
MUITO RARO.
O AUTOR:
“LÚCIO RODRIGO LEITE BARRETO DE LARA, conhecido simplesmente por Lúcio Lara ou Tchiwwka (nome de guerra que homenageia a terra de sua mãe), nasceu na cidade do Huambo a 9 de Abril de 1929, filho de pai português (comerciante e funcionário) e de mãe angolana.
Fez os estudos secundários no Huambo e no Lubango (no então ‘Liceu Diogo Cão’), tendo depois partido para Portugal para cursar Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências, em Coimbra e em Lisboa.
Na extinta Casa dos Estudantes do Império desenvolveu, a partir de 1949, as suas primeiras actividades políticas, tendo pertencido aos corpos dirigentes da Casa em Coimbra. Com Agostinho Neto, Humberto Machado, Zita Van Dúnem e outros nacionalistas de colónias portuguesas, fez parte do Clube Marítimo Africano, em Lisboa, que teve, nos anos 50, um significativo papel na mobilização de originários das Colónias e na circulação de informações e documentos.
Com a fundação do MAC (Movimento Anti-Colonial), onde se incluíam Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Mário de Andrade, Noémia de Sousa, Humberto Machado, Eduardo dos Santos, entre outros, passou decididamente à actividade política. Em Março de 1959 teve de fugir de Portugal para escapar à prisão, refugiando-se na Alemanha. Após ter participado na Conferência de Tunis em Janeiro de 1960, como representante do MPLA e da recém criada FRAIN, ficou em Casablanca até partir para Conakry, onde em 1969 se constitui o primeiro Comité Director do MPLA no exterior de Angola.
Durante esse período agitado, que os documentos publicados no presente volume permitem acompanhar, Lúcio Lara sobreviveu economicamente trabalhando como operário e como professor, apoiado pela esposasse trabalhava igualmente como professora. Entretanto, pôde ter acesso a literatura que lhe era interdita em Portugal e a pessoas cujo contacto ou convivência marcaram o seu percurso: os já citados angolanos, Viriato da Cruz, o guineense Amílcar Cabral, e também personalidades como Cheik Anta Diop, Sembène Ousmane e Frantz Fanon, entre nomes menos conhecidos da vida intelectual, política e sindical das Colónias ou países africanos recém independentes.
A partir de 1962, data em que Agostinho Neto, fugido de Portugal, veio estabelecer-se em Léopoldville e reorganizar o MPLA, a história de Lúcio Lara confunde-se com a própria história do Movimento de cujos órgãos de direcção ele fez parte, estando presente em todos os momentos cruciais que pontuam essa história, tanto a nível interno como a nível internacional. De 1964 a 1969, esteve no Congo e na frente de Cabinda; de 1969 a 1972 foi transferido para a 3.a região, no Leste de Angola, voltando mais tarde para o Congo. Participou em 1974 na Conferência Inter-Regional que criou o 1.* Comité Central do MPLA, para o qual foi eleito, pertencendo igualmente ao Bureau Político.
Em Outubro de 1974 participou na assinatura do cessar-fogo com Portugal, potência colonizadora que reconhecerá finalmente, na sequência do golpe de 25 de Abril de 1974, o direito de Angola à independência. Em 8 de Novembro de 1974, Lúcio Lara chefiou a delegação, recebida apoteoticamente em Luanda, que veio a abrir a 1.a representação oficial do Movimento Popular de Libertação de Angola. Sucederam-se outras em diversas províncias, permitindo-lhe o reencontro com a sua terra natal, Huambo.
No processo que levou à transformação do MPLA em MPLA-Partido do Trabalho (Dezembro de 1977), Lúcio Lara continuou a ser figura proeminente na política partidária como secretário do Bureau Político e, mais tarde, secretário do Comité Central para a organização.
A morte prematura do seu camarada e amigo pessoal Agostinho Neto em 1979 abalou-o profundamente. Na década de 1980 reduziu-se progressivamente o seu protagonismo político, à medida que ‘os novos’ se afirmavam na cena política. A partir do 2.* Congresso do MPLA, Lúcio Lara manteve-se apenas no Comité Central e a sua actividade concentrou-se na Assembleia do Povo, de que era 1.* secretário.
Através das transformações políticas dos anos 90 em Angola, e apesar de uma saúde abalada, Lúcio Lara tem continuado politicamente activo, como deputado do MPLA.
Sendo um dos poucos sobreviventes dos primórdios da luta de libertação nacional de Angola, Lúcio Lara representa hoje um exemplo de integridade e de dedicação à causa da libertação do povo de Angola.
As razões da edição deste livro e da opção pela publicação dos documentos do seu arquivo pessoal, em vez da redacção das ‘memórias’ que muitos esperariam, vêm expressas no texto de apresentação pelas palavras da esposa, Ruth Lara, a quem cabe o mérito do trabalho de arquivo, organização, Seleccção e reprodução dos documentos.
Esta é uma obra cujo valor, ao contrário de tantas publicações saídas do punho de políticos ou articulistas, certamente aumentará com o tempo, à medida que a história de Angola se for revelando, pelo testemunho dos seus actores e pelo trabalho persistente dos historiadores.
Luanda, Dezembro de 1997.“
Do ÍNDICE:
PORQUÊ ESTE LIVRO?
Por Ruth Lara
INTRÓITO
Plano de trabalho de Mário de Alcântara Monteiro
Documento sem título que viria a ser o Manifesto do MPLA (Luanda, Dez 1956)
Mensagem de Senghor pelo aniversário da Conferência de Bandung (Lisboa, 24.04.1956)
Carta de Viriato da Cruz a Holden Roberto (Frankfurt, 20.04.1959)
Acta da reunião da secção de Paris do MAC (Paris, 14.07.1959)
Carta do MAC a Kwame Nkrumah (Frankfurt, 15.08.1959)
Projecto de Relatório para Lisboa
Carta do MAC à Conferência Pan-africana
Relatório de Amílcar Cabral (África, Set 1959)
Carta de Barden a Lúcio Lara (Accra ? 22.09.1959)
Carta de Barden ao MAC (Accra, 27.10.1959)
Relatório à secção do MAC em Lisboa
Listas de pessoas a quem se enviou o telegrama do MAC à ONU
Credencial de Lúcio Lara para a Tunísia (16.12.1959)
Memorandum ao Neo-Destour (Tunis, 26.12.1959)
Memorandum de Amílcar Cabral a Mário de Andrade (Paris, sem data)
Relatório do MAX (excerto) (Tunis, 25-29.01.1960)
Resolução da 2.a Conferência Pan-africana de Tunis (Tunis, Jan 1960)
Memorandum da FRAIN (Tunis, sem data)
Carta da FRAIN (Tunis, sem data)
Declaração Conjunta assinada em Tunis (Tunis, 31.01.1960)
Apelo do MAC (Tunis, Jan 1960)
Comunicado da FRAIN (03.03.1960)
Apelo do MINA (Luanda, 03.03.1960)
Intervenção de Viriato da Cruz na 2.a Conferência de Solidariedade Afro-Asiática
Projecto de Resolução sobre Angola (Conakry, 11-15.04.1960)
Apontamento sobre as conversas tidas em Brazzaville entre Lúcio Lara e Manuel Pedro Pacavira (Abril 1960)
Relatório do Comando Militar de Angola (Luanda, 21.02.1960)
Carta do Comité Director da FRAIN a Holden Roberto (Conakry, 12.05.1960)
Primeiro Apelo à Unidade (África, Maio 1960)
Declaração do MPLA ao governo Português (Conakry, 13.06.1960)
Mensagem do MPLA ao Povo Português (África, 30.06.1960)
Primeiro Comité Director do MPLA (Conakry, Julho 1960)
Relato da conversa entre Franz Fanon e Lumumba (sem data)
Comunicado do MPLA (Conakry, 12.07.1960)
Apelo do MPLA aos estados membros da ONU (Conakry, 13.09.1960)
Carta do MPLA à ALIAZO (Conakry, 17.10.1960)
Declaração do MPLA (Conakry, 25.10.1960)
Carta da Frente Comum à ONU (Léopoldville, 31.10.1960)
Carta da Frente Comum à ONU (excerto) (Léopoldville, 13.12.1960)
Relatório das Actividades de Luís de Azevedo Júnior em Léopoldville (Dakar, 31.12.1960)
Segundo Apelo à Unidade (Conakry, 05.11.1960)
Conferência na Câmara dos Comuns em Londres (Londres, 06.12.1960)
Comunicado do MPLA sobre o Santa Maria (Conakry, 29.01.1961)
Comunicado do MPLA sobre o 4 de Fevereiro (Conakry, 04.02.1961)
Comunicado do MPLA em Londres (Londres, sem data)
ANEXOS:
Anexo 1 - Artigo 73.* da Carta das Nações Unidas
Anexo 2 - Mapas de África (1955 e 1961)
Anexo 3 - Cartas de Higino Aires (Set 51) e de António Jacinto (Dez 51) a Agostinho Neto e comentário de A. Neto à carta de H. Aires (sem data)
Anexo 4 - Extractos da Carta-Relatório de Henrique Galvão (22.01.47)
Anexo 5 - Carta de Alda Espírito Santo sobre os massacres em S. Tomé (1953)
Anexo 6 - Manifesto do Comité Secreto da Independência (Angola, Março 1957)
Anexo 7 - Manifesto do M.I.A. (Luanda, 1959 ?)
Anexo 8 - Panfleto do M.L.N (Luanda, 1959)
Anexo 9 - Manifesto do M.I.N.A (Luanda, Abril ? 1959)
Anexo 10 - Panfleto do MLNA (Luanda, sem data)
Anexo 11 - Artigo de Mário de Andrade em ‘La Gauche’ (Set ou Dez 1959)
Anexo 12 - Facsimile do certificado do Colégio Moderno a Lúcio Lara
Anexo 13 - Manifesto do M.A.C. (Jan 1960)
Anexo 14 - Informação sobre os processos (Lisboa, sem data)
Anexo 15 - Estatutos da UDEAN
Anexo 16 - Documentos distribuídos em Luanda em 1959, aquando da Conferência da OIT
Anexo 17 - Memorando da FRAIN ao governo da Guiné (Conakry, Março 1960)
Anexo 18 - Documento do Comando Militar de Angola (Luanda, 21.02.1961)
Anexo 19 - Boletim de Informações do Comando Chefe das Forças Armadas de Angola (Luanda, Fev 1961)
Anexo 20 - Introdução à brochura do ‘Processo dos 50’
Anexo 21 - Editorial do ‘Diário da Manhã’: ‘O QUE ELES NÃO ENTENDEM’ (19.06.1960)
Anexo 22 - Artigo no ‘Diário da Manhã’: ‘QUEM SÃO ELE’ (Lisboa, 02.09.1960)
Anexo 23 - Estatutos, Programa e Regulamento Interno do MPLA
Anexo 24 - Resolução das Nações Unidas sobre a outorga da independência aos países e aos povos coloniais (Extraído de um jornal português de 29.11.1960)
LISTA DOS DOCUMENTOS NÃO PUBLICADOS
ÍNDICE REMISSIVO
Preço: 62,50€;
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