segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Angola & Literatura - 'TERRA MORTA', de Castro Soromenho - Lisboa 1961 - MUITO RARO;


 



Ultramar - Angola & Literatura - Uma das melhores obras do autor, proibidas de circular durante o regime do Estado Novo logo após o seu lançamento


'TERRA MORTA' - 2.ª edição
De Castro Soromenho 
Capa de Sebastião Rodrigues
Editora Arcádia 
Lisboa 1961


Livro com 270 páginas, capas duras e sobrecapas, em muito bom estado de conservação, sobrecapas externas com sinais de uso e desgaste.
De muito difícil localização.
MUITO RARO.


Um dos escritores de maior referência na literatura colonial (nasceu em Moçambique e viveu de forma intensa em Angola), editou uma vasta bibliografia entre contos, novelas, romances e pesquisa etnográfica, esta edição foi desde logo proibida, face às suas posições críticas em relação ao regime do Estado novo. (Ver 'Livros Proibidos no Regime Fascista', Presidência do Conselho de Ministros – Comissão do Livro Negro Sobre o Regime Fascista, Lisboa, 1981).


Da badana:
"Nascido na Zambézia em 1910, Castro Soromenho foi dos modernos escritores portugueses aquele que mais se interessou pelo drama da gente negra. A sua qualidade de africano, aliada a um espantoso poder descritivo, levou-o a compreender e a transmitir em obras de elevado nível literário, a realidade da África e do seu povo. Durante vinte anos, Castro Soromenho coligiu no interior de Angola, o material necessário para as obras que viria a produzir. Foi a sua fase de recolha, recolha de situações, de paisagens, de abnegações e de revoltas, de tipos humanos, pretos e brancos, de injustiças e de rancores.

Depois, Castro Soromenho iniciou a sua actividade literária escrevendo pequenos contos de acentuado sabor poético. Poético, afinal, é o próprio escritor 'por fidelidade à África', segundo escreveu Roger Bastide - talvez o crítico que melhor compreendeu Castro Soromenho. 

(...)

É, sobretudo em 'TERRA MORTA' e 'VIRAGTEM' que Castro Soromenho atinge o cume da sua evolução literária. Nessas duas obras-primas está patente a África contemporânea com os seus problemas fervilhantes de actualidade. Soromenhor, que começara por contemplar um passado envolto em lenda, mostra a sua envergadura ao atacar fundamentalmente, impiedosamente, os problemas que avassalam o continente negro, procurando analisar os erros e as incompreensões que os geraram.

'TERRA MORTA' mostra-nos um Castro Soromenho pujante mas acerbo, implacável, sem condescendências de nenhuma espécie, um frio fotógrafo de almas humanas que se revelam tais quais são, deformadas, por vezes de hediondas, num ambiente rude que não propicia mascaramentos. O autor reuniu um friso de personagens que, em toda a sua dureza, protagonizam o entrechoque das duas raças em presença numa circunscrição perdida de Angola.

Com este livro que a Arcádia se orgulha de apresentar ao público português, Castro Soromenho atinge um ponto alto na sua carreira de grande escritor voltado para as realidades do Ultramar e para os problemas que brancos e negros afrontam ou provocam, num contacto só aparentemente rotineiro mas prenhe de constrangimentos, de hipocrisia e de violência latente."



Fernando Monteiro de CASTRO SOROMENHO (Chinde, 31 de Janeiro de 1910 – São Paulo, 18 de Junho de 1968):
"Foi um jornalista, ficcionista e etnólogo moçambicano. 
É considerado um escritor do movimento neo-realista português e igualmente um romancista da literatura angolana.

Castro Soromenho nasceu em Moçambique e foi com um ano de idade para Angola. Era filho de Artur Ernesto de Castro Soromenho, governador de Lunda, e de Stela Fernançole de Leça Monteiro, natural do Porto e de família cabo-verdiana. Entre 1916 e 1925 estudou em Lisboa o ensino primário e liceal. Regressou a Angola onde trabalhou para a Companhia de diamantes de Angola e, em seguida, entrou para o quadro administrativo de Angola, na categoria de aspirante, servindo nos sertões do leste da colónia. Posteriormente, torna-se redactor do jornal 'Diário de Luanda'. Em 1937, regressa a Lisboa, colaborando em diversos jornais como: semanário 'Humanidade' do jornal 'Diário Popular', 'A Noite', 'Jornal da Tarde', 'O Século', 'Seara Nova', 'O Diabo', 'O Primeiro de Janeiro' e 'Dom Casmurro'. Encontra-se colaboração jornalística da sua autoria numa crónica sobre os "exploradores portugueses em África", nº 12 do semanário 'Mundo Literário' (1946–1948).

Em 1949, casou-se com Mercedes de la Cuesta na Argentina. Em virtude de fazer críticas ao regime salazarista, foi obrigado a ir para o exílio em França em 1960. Mais tarde foi para os Estados Unidos da América onde foi professor na Universidade do Wisconsin e ministrou o curso de literatura portuguesa. Regressou à França em Agosto de 1961 e colaborou com as revistas 'Présence Africane' e 'Révolution'. Em Dezembro de 1965, foi viver para o Brasil onde faleceu. No Brasil, regeu cursos na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São de Paulo e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara.

Dedicou-se também ao estudo da etnografia angolana, tendo sido um dos fundadores do Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo."

In: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Monteiro_de_Castro_Soromenho


OBRAS:
- 'Lendas negras' (contos) (1936);
- 'Nhari: o drama da gente negra' (contos e novelas) (1938);
- 'Imagens da cidade de S. Paulo de Luanda' (1939);
- 'Noite de angústia' (romance) (1939);
- 'Homens sem caminho' (romance) (1941);
- 'Sertanejos de Angola' (história) (1943);
- 'A aventura e a morte no sertão: Silva Pôrto e a viagem de Angola a Moçambique' (história) (1943);
- 'Rajada e outras histórias' (contos) (1943);
- 'A expedição ao país do oiro branco' (história) (1944);
- 'Mistérios da terra' (etnografia) (1944);
- 'Calenga' (contos) (1945);
- 'A maravilhosa viagem dos exploradores portugueses' (etnografia) (1946);
- 'Terra morta' (romance) (1949);
- 'Samba' (conto) (1956);
- 'A voz da estepe' (conto) (1956);
- 'Viragem' (romance) (1957);
- 'Histórias da terra negra' (contos, novelas e uma narrativa) (1960);
- 'Portrait: Jinga, reine de Ngola et de Matamba' (1962); e
- 'A chaga' (romance) (1970);


Preço: 62,50€; 

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