Angola & Literatura - A Luanda colonial vista na sua vida quotidiana pelos olhos de uma criança e interpretado pelo mesmo adulto muitos anos após essas observações
‘EU À SOMBRA DA FIGUEIRA DA ÍNDIA’
De Alberto Oliveira Pinto
Edição Afrontamento
Porto 1990
Livro com 106 páginas e em muito bom estado de conservação. Como novo. Excelente.
De muito difícil localização.
Raro.
Da contracapa:
“Não falta quem pense que a primeira infância é um filão temático De sucesso antecipado, em que o que é apenas memória se substitui à literatura. Mas o que há, entretanto, é uma escrita muito exuberante, mas pouco fidedigna, concebida por pessoas que se lembram mal desse período nebuloso e que enveredam, mais ou menos conscientemente, pela colagem ou pela fusão de diferentes depósitos etários, de acordo com padrões estabelecidos.
E há também - felizmente, sem sintomas de declínio - uma arte de recuperar pela invenção e ficção desses dias remotos, em si mesmos puramente ficcionais, preservando-lhes o tempo curvo e reversível, os espaços de ilusão, as personagens antropomórficas, o ilimitado poder de fazer acontecer e de fazer desaparecer e, acima ou por dentro de tudo, o gosto inconfundível que o protagonismo absoluto faz condensar na boca do sujeito-menino.
‘EU À SOMBRA DA FIGUEIRA DA ÍNDIA’ de Alberto Oliveira Pinto insere-se plenamente nessa arte pela conciliação brilhante na construção narrativa de um círculo de sombra (a que o eu se acolhe para dirigir os acontecimentos) com o repositório meticuloso dos emblemas desse universo recuado que aqui se tinge, secundariamente, das tonalidades tropicais, com brancos, pretos, mulatos, cabritos e cafusos sempre a entrar e a sair da alçada da retina. Da varanda gradeada ao volante do jeep, do aeroporto de Luanda ao chão da cozinha, da mangueira do jardim à macaca de giz, corre sempre uma leve aragem, um discurso solto onde floresce o registo onomatopaico, o tlic da grande linguagem poética que um dia soubemos e já esquecemos.“
Américo Oliveira Santos
O AUTOR:
“ALBERTO OLIVEIRA PINTO nasceu em Luanda em 1962, vivendo em Lisboa desde muito cedo.
Licenciado em Direito e exercendo a profissão de advogado, encarou desde sempre a literatura como a sua verdadeira vocação.
Colaborou durante o ano de 1987 no ‘Diário de Notícias’ - Jovem, onde publicou cerca de um texto de ficção por semana, sendo premiado por diversas vezes. Foi, além disso, repórter, revisor editorial é autor de textos no programa televisivo ‘Rua Sésamo’.
Com este livro, ‘EU À SOMBRA DA FIGUEIRA DA ÍNDIA’, obteve o 2. prémio de ficção em prosa do Concurso Literatura e Desenvolvimento, 1989, Instituto da Juventude/Sociedade Portuguesa de Autores. Já anteriormente receberá uma menção honrosa do prémio Agustina Bessa-Luís da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto com o livro de contos ‘O TRABALHO DOS MENINOS’, e, mais recentemente, o romance ‘O SENHOR DE MOMPENEDO’ foi distinguido com o Prémio Revelação da Ficção Portuguesa de Escritores - Instituto Português do Livro e da Leitura (1990).”
SINOPSE:
“Sob a forma de pequenos quadros sobre o que rodeia um menino com menos de sete anos da média burguesia na Angola dos anos sessenta, ‘EU À SOMBRA DA FIGUEIRA DA ÍNDIA’ pretende ser essencialmente um texto reivindicativo do direito à contemplação. O protagonista e narrador - que deixa o leitor na dúvida se se trata ao certo de um adulto ou de uma criança -, contempla da primeira à última página. E, pela sua retina infantil, perpassam em rápidas pinceladas, ao lado da imagem ampliada de um beco, de um jardim e de umas barrocas, que constituem o cenário principal da história, as figuras das criadas, dos jardineiros, da lavadeira, do motorista e das crianças vadias, invocando-se, ainda que ténue e fugazmente, os aspectos dramáticos do racismo e do colonialismo. Com a partida para a metrópole, no último capítulo, todo este universo se desmorona.”
Preço: 25,00€;
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