‘ADEUS ATÉ AO TEU REGRESSO
- O Movimento Nacional Feminino na Guerra Colonial (1961-1974)’
De Silvia Espírito Santo
Livros Horizonte
Lisboa 2003
Livro com 120 páginas e em muito bom estado de conservação. Como novo. Excelente.
De muito difícil localização.
RARO.
Preço: 32,50€;
SINOPSE:
“ ‘ADEUS ATÉ AO TEU REGRESSO’, título desta dissertação de mestrado em Estudos sobre as mulheres, na Universidade Aberta, podia ter sido a resposta de muitas mulheres portuguesas, à frase tanta vezes proferida e difundida nos meios de comunicação social da época, pelos militares que lutavam na guerra colonial: ‘ADEUS ATÉ AO MEU REGRESSO’.
Ela incide sobre o trabalho de uma organização de mulheres que durante treze anos (1961-1974) acompanhou moral e materialmente os soldados que lutavam em África e as suas famílias: o Movimento Nacional Feminino. Sendo a guerra considerada um empreendimento de carácter essencialmente masculino, o contributo dado pelas mulheres neste contexto tem sido geralmente omitido. Mas é importante não esquecer que ‘por trás do pano’, na retaguarda, as mulheres sempre desempenharam papéis muito significativos.
Neste estudo analisa-se o contributo de MNF – um movimento de mulheres, jurídica e politicamente independentes, mas que sempre actuou em consonância com a política colonial salazarista – num contexto de fervor religioso e nacionalismo exacerbado: ‘Por Deus e pela Pátria’ foi o seu lema.
Um lema a que aderiram cerca de 80000 mulheres. Um número que pode não estar sobrestimado se atendermos ao clima de revolta que se viveu em Portugal, nos primeiros anos da guerra, dada a convicção de milhares de portuguesas e portugueses, adquirida nos bancos da escola, de que pertenciam a um país heróico ‘onde o sol nunca se punha’,
Como a revolução de Abril apanhou todos, ou quase, de surpresa a documentação do Movimento não só ficou dispersa pelas várias secções, pelas várias instituições, pelas várias casas particulares como, em alguns casos, foi destruída. Por estas razões a localização e sistematização desses documentos constituiu uma dificuldade.
Para este trabalho consultaram-se registos escritos do e sobre o MNF – relatórios de actividades, actas de colóquios, circulares de distritais, imprensa nacional, regional e imprensa do próprio Movimento – e fontes privadas através de documentação particular e entrevistas: é preciso não esquecer a importância dos testemunhos orais para a elaboração de uma História Contemporânea das Mulheres.
Dotado de uma grande capacidade de mobilização, esta organização sobreviveu activa durante treze anos graças à sua estrutura bem organizada e hierarquizada – possuía comissões distritais e delegações espalhadas pelo país, por vezes no estrangeiro e no ‘Ultramar’ - bem como aos apoios do Estado e de vastas camadas da população desde o povo anónimo, às grandes empresas ou a intelectuais e artistas populares.
Fundado por 25 mulheres provenientes da elite do regime do Estado Novo, o MNF teve como única presidente, Cecília Supico Pinto, mulher de forte personalidade a verdadeira ‘alma e corpo’ do Movimento.
Os objectivo do MNF ou, recorrendo a uma palavra recorrente no vocabulário das mulheres que dele faziam parte, a sua ‘missão’ era ‘promover o auxílio moral e material aos militares e suas famílias’, sendo utilizadas as formas mais diversificadas para os divulgar. Porém, e apesar das mais de vinte secções que desde a sua formação criou, o Movimento ficou principalmente conhecido pela popularidade e aceitação de duas: a de Aerogramas e a das Madrinhas de Guerra.
Tendo vivido a primeira parte da década de sessenta uma importante fase de expansão e de apoio institucional e privado, o MNF conhece, ao aproximarem-se os anos setenta, um período de grande contestação, não só proveniente das oposições ao regime – mais organizadas e em maior número – como também dos próprios militares agora mais escolarizados e mais informados sobre as razões de uma guerra de que começavam abertamente a discordar.
O Movimento Nacional Feminino viria a ser extinto por decreto da Junta de Salvação Nacional, algum tempo depois de completar treze anos de existência ao serviço dos militares e da ideologia colonial do Estado Novo.“
A AUTORA:
“SILVIA ESPÍRITO SANTO
Nascida em Leiria, professora do ensino secundário, licenciada em História pela Universidade de Coimbra, investigadora do Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais (CEMRI), mestre em Estudos sobre as Mulheres (UA-Lisboa).
DE entre outros trabalhos publicados, destacam-se:
- ‘Por Deus e pela Pátria’, in ‘A Guerra do Ultramar: Realidade e Ficção‘ (E Notícias, Lisboa 2002);
- ‘E a guerra ainda aqui tão perto – os ex-combatentes da guerra colonial’ (Região de Leiria - 2003)”
Do ÍNDICE:
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
Tema, delimitação da abordagem, objectivos
Balanço historiógrafico
A História do tempo presente
O contributo das fontes orais
Capítulo I
O MOVIMENTO NACIONAL FEMININO (M.N.F.) - ÚLTIMA ORGANIZAÇÃO DE MULHERES DO ESTADO NOVO
As mulheres do M.N.F. como produto de organização de enquadramento
1. O contributo da Escola
2. O contributo da Mocidade Portuguesa Feminina (M.P.F.)
3. O contributo da Obra das Mães para a Educação Nacional (OMEN)
4. O contributo da Igreja
O significado da guerra colonial para as portuguesas enquadradas pela formação salazarista
Capítulo II
A RAZÃO DE SER DO MOVIMENTO
A emergência do Movimento Nacional Feminino no contexto da guerra colonial
Cecília Supico Pinto - A alma e o corpo do Movimento
As estruturas orgazinativas
Capítulo III
AS ÁREAS DE INTERVENÇÃO DO MOVIMENTO
Administrativas - Secretaria e Tesouraria
De Apoio Social - Secção de embarque
- Secção das Madrinhas de Guerra
- Serviço de acolhimento aos feridos e doentes
- Secção de visitas aos hospitais
- Secção de empresas
- Secção de assistência à família
- Serviço de urgência
De apoio material - Secção de Aerogramas
- Secção de passagens
- Bibliotecas
- Secção de apoio aos oficiais milicianos
- Auxílio aos capelães militares e missões
- Secção de Farmácia
- Secção de encomendas
- Secção de lembranças individuais e colectivas
- Secção de contencioso
De informação - Secção de participação de baixas
- Secção de notícias
- Secção de informação e divulgação
Capítulo IV
INICIATIVAS JUNTO DE MILITARES, FAMÍLIAS E OPINIÃO PÚBLICA
Campanha de Natal do Soldado
Hora Nacional de Trabalho
Natal de Famílias
Operação Saudade
O Primeiro Congresso do M.N.F
Dia da Mulher Portuguesa
Exposição de Ambientes Portugueses dos séculos XVI. A XIX
Operação Sorriso
Visitas do M.N.F. ao Ultramar
Operação Presença
Capítulo V
A IMAGEM INVERTIDA DA GUERRA
A importância das Madrinhas de Guerra junto dos militares
1. O testemunho das Madrinhas de Guerra do M.N.F.
2. As Madrinhas de Guerra fora do M.N.F.
CONCLUSÃO
Notas
Fontes
Bibliografia
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