terça-feira, 6 de junho de 2017
Angola & História - 'UMA RICA DONA DE LUANDA', de Júlio de Castro Lopo - Lisboa 1948 - MUITO RARO
Angola - Colonialismo & História - Um trabalho de investigação sobre Dona Ana Joaquina dos Santos e Silva
'UMA RICA DONA DE LUANDA'
De Júlio de Castro Lopo
Lisboa 1948
Livro com 16 páginas e em muito bom estado de conservação.
De muito, muito difícil localização.
MUITO, MUITO RARO.
Obra raríssima dedicada a Dona Ana Joaquina dos Santos e Silva, à sua época e ao modo de vida em Luanda, deste investigador e historiador cujas temáticas maioritariamente versaram sobre esta ex-colónia portuguesa da África Ocidental.
Sobre a personalidade versada na obra e a sua residência história:
"Fez há pouco um ano, em Novembro último, que os jornais não oficiosos de Luanda se insurgiram contra a demolição, por alegado estado de ruína, de um vetusto edifício da baixa histórica da capital angolana, conhecido por 'palácio de Dona Ana Joaquina.
Tornou-se esta Senhora uma figura emblemática da sociedade crioula luandense do século XIX: mestiça rica, educada, conviva de governadores, em cujo palacete reunia a fina flor da burguesia, num tempo ainda em que os negros e os mestiços ricos e educados de Luanda conviviam descomplexadamente com os seus 'iguais' brancos, como eles comerciantes, funcionários públicos, proprietários, mercadores de escravos e armadores de navios negreiros, com bens e interesses repartidos por Angola e Brasil.
O palacete de Dona Ana Joaquina dos Santos Silva, a 'rica-dona de Luanda' - como lhe chamou o historiador Júlio de Castro Lopo - valia como um símbolo desse tempo em que a escravatura ainda era defendida por alguns notáveis, porque - no dizer do historiador brasileiro Pedro Calmon - 'a moral do comércio era diferente do conceito filosófico do século XIX: louvava-se no costume e na tradição', embora na segunda metade deste século, a que pertencia Dona Ana Joaquina, o tráfico já estivesse estigmatizado desde a legislação de 1836 do marquês de Sá da Bandeira e sobrevivesse na clandestinidade.
Demolido agora o imponente, mesmo arruinado, prédio, às ordens das autoridades, dir-se-ia que se desejava apagar o símbolo de um passado de más memórias que não tinha o "direito" de competir com a "modernidade" dos prédios circundantes; e que, desaparecido, era como se estivesse lavada a mancha horrível de um período da história colonial que não poderia ser grato aos 'novos' angolanos.
(...)"
Fonte: http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=97&doc=8250&mid=2
JÚLIO DE CASTRO LOPO:
Nasceu em Valpaços, em 18.4.1899 e morreu na mesma vila, em 4.3.1971.
Passou mais de meio século em Angola, onde deixou bem marcada a sua passagem por ali. A sua ocupação principal passou a como funcionário público. Mas ele foi, essencialmente, um intelectual. Deixou uma infinidade de obras, para além das muitas dezenas de artigos de carácter científico que deixou nos jornais e revistas, tanto do Ultramar como da Metrópole.
Citamos os principais livros:
- 'Estudos de historiografia Angolense';
- 'O Vocábulo "Loanda" Subsídios Históricos' (1942);
- 'Para a História da Imprensa de Angola' (1962);
- 'Recordações da Capital de Angola de Outros Tempos' (1963);
- 'Para a História do Cacau de Angola' (1964);
- 'Jornalismo de Angola Subsídios para a sua História' (1964);
- 'Um intelectual Monsenhor Doutor Manuel Alves da Cunha Notas Biográficas e Bibliográficas' (1948)
- ' Uma Rica Dona de Luanda' (1959);
- 'Uma Bragança no Cemitério de Luanda';
- 'Um doutor de Coimbra em Luanda' (1959);
- 'Dois Brasileiros na Capital de Angola' (1962);
- 'PAIVA COUCEIRO - Uma grande figura de Angola' (1968);
Conferências:
- 'Em Louvor de Guerra Junqueira: e de sua obra' (1950);
- 'Para a História do Jornalismo de Angola' (1952 - reportagens arquivadas em opúsculos);
- 'Alguns aspectos dos Musseques de Luanda' (1948);
- 'A propósito do Centenário da Associação Comercial de Luanda' (1965 inédito);
- 'Do Amor e do Dinheiro (conf. proferida em 19.10.1951 em Luanda, no Palácio do Comércio, a convite da Sociedade Cultural de Angola).
Merece também referência a obra editada pela Agência Geral do Ultramar, com um prefácio elogioso, do Dr. Amândio César. Essa obra, chamou-se: 'PAIVA COUCEIRO - Uma grande figura de Angola' (1968). Amândio César esclarece que este livro resultou da junção de 37 artigos que Júlio de Castro Lopo assinou na revista 'NOTÍCIA', a partir de 20 de Fevereiro de 1965, sobre Paiva Couceiro.
Igualmente informa que I.C. L. colaborou em 'A Província de Angola', 'Faísca', 'O Sport de Luanda', 'Mocidade', 'A Pátria', 'Comércio de Angola', 'A Situação', 'última Hora' que mais tarde se transformou no 'Diário de Luanda' e 'Notícias'.
Colaborou ainda nas revistas: 'Notícia', 'Angola Ilustrada' e 'Actividade Económica de Angola'.
Juntamente com Virglio Cidrais fundou a revista 'KI KI RI KI', sendo ele o director literário e editor e aquele seu associado o director artístico. O insuspeito ensaísta Amândio César escreveu, nesse prefácio: "Não estamos diante de uma personalidade que se lançou à aventura através dos trilhos intelectuais por onde executou a sua vasta e importantíssima obra. Não. Júlio de Castro Lopo é, antes de mais nada, o investigador sério, isento, imperturbável, para quem só os factos e os documentos contam".
Adaptação. fonte: http://www.dodouropress.pt/index.asp?idedicao=66&idseccao=565&id=3030&action=noticia
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