domingo, 21 de maio de 2017

Angola & MPLA - 'MAYOMBE' (3.ª edição), de Pepetela - Lisboa 1988 - RARO;




Angola & MPLA - A luta de resistência ao colonialismo português levada a cabo pelos angolanos


'MAYOMBE' - 3ª edição
De Pepetela
dições 70
Lisboa 1988


Livro com 288 páginas, ilustrado e em muito bom estado de conservação.
De muito difícil localização.
RARO.


De seu nome verdadeiro Artur Pestana, o autor cedo aderiu ao MPLA e esteve na frente de combate de Cabinda até à queda do regime português em 25 de Abril de 1974, tendo regressado a Luanda à escrita.


Da abertura:
"Enformada num substrato cultural de remotas origens, a que a tradição oral e a expressão linguística portuguesa deram voz por dilatado período, a literatura angolana parte hoje, por diversas e experimentais vias, ao encontro da identificação com a personalidade cultural do seu povo.
Mais que o esboço de uma diferenciação linguística é a real afirmação do potencial criador e da genuína especificidade de uma cultura nacional africana que a obra dos escritores angolanos dos nossos dias patenteia. Numa breve síntese do espírito desta colecção. pode-se dizer com propriedade que estamos perante uma literatura nova de um país novo.
AUTORES ANGOLANOS"



Sinopse
"O Mayombe começa com um comunicado de guerra. Eu escrevi o comunicado e...o comunicado pareceu-me muito frio, coisa para jornalista, e eu continuei o comunicado de guerra para mim, assim nasceu o livro." - Pepetela.

Escrito em 1970/71, em Cabinda e publicado em 1980. Se outras obras têm o ir buscar à história a explicação para problemas diversos, Mayombe conta história. é um livro de construção da história.

Pepetela é, com esta obra, um dos primeiros sinais de critica interna no MPLA, ao racismo, corrupção, machismo, isto levou a que vários problemas se levantasse à publicação do livro. O escritor teve que fazer muitas explicações e palestras sobre a obra. Ela foi o primeiro testemunho público e assumido por um militante, de que o MPLA não era perfeito embora tenhamos sempre que ter em conta que é uma crítica feita dentro do limite possível de quem vê as coisas do ponto de vista do participante. Será um livro de história na medida em que é a realidade vivida pelo autor tornada ficção. O único documento escrito que legitima a presença do MPLA em Cabinda é esta obra de Pepetela - diz a história oficial que o MPLA teria mandado os seus melhores guerrilheiros para Cabinda.

A publicação da obra tem também a sua história. Pepetela havida dado a obra a Agostinho Neto para que este a lê-se, à semelhança do que havia feito com outros trabalhos seus. Durante muito tempo o próprio autor hesitou em publicar a obra, as razões eram políticas, "será que é útil, a revolução era ainda muito recente... Poderia o livro servir os inimigos?" - Pepetela. Quando se decidiu enfim a publicação da obra, a nível interno do MPLA foi importante o facto de testemunhas terem ouvido Neto dizer que concordava politicamente com o conteúdo de Mayombe.

Quanto ao conteúdo de Mayombe em Mayombe temos o traço filosófico do homem como indivíduo e o seu comportamento como guerrilheiro. É a história do guerrilheiro, da guerrilheira, mas sempre dos indivíduos nas suas ideias.

Pepetela joga, nesta obra com outro tipo de legados, os culturais. Veja-se a dedicatória do livro: a ogum o prometeu africano - Ogum é Yoruba e foi para o Brasil na rota dos escravos, em Angola não é conhecido. É com estes diversos legados culturais que o autor joga.

Mayombe é uma grande epopeia, a épica dos guerrilheiros. Relembra alguns escritores franceses que escreveram sobre a guerrilha da Indochina, especialmente " A condição Humana" de André Malraux.

Mayombe é a primeira obra angolana que dessacraliza os heróis.

"É uma obra também contra o dogmatismo, o Sem-Medo era um Anarquista, não podia ser mas de facto era. A obra tem já uma série de advertências sobre o partido único mas a grande contribuição do Sem-Medo foi a da religião na política." - Pepetela

Fonte: http://www.portaldaliteratura.com/livros.php?livro=3591#ixzz0cib7VBGb


PEPETELA:
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, conhecido pelo pseudónimo de 'Pepetela' (Benguela, 29 de Outubro de 1941), é um escritor angolano.

A sua obra reflete sobre a história contemporânea de Angola, e os problemas que a sociedade angolana enfrenta. Durante a longa guerra, Pepetela, angolano de ascendência portuguesa, lutou juntamente com MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) para libertação da sua terra natal. O seu romance, Mayombe, retrata as vidas e os pensamentos de um grupo de guerrilheiros durante aquela guerra. Yaka segue a vida de uma família colonial na cidade de Benguela ao longo de um século, e A Geração da Utopia mostra a desilusão existente em Angola depois da independência. A história angolana antes do colonialismo também faz parte das obras de Pepetela, e pode ser lida em A Gloriosa Família e Lueji. A sua obra nos anos 2000 critica a situação angolana, textos que contam com um estilo satírico incluem a série de romances policiais denominada Jaime Bunda. As suas obras recentes também incluem: Predadores, uma crítica áspera das classes dominantes de Angola, O Quase Fim do Mundo, uma alegoria pós-apocalíptica, e O Planalto e a Estepe, que examina as ligações entre Angola e outros países ex-comunistas. Licenciado em Sociologia, Pepetela é docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade Agostinho Neto em Luanda.



Obras:
Livros de Romances

- 'As Aventuras de Ngunga' (1972);
- 'Muana Puó' (1978);
- 'Mayombe' (1980);
- 'O Cão e os Caluandas' (1985);
- 'Yaka' (1985);
- 'Lueji' (1990);
- 'Geração da Utopia' (1992);
- 'O Desejo de Kianda' (1995);
- 'Parábola do Cágado Velho' (1997);
- 'A Gloriosa Família' (1997);
- 'A Montanha da Água Lilás' (2000);
- 'Jaime Bunda, Agente Secreto' (2001);
- 'Jaime Bunda e a Morte do Americano' (2003);
- 'Predadores' (2005);
- 'O Terrorista de Berkeley, Califórnia' (2007);
- 'O Quase Fim do Mundo' (2008);
- 'Contos de Morte' (2008);
- 'O Planalto e a Estepe' (2009);
- 'A Sul. O Sombreiro' (2011);
- 'O Tímido e as Mulheres' (2013);

Peças
- 'A Corda' (1978); e
- A Revolta da Casa dos Ídolos (1980).


Preço: 30,00€

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