Angola & Colonialismo - Relato de factos ilustrativos da resistência anti-colonial nos inícios do século XX
'RELATOS DOS ACONTECIMENTOS DE DALA TANDO E LUCALA'
De António de Assis Júnior
Edição da União dos Escritores Angolanos
Luanda 1985
Livro com 162 páginas e em muito bom estado de conservação.
De muito difícil localização.
RARO.
Da contra-capa:
"Os acontecimentos que este livro relata, ocorridos em Dala Tando e Lucala em Julho e Agosto de 1917 e que levaram à prisão António de Assis Júnior e outros angolanos por suposta instigação de um movimento nativista, esses acontecimentos não podem ser compreendidos sem um correcto enquadramento no contexto histórico em que ocorreram..."
"Estava longe de suspeitar que viria um dia a figurar na tal fita da sonhada conspiração, e passaria privações sem conta, que jamais esquecerei: Em 2 de Agosto, quinta-feira, passava pela estação da Funda, de que eu era o chefe, um comboio ordinário, levando uma carruagem de 3ª classe com presos. Por uns zunzuns, sabia já que os brancos de Dala - Tando e Lucala queriam comer carne de preto... Como estava determinado, nela entrei sem oposição das sentinelas, para efectuar a revisão que havia feito em todas as outras. Já dentro dela fui pelos soldados, perfeitos selvagens que jamais vi iguais, violentamente agredido (e o comboio em marcha), descalçado, rasgada a roupa e o boné do uniforme e imediatamente amarrado. E isto feito em menos tempo que o necessário para o contar. O condutor, porém, após 3 quilómetros de percurso da estação, fez parar o comboio e ali aparecera a declinar a minha identidade, sendo então desamarrado e solto; mas muito maltratado e contuso. (...) No noite do dia 5- domingo-, estando de serviço na estação do Bundo, apareceram 2 sargentos - um dos quis reconheci ser o Felizardo- que confidencialmente falaram ao chefe Armendia, que, depois, me impediu que os acompanhasse à polícia. Estranhei o facto, mas eles procuraram sossegar-me: -Não tenha receio; é apenas para prestar declarações sobre a sua agressão na Funda. Como os presos que assistiram ao caso vão ser deportados esta noite, não poderão depois testemunhá-lo. O interesse, pois, é seu... -Decidi-me a ir, pois se eu nada havia feito... Chegado à polícia fui, logo recolhido na prisão n.º 4 - segredo - ; dois dias depois fui presente ao comandante e aí relatei o caso, sendo recolhido de novo à prisão. Uma semana depois fui presente ao administrador, Viana Frazão, e acompanhado por este, por dois sargentos (Carvalho e Gonçalves), escrivão Freitas e 2 polícias, fomos todos à minha casa, onde procederam a uma busca e apreensão de toda a minha correspondência e algum dinheiro que encontraram na mala - uma parte do qual me foi entregue na polícia mediante recibo. A correspondência e parte do dinheiro até hoje não sei deles."
In - 'RELATO DOS ACONTECIMENTOS DE DALA TANDO E LUCALA'.
Do ÍNDICE:
- PREFÁCIO - Por Henrique Guerra;
PARTE I
- Razão de Ser;
- Preliminares;
- Como eu fui preso;
- Na prisão;
- Mais prisões;
- Diligências;
- Uma blague;
PARTE II
- Crítica situação;
- Consequências;
- Depoimentos;
- O meu papel na conspiração;
- Parêntesis;
- O início da conspiração;
- Depoimento final;
- CONCLUSÃO.
ANTÓNIO DE ASSIS JÍNIOR:
De seu nome completo, nasceu em 1887, na vila do Golungo Alto, província do Kwanza Norte.
Publicou a novela 'RELATO DOS ACONTECIMENTOS DALA TANDO E LUCALA' e 'SEGREDO DA MORTA' (1935), para além de um dicionário de kimbundu-português, na senda do exemplo do filólogo Cordeiro de Mata. Como advogado destacou-se na defesa intransigente dos direitos dos camponeses espoliados das suas terras pelos colonos.
Nacionalista assumido e convicto foi co-fundador da Liga Nacional Africana. Devido à sua forte postura cívica a favor dos nativos, foi desterrado para Lisboa, onde viria a falecer em 1961, amargurado, fora da terra - mãe que muito amava.
Preço: 27,50€;
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