quinta-feira, 17 de março de 2016

Portugal & Literatura - ‘WALT’ - Ou o frio e o quente’, de Fernando Assis Pacheco - Amadora 1976 - Raro;






Portugal & Literatura - Uma das primeiras obras deste jornalista e escritor polémico e simultaneamente sarcástico e acertivo 


‘WALT - Ou o frio e o quente’ 
de Fernando Assis Pacheco 
Edição Livraria Bertrand 
Amadora 1976 


Livro com 120 páginas e em muito bom estado de conservação. Excelente. 
De muito difícil localização. 
Raro.


Da contracapa: 
“Este livro é uma prosa acerca dos malefícios da guerra entendidos no tempo do inefável Marcial Caneta, quando se falava no Vietnam ‘por coisas da causa’. ‘Causa’ que que ninguém desposava; ‘coisas’ que ficaram, alarves, para a gente conhecer enfim como puderam ser, e porquê. Não tenho por isso nenhum remorso de estilo. Eu queria apenas dizer ‘Gare Marítima de Alcântara’, ‘Lisboa’, num ano qualquer entre 1961 e 1974.
Meto na prosa soldados, civis, incivis, chulos e putas, eu próprio estou lá, disfarçado de narrador-alferes, choro à bruta, gozo como um cabinda, narro, minto, finto o leitor, apetecia-me mandar o país Portugal ao Tota, mas em segunda leitura sou um tipo basto moral e paro a meio palmo do traço proibido - ternuras ! Quem grita no salto para o desconhecido é o meu preclaro comandado Frank Camiões. 
O coração em brasa pelos indefesos, xandras incluídas, vem do tempo em que eu aprendia jornalismo. Atenção à Brenda, esse pedaço de coxa ! E ao Joe Louis, afilhado inevitável ! Bebi em todas as barras de zinco de Lisboa até encostá-los ao peito. 
Literatura-literatura, bah. Noutra altura talvez. Viva o Português de quatrocentas calhoadas ao minuto, que é por onde respiro !“ 
Fernando Assis Pacheco 


O Autor: 
“Fernando Santiago Mendes de Assis Pacheco 
(Coimbra, 1 de fevereiro de 1937 — Lisboa, 30 de novembro de 1995) 
foi um jornalista, crítico, tradutor e escritor.

Cônjuge - Maria do Rosário Pinto de Ruella Ramos (1963-1995, 6 filhos)
Ocupação - Poeta, escritor, jornalista 

Biografia 
Licenciado em Filologia Germânica pela Universidade de Coimbra, viveu nesta cidade até iniciar o serviço militar, em 1961. Filho de José Maria Assis Pacheco, médico em Coimbra, o seu avô materno era um galego e seu avô paterno era roceiro em São Tomé.
Enquanto jovem, foi ator de teatro, no TEUC e no CITAC, e redator da revista Vértice,[5] o que lhe permitiu privar de perto com o poeta neo-realista Joaquim Namorado e com poetas da sua geração, como Manuel Alegre, bem como com o futuro jornalista José Carlos de Vasconcelos. Foi membro do Orfeão Académico de Coimbra, onde terá conhecido o cantautor português José Afonso. 
Cumpriu parte do serviço militar em Portugal entre 1961 e 1963, tendo seguido como expedicionário para Angola, onde esteve até 1965 e onde nasceu a sua filha Rita. Inicialmente integrado num batalhão de cavalaria, viria a ser reciclado nos serviços auxiliares e colocado no Quartel-General da Região Militar de Angola.
Casou a 4 de fevereiro de 1963 com Maria do Rosário Pinto de Ruela Ramos (27 de Julho de 1941), filha de João Ruella Ramos e de sua mulher Germana Marques Vieira Pinto, de quem teve cinco filhas e um filho.
Em 1977 participou no concurso televisivo ‘A visita da Cornélia’, o que lhe granjeou maior popularidade no palco nacional. 
Faleceu subitamente a 30 de Novembro de 1995, à porta da ‘Livraria Buchholz’. 

Obra literária
Publicou a primeira obra em Coimbra, com o patrocínio paterno, não obstante se encontrar, na altura, em África. ‘Cuidar dos Vivos’ é o título do livro de estreia, poemas de protesto político e cívico, com afloramento dos temas da morte e do amor. Em apêndice, dois poemas sobre a guerra em Angola, que terão sido dos primeiros publicados sobre este conflito. O tema da guerra em África voltaria a impor-se na obra poética ‘Câu Kiên: Um Resumo’ (1972), ainda que sob ‘camuflagem vietnamita’, livro que em 1976 conheceria a sua versão definitiva com o título ‘Catalabanza, Quilolo e Volta’. 
Na obra ‘Memória do Contencioso e Outros poemas’ (1980) reúne folhetos publicados entre 1972 e 1980, e em ‘Variações em Sousa’ (1987) constitui um regresso aos temas da infância e da adolescência, com Coimbra como cenário, e refinando uma veia jocosa e satírica já visível nos poemas inaugurais. A novela Walt (1978) comprova-o exuberantemente. Era notável em Assis Pacheco a sua larga cultura galega, aliás sobejamente explanada em alguns dos seus textos jornalísticos e no seu romance ‘Trabalhos e Paixões de Benito Prada’. Em ‘A Musa Irregular’ (1991) reuniu toda a sua produção poética.
Traduziu para português obras de Pablo Neruda e Gabriel García Márquez. 

Jornalista
Nunca conheceu outra profissão que não fosse o jornalismo: deixou a sua marca de grande repórter no ‘Diário de Lisboa’, na ‘República’, no ‘JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias’, no Musicalíssimo e no ‘Se7e’, onde foi director-adjunto. Foi também redactor e chefe de Redacção de ‘O Jornal’, semanário onde durante dez anos exerceu crítica literária, e colaborador da RTP.” 


Obras do Autor: 
- ‘Cuidar dos Vivos’ - poesia - 1963; 
- ‘Câu Kiên: Um Resumo’ - poesia - 1972; 
(republicado em 1976 com o título Catalabanza, Quilolo e Volta) 
- ‘Walt’ - novela - 1978; 
- ‘Memórias do Contencioso e Outros Poemas’ - poesia - 1980; 
- ‘A Musa Irregular’ - antologia poética - 1991; 
- ‘Trabalhos e Paixões de Benito Prada’ - romance - 1993; 
- ‘Retratos Falados’ - colectânea de entrevistas, póstumo - 2001; 
- ‘Respiração Assistida’ - poesia, póstumo - 2003; 
- ‘Memórias de um Craque’ - crónicas, póstumo - 2005; 
- ‘Bronco Angel, o cow-boy analfabeto’ - folhetim, primeiro volume da obra completa, póstumo - 2015; 
- ‘Tenho Cinco Minutos Para Contar Uma História’ - póstumo - 2017.


Preço: 17,50€; 

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