quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Portugal & Guerra do Ultramar - 'GUINÉ - 9 DIAS EM MARÇO', de Horácio Caio - Lisboa 1970 - Muito raro;



















Portugal & Guerra do Ultramar - A visita do último Ministro da Defesa Nacional, Silva Cunha (1973-1974) à Guiné, quando o PAIGC afiançava na imprensa internacional controlar grande parte do território, na sequência da declaração unilateral da independência em Madina do Boé, visando percorrer o território para desmentir a propaganda do movimento guerrilheiro 



'GUINÉ - 9 DIAS EM MARÇO'
De Horácio Caio
Lisboa 1970


Livro com 44 páginas, muito ilustrado e em muito bom estado de conservação.
De muito difícil localização.
MUITO RARO.


Reportagem da visita do Ministro Silva Cunha que na companhia do comandante e governador da Guiné, Gen António de Spínola, visitou todo o território em tranquilidade, contrariando assim a propaganda da guerrilha que afirmava estar o território todo ele na posse, controle ou disputa pelo que as autoridades portuguesas não podiam circular.



Do ÍNDICE: 

I - A GRANDE ÁRVORE TOMBOU
E FUGIRAM OS PÁSSAROS QUE ELA ALBERGAVA
(Da canção de Alfá Iáiá)
- ENQUANTO DOS PORTUGUESES CONSTROEM
OS INIMIGOS APENAS DESTROEM

II - A NOITE É GRANDE E NÃO DEVE SER GASTA
DO SOL POSTO À MANHÃ, TODA A DORMIR
(Da canção de Cherno Rachide)
- UMA JUBILOSA PEREGRINAÇÃO SEM ESCOLTA
AOS LOCAIS FRONTEIRIÇOS 'OCUPADOS' PELO INIMIGO

III - ... HÁ EM TODA A TERRA, UMA NAÇÃO DE NEGROS
TIDA E HAVIDA ENTRE ELES POR JUDEUS...
('Tratado breve dos Rios da Guiné', de Antão Álvares de Almada)
- NA GUINÉ, APESAR DA GUERRA
OS JOVENS PARTICIPAM JÁ DE UMA VIDA MELHOR

IV - OS COBARDES, ESSES VIVEM MAIS
MAS NUNCA TERÃO MÚSICA PARA DANÇAR
(Da canção de Quelé Fabá)
- O PRIMEIRO SOLDADO DA GUINÉ
EXEMPLO DE CONFIANÇA NA RECONSTRUÇÃO

V - DEVES TER FÉ EM DEUS QUE TUDO PREVÊ
E TUDO PODE ACERCA DOS MORTAIS
(Da canção do sábio Lagomane)
- COMEÇA A DESVENDAR-SE O VÉU
DA MENTIRA INTERNACIONAL




Comentário sobre o livro: 
"Em 1970, Horácio Caio escreve “Guiné, 9 dias em Março”. O ponto de partida era uma entrevista que Amílcar Cabral concedera à revista Newsweek, em Março desse ano, e onde mais uma vez se referia que o PAIGC controlava dois terços do território. Feliz coincidência, diz o jornalista, chegava a Bissau por essa altura o ministro do Ultramar, Silva Cunha, que viria a ser alvo de apoteótica recepção. O senhor ministro iniciava uma visita de 9 dias, o jornalista estava ali para testemunhar como eram destituídas de fundamento as afirmações do líder do PAIGC.
A Guiné no seu todo dá sinais de progresso, rasgam-se e alcatroam-se estradas pelo interior da floresta, lançam-se pontes e viadutos, constroem-se aldeamentos, escolas e hospitais, criam-se granjas agrícolas, recuperam-se bolanhas onde viceja o arroz. Nesse ano de 1970 inicia-se a terceira cobertura da província por rastreio antituberculoso seguido de vacinação BCG. O senhor ministro examina maquetes, desloca-se a escolas, tudo em Bissau.
Depois toma um avião e vai até Bafatá, agora elevada a cidade, é acolhido por uma multidão. A Primeira Companhia de Comandos Africanos presta-lhe honras militares, estão lá o Capitão João Bacar Djaló e o Alferes Zacarias Saiegh. Seguem depois de helicóptero (Silva Cunha e Spínola) para uma visita às populações na fronteira com o Senegal, vão primeiro a Sare Bacar, Horácio Caio escreve:
“No ar da Guiné portuguesa, dois helicópteros desarmados, ora voando junto à savana, ora erguendo-se aos duzentos metros, nervosos e extremes, como libélulas gigantes, a deixar jogar a paisagem plana, selvagem e exótica dos trópicos”.
Tanta poesia para falar da liberdade de circular pela Guiné de helicóptero! A viagem prossegue, como escreve o repórter:
“Canhamina é um complexo de aldeamentos autodefendidos, um pouco ao Sul. Os helicópteros desceram, os residentes acercaram-se em número de algumas centenas e as crianças em correria louca gritavam aos que se encontravam nos campos próximos para que viessem também”.
Regressam a Bafatá e o senhor ministro entra num automóvel que o conduz a Bambadinca. Escreve o repórter que se trata de uma airosa estrada asfaltada, no “coração da floresta”.
Novo dia de trabalho, desta vez uma viagem de avião até ao Gabu, o senhor ministro vai inaugurar um aeródromo. Milhares de pessoas aglomeram-se ao redor da pista. Em Nova Lamego, continua o repórter, está a operar-se um milagre na agricultura e na pecuária, é o que todos podem ver na Granja Agrícola do Gabu. O senhor ministro andou livremente e sem medo. Foi onde quis. De lés-a-lés, a Guiné conheceu a presença do senhor ministro. E para que não sobrassem dúvidas, os helicópteros visitaram as povoações de Beli e de Madina de Boé, isto é, os helicópteros sobrevoaram a baixa altitude os antigos quartéis, ali não havia nada para ver, a fotografia publicada na reportagem é elucidativa: helicóptero poisado, o ministro conversa com o Comandante-Chefe, Almeida Bruno ergue na vertical uma G3, não vá o diabo tecê-las.
Nos dias que se seguem, o ministro vai de helicóptero até à ilha do Como, depois Guileje, Gadamael – porto, Cacine, Cabedú e Catió. Assim se desfaz uma mentira da propaganda adversária, o senhor ministro esteve no Centro Geográfico da Ilha de Como onde portugueses mesmo desarmados, como foi o caso, podem permanecer quando e enquanto quiserem. Horácio Caio regista a vivacidade destes encontros:
“Em Guileje e Gadamael, a despreocupação de todos era evidente. De tronco nu, soldados e oficiais entregavam-se ao desporto e às ocupações matinais. A intensa alegria com que receberam os visitantes, somada à determinação que puseram nas suas afirmações, demonstraram mais uma vez a razão da sua permanência em tão inóspitas paragens”.
A visita prossegue pelo chão manjaco, há trabalhos na estrada alcatroada Bula – São Vicente. A recepção apoteótica em Teixeira Pinto. Depois Mansoa. O último dia na sua estada na Guiné reservou-o o titular da pasta do ultramar para presidir em Aldeia Formosa a inauguração do aeródromo do Quebo. E a reportagem termina assim: “Começa a desvendar-se o véu da mentira internacional, lançado sobre a Guiné portuguesa”.


Mário Beja Santos
Fonte: http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2011/11/guine-6374-p9024-notas-de-leitura-301.html



Preço: 32,50€;

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