Portugal - Angola & Colonialismo - Nesta obra, Henrique Galvão edita o seu relatório de actividades, após ter terminado as funções enquanto Governador da Huíla, um dos distritos desta antiga província ultramarina portuguesa
‘HUÍLA (Relatório de Governo)’
De Henrique Galvão (Antigo Governador da Huíla)
Edição do Autor
Composto e impresso na Tipografia Minerva, V. N. Famalicão
Lisboa 1929
Livro com 312 páginas e em muito bom estado de conservação. Excelente.
De muito difícil localização.
MUITO RARO.
Do ÍNDICE:
I PARTE: O MEIO
Capítulo I
CONSIDERAÇÕES GERAIS
- Uma doutrina Colonial - Ideias e pensamentos coloniais - O sentido de Governo num distrito - João de Almeida e o Governo da Huíla - Governos e Governadores - O sentido de Governo bo distrito da Huíla
Capítulo II
O DISTRITO DA HUÍLA
As suas fronteira e Divisão Administrativa em face da sua finalidade económica - O estado de ocupação económica do distrito - Três zonas de ocupação - Caracteres económicos actuais - As atribuições do Governador e os recursos com que pode governar
II PARTE: O GOVERNO
Capítulo I
OS SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS NO DISTRITO DA HUÍLA
- Um programa de Governo dentro dos serviços administrativos - Realizações
Capítulo II
A SITUAÇÃO FINANCEIRA
- A desorganização financeira de Angola - Huíla, distrito deficitário - As suas dificuldades - Governar sem elementos de Governo - Um plano de saneamento financeiro - Realizações: a) Para aumentar receitas; b) Para reduzir despesas; c) Para proteger o funcionalismo e classes pobres
Capítulo III
OBRAS PÚBLICAS E DE FOMENTO
- O Serviço de Obras Públicas na colónia - Vícios antigos - Obras de construção e reparação em estabelecimentos do Estado - Vias de comunicação - Estradas, Caminhos de Ferro, Carreteiras e Rios - Transportes - Outras obras de Fomento - Programa de trabalhos para dois anos se governo - Realizações
Capítulo IV
SERVIÇO TELÉGRAFO-POSTAIS
- Os seus funcionários - Desorganização dos Serviços - Os Correios - Os Telégrafos - Estatística - Projecto de trabalhos - Realizações
Capítulo V
INDÍGENAS
- Indicações do meio - A política indígena - Questões actuais - A mão-de-obra indígena - As Missões Religiosas - Realizações em matéria de política indígena
Capítulo VI
AGRICULTURA E PECUÁRIA
- Considerações gerais sobre a finalidade agrícola no distrito da Huíla - Agricultura de europeus - Agricultura por indígenas em proveito dos indígenas - Os produtos agrícolas - Arborização e Regime Florestal - Obras de Hidráulica Agrícola - O papel do Posto Agrícola - Considerações gerais sobre a finalidade pecuária no distrito da Huíla - Os trabalhos realizados e os trabalhos de futuro - A Estação Zootécnica do sul e as Missões Veterinárias
Capítulo VII
INSTRUÇÃO E NACIONALIZAÇÃO
- Considerações gerais - A instrução primária e o ensino profissional - A instrução secundária - Realizações - Nacionalização dos homens de amanhã
Capítulo VIII
OS SERVIÇOS DE COLONIZAÇÃO
- Considerações gerais - O Diploma que criou os Serviços e a sua execução prática - A situação dos colonos no planalto da Huíla - O Governador do distrito e os Serviços de Colonização - Bases para a colonização branca no planalto
Capítulo IX
QUESTÕES DE FRONTEIRA
- As cobiças que ameaçam Angola - A nossa política de fronteiras na Huíla - Um caso frisante do cuidado que se tem prestado às questões de fronteira - A questão Bóer - A emigração para as minas de Tsumeb - A questão do Cubango - Concessão de faixas de terreno para acesso às águas do rio Cunene - Trânsito de gados vindos da Rodésia e África do Sul - Regresso a Angola dos indígenas emigrados para a Damaralândia - Orlog e a sua gente - Reservas indígenas - A fiscalização da caça
Capítulo X
COMÉRCIO E INDÚSTRIA
- O carácter especial do comércio da Huíla - Males gerais e males próprios - A crise - Soluções - Novos horizontes para o comércio da Huíla - Comércio com a África do Sul - As indústrias - O futuro industrial do distrito da Huíla
Capítulo XI
SERVIÇOS MILITARES
- A organização militar da colónia - Huíla, distrito militar - As despesas militares - Plano de realizações imediatas nos serviços militares - O que foi realizado
Capítulo XII
SERVIÇOS DE SAÚDE
- Nosologia
ANEXO AO RELATÓRIO
- Último acto
Preço: 77,50€;
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BIOGRAFIA DO AUTOR:
“Henrique Carlos da Mata Galvão ou Henrique Carlos Malta Galvão (Barreiro, 4 de fevereiro de 1895 – São Paulo, 25 de junho de 1970) foi um oficial do exército, inspetor da administração colonial portuguesa e escritor português.
HENRIQUE GALVÃO
Nascimento: 4 de fevereiro de 1895 - Barreiro.
Morte: 25 de junho de 1970 (75 anos) - São Paulo, Brasil.
Condecorações:
Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo
Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Ficou mundialmente famoso, em 1961, por ter organizado e comandado o assalto ao paquete Santa Maria, numa tentativa de provocar uma crise política contra o regime de Salazar.
Era irmão de Madalena Patacho, conhecida pelos seus programas infantis na rádio.
BIOGRAFIA
Henrique Galvão desde cedo seguiu a carreira militar. Foi um dos apoiantes de Sidónio Pais. Foi administrador do concelho de Montemor-o-Novo. Participou na revolução de 28 de maio de 1926 e foi um fervoroso apoiante do Estado Novo até se desiludir com o regime salazarista.
Foi Comissário-Geral da Exposição Colonial Portuguesa, realizada no Porto, em 1934. Nesse mesmo ano foi nomeado como primeiro director da Emissora Nacional e, a 1 de agosto, agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo. Mais tarde, esteve em África, onde organizou acções de propaganda. Foi governador de Huíla. Angola inspirou-lhe a veia literária, tendo escrito uma série de livros brilhantes sobre a vida nas colónias africanas, a sua antropologia e zoologia. Também sobressaiu como diretor da revista Portugal Colonial (1931-1937) e artigos que escreveu em outros periódicos nomeadamente no órgão oficial do Integralismo lusitano a Nação Portuguesa.
Galvão foi eleito deputado à Assembleia Nacional por Moçambique, em 1945. Teve a oportunidade de verificar as condições desumanas em que os nativos das colónias, sujeitos ao Estatuto do Indigenato, se encontravam, sendo obrigados a trabalhos forçados, não remunerados. A sua ‘Exposição do Deputado Henrique Galvão à comissão de Colónias da Assembleia Nacional’ foi apresentada em 22 de Janeiro de 1947, e veio a ser a principal razão para o seu rompimento com o Estado Novo. Galvão sustentava que ‘o trabalho forçado ou "contratado" era a norma, as condições de vida miseráveis, a corrupção entre as autoridades generalizada’, chegando mesmo a dizer que os escravos eram melhor tratados que os trabalhadores forçados, já que aos primeiros, sendo sua propriedade, o dono se esforçava por manter vivos e com saúde, enquanto que os segundos, se morriam de fome ou exaustão, eram substituídos por mais trabalhadores ‘recrutados’ pelo Estado.’
Como protesto pelo facto de o regime ter ignorado as reivindicações que pretendia para melhorar as condições de vida dos nativos das colónias, passou para a Oposição Democrática. No início da década de 50, começou a conspirar com outros militares, mas acabou por ser descoberto, preso e expulso do exército. Apoiou a candidatura presidencial do general Humberto Delgado em 1958. Em 1959, aproveitando uma ida ao Hospital de Santa Maria, fugiu e refugiou-se na embaixada da Argentina, tendo conseguido exílio político na Venezuela. Henrique Galvão era, com Humberto Delgado, a principal figura dos meios oposicionistas não afectos ao Partido Comunista Português. Para o Partido Comunista, Portugal ainda não estava pronto para a revolução, enquanto Galvão achava que não havia tempo a perder. Foi durante o exílio que começou a preparar aquela que seria a sua acção mais espectacular: o desvio do paquete português Santa Maria, cheio de passageiros, a que deu o nome de ‘Operação Dulcineia’. Coordenou esta acção com Humberto Delgado, que estava exilado no Brasil.
O Caso do ‘SANTA MARIA’
O navio escolhido foi o paquete ‘Santa Maria’, que tinha largado em 9 de janeiro de 1961 para uma viagem regular até Miami. Galvão embarcou clandestinamente no navio, em Curaçao, Antilhas Holandesas. A bordo já se encontravam os 20 elementos da Direcção Revolucionária Ibérica de Libertação, grupo que assumiria a responsabilidade pelo assalto. O navio levava cerca de 612 passageiros, muitos norte-americanos, e 350 tripulantes. A operação começou na madrugada de 22 de janeiro, com a ocupação da ponte de comando. Um dos oficiais de bordo, o 3º piloto João José Nascimento Costa, ofereceu resistência e foi morto a tiro pelo comando espanhol, e outras duas pessoas foram feridas com gravidade;[8] os restantes renderam-se. O paquete mudou de rumo e partiu em direcção a África. Henrique Galvão queria dirigir-se à ilha espanhola de Fernando Pó, no golfo da Guiné, e a partir daí atacar Luanda, que seria o ponto de partida para o derrube dos governos de Lisboa e Madrid. Um plano megalómano e quixotesco, condenado ao fracasso, mas que chamaria as atenções internacionais para a ditadura salazarista.
As coisas começaram a complicar-se quando o navio foi avistado por um cargueiro dinamarquês, que avisou a guarda costeira americana. Daí até à chegada dos navios de guerra foi um ápice. Vendo que tudo estava perdido, Henrique Galvão decidiu rumar ao Recife e render-se às autoridades brasileiras, pedindo asilo político, que foi aceite.
A morte
Henrique Galvão morreu em São Paulo, em 25 de junho de 1970, com a doença de Alzheimer.
A 7 de novembro de 1991 foi agraciado a título póstumo com a grã-cruz da Ordem da Liberdade.