Angola - MPLA & 27 de Maio de 1977 - Um relato na primeira pessoa da revolução angolana, da descolonização, as lutas fratricidas pré independência entre os movimentos de libertação, e no interior do MPLA as perseguições das minorias esquerdistas, até às prisões arbitrárias e à revolta nitista contra Neto 
‘SÃO PAULO, PRISÃO DE LUANDA’ 
De Carlos Taveira (Piri) 
Edição Guerra & Paz 
Lisboa 2019
Livro com 176 páginas e em muito bom estado de conservação. Novo. Excelente. 
Da contracapa: 
“QUASE TODOS OS PARTOS DAS NAÇÕES FAZEM-SE NA DOR.
E ANGOLA NÃO FOI EXCEPÇÃO. 
Em finais de 1976, a cadeia de S. Paulo, em Luanda, estava nas mãos da DISA, a polícia política do regime angolano sob a presidência de Agostinho Neto, quando Carlos Taveira, acusado de pertencer à Organização Comunista de Angola (OCA), foi preso sem direito a defesa ou a julgamento, como tantos outros, por tempo indeterminado. 
Foi em S. Paulo que o autor viveu o golpe de estado de 27 de Maio de 1977, o grande tabu da história de Angola, que culminou nas execuções de Nito Alves, José Van Dúnem, Sita Valles e milhares de supostos apoiantes. Nestas memórias, relata pormenores do assalto à cadeia, que esteve cinco horas debaixo de fogo, conta como a repressão se adensou depois da intentona, revela torturas, espancamentos e execuções extrajudiciais. Mas, com um humor desconcertante, também descreve momentos de lazer e incríveis aventuras que viveu na prisão.“ 
O AUTOR: 
“CARLOS TAVEIRA (Piri) veio ao mundo em 1953, numa quinta-feira de lua nova, numa praia do atlântico sul em Angola (Lobito), de país também por lá nascidos. Ali cresceu, e completou o liceu, ali o apanhou o conflito armado que levou à Dipanda, a independência, em 1975. 
Dez anos depois, fugindo à guerra e a alguns percalços a que o conduziram certas vias de esquerda, migrou, com a família, dos trópicos para as Neves de Montreal, em pleno inverno canadiano. De Montreal a Otava, ganha a sua nova vida como consultor em informática para o governo federal canadiano. 
Com o rolar dos anos (e das rotativas tipográficas), foi deixando na esteira da vida alguns romances e uma recolha poética. Utilizou as línguas de Camões e Molière, interessando-se sobretudo por figuras lusófonas que marcaram a história do Canadá. Regressa à sua língua Natal a bordo destas memórias.“ 
Da badana: 
“- Não te esqueças, estás colocado - ouvi alguém gritar, com um forte sotaque luandense, ao sair do elevador. 
Postado à minha frente, erguia-se um grande militar, em uniforme camuflado, apontando-me uma Kalashnikov. Um tipo à civil apareceu e espetou-me uma pistola no estômago enquanto o outro me revistava. 
- Entra, senta-te e não fales com ninguém - grasnou o homem bruscamente, sem se apresentar, abrindo a porta do apartamento, onde só uma ligeira luz brilhava. Deparei-me com dois amigos meus sentados e com ar preocupado. Estavam guardados por outros militares armados. (…) 
- Somos da segurança do Estado, e vocês são acusados de pertencerem à OCA (Organização Comunista de Angola). Estão todos presos até provarem o contrário - e, com estas palavras, pôs a justiça de perna para o ar. 
Aperceber-me-ia de que a justiça era a última das preocupações dos agentes da segurança. (…) 
Começou assim uma nova etapa da minha vida…“ 
Do ÍNDICE: 
Dedicatória 
NOTA PRÉVIA 
PREÂMBULO 
- Emboscada 
- São Paulo, prisão de Luanda 
- Xadrez 
- Canhangulo 
- Remédios 
- Resistência 
- Autocarro do amor 
- Processos sem processo 
- Caves de S. Paulo 
- Gustavo Grillo, o mercenário 
- Detectores de mentiras 
- Siga de baixo 
- Tio Manel 
- Boleia 
- Livros e papéis 
- Solitárias e solitários 
- Maio, dia 27 
- Os loucos e os doidos 
- Panquê? 
- Colectivos e colectivas 
- Médicos 
- Professores e estudantes 
- Liberdade 
EPÍLOGO 
Dez anos depois 
Apelo dirigido a Agostinho Neto, pedindo a liberação dos presos políticos 
Agradecimentos 
Preço: 27,50€;