sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Portugal & Ultramar - ‘DECLARAÇÕES DE GUERRA - Histórias em carne viva da Guerra Colonial’, de Vasco Luís Curado - Lisboa 2019;





Portugal & Ultramar - Depoimentos e testemunhos da participação dos portugueses de todos os extractos sociais e patentes na guerra que Portugal enfrentou nas suas antigas províncias ultramarinas portuguesas de Angola, Guiné e Moçambique, de 1961 a 1975 


‘DECLARAÇÕES DE GUERRA - Histórias em carne viva da Guerra Colonial’ 
De Vasco Luís Curado 
Edição Guerra & Paz 
Lisboa 2019


Livro com 196 páginas e em muito bom estado de conservação. Novo. Excelente. 


Da ABERTURA: 
“Segundo o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), o número de militares portugueses mortos nas três frentes de combate, na guerra colonial de 1961-1974, foi de 8.831, dos quais 8.290 pertenciam ao exército, 346 à Força Aérea e 195 à Marinha. Outras fontes estimam que foram mortos mais de 1000 civis brancos, mais de metade nos massacres realizados pela UPA em 1961, em Angola, e 100.000 civis africanos. Foram feridos cerca de 100.000 militares portugueses, incluindo 20.000 deficientes permanentes e, destes, 5.120 com grau de incapacidade superior a 60%. Terá sido mobilizado quase um milhão de homens, calculando-se em 10% os que sofrem de perturbação de stresse pós-traumático. Portugal chegou a gastar mais de 40% do Orçamento de Estado no esforço de guerra. O serviço militar obrigatório durava dois anos e meio a quatro anos, com uma comissão de serviço de dois anos numa das Colónias.“ 


Da contracapa: 
“RELATOS DE PORTUGUESES QUE LUTARAM PELA PÁTRIA - E que a Pátria esqueceu.

Sem tabus, de coração aberto, têm a palavra os combatentes da Guerra Colonial. Estas são as histórias em carne viva dos soldados portugueses: o que viram, sentiram e pensaram - e os estilhaços físicos e psicológicos de uma juventude perdida que ainda hoje os atormentam. 

De 1961 a 1974, Portugal travou uma guerra em três frentes: Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Do lado português, quase um milhão de mobilizados, perto de dez mil mortos, dezenas de milhares de mutilados e um número indeterminado de stressados de guerra. 

Este livro reúne 48 relatos emocionantes, que testemunham diferentes experiências de combate. Do militar inadaptado ao que se guia por um escrupuloso sentido de dever; do que lamenta não ter desertado ao que tem gosto em matar. Uns sentiam empatia pelo inimigo, outros moviam-se pelo desejo de aniquilação e extermínio, numa guerra que as mudanças no mundo tinham tornado obsoleta antes mesmo de começar.“ 


Da BADANA: 
“No penúltimo dia de uma operação no Leste de Angola em Dezembro de 1971, vimos um trilho recente e fomos emboscá-lo. Tentei um sítio para me encostar a uma árvore. Vimos quatro ou cinco guerrilheiros a vir, um tinha quase dois metros de altura, com uma barbicha é um casaco de cabedal. Eu e os outros disparámos a trinta metros, por entre as árvores. Não o conseguimos matar. Eles deram tiros também e cavaram dali. Andamos duzentos metros e vimos sangue nos arbustos, mas ninguém morto. Eles conseguiram andar quilómetros a sangrar.


O AUTOR: 
“VASCO LUÍS CURADO nasceu em 1971. 
Publicou um livro de contos, ‘A Casa da Loucura’ (1999), a novela ‘O Senhor Ambíguo’ (2001) e os romances ‘A Vida Verdadeira’ (2010), ‘Gare do Oriente’ (2012) e ‘O País Fantasma’ (2015). 
É psicólogo clínico, pelo ISPA, e publicou na área da psicopatologia, a obra ‘Sonho, Delírio e Linguagem’ (2000). 
Depois de trabalhar dez anos num hospital militar, tem mantido contacto profissional, desde há outros dez, com combatentes da guerra colonial, recolhendo testemunhos e histórias que deram origem ao livro ‘DECLARAÇÕES DE GUERRA’, cujo princípio motivador é contribuir  para um reconhecimento impedido por divisões profundas na sociedade portuguesa, mais interessada na integração na Europa do que no seu passado colonial: o (re)conhecimento das experiências e memória dos combatentes, ajudando-os num outro combate, o esquecimento a que são votados.“ 



Do ÍNDICE: 

INTERPRETAR A GUERRA 

1. - Sem sentimentos de culpa 
(Furriel atirador) 
2. - A certeza de que ia morrer 
(Tenente de operações especiais) 
3. - O mensageiro da morte 
(Soldado atirador) 
4. - “Nunca havia sossego” 
(Soldado condutor) 
5. - Medalha de latão 
(Furriel miliciano) 
6. - Um prisioneiro na Índia 
(Soldado condutor, prisioneiro de guerra na Índia) 
7. - Transpirar pólvora 
(Soldado atirador) 
8. - Tiro a tiro 
(Soldado comando) 
9. - A guerra que ainda hoje entra em casa 
(Primeiro-sargento fuzileiro) 
10. - “Tu tens de ir servir a Pátria” 
(Alferes miliciano) 
11. - Ansioso por acção 
(Soldado atirador) 
12. - O jogo do medo 
(Alferes sapador) 
13. - Perder a mão na Guiné 
(Soldado condutor) 
14. - O assassínio de um chimpanzé 
(Primeiro-cabo explorador-observador) 
15. - A farda queimada 
(Primeiro-cabo radiotelegrafista) 
16. - Uma praxe no aeródromo 
(Primeiro-cabo mecânico de aviões) 
17. - O soldado que podia ter matado Marcelo Caetano 
(Soldado pára-quedista) 
18. - O barulho da guerra 
(Primeiro-cabo especialista de armas pesadas) 
19. - Sempre à beira do sobressalto 
(Primeiro-sargento pára-quedista) 
20. - “Só pensávamos em esfolar e matar os turras” 
(Soldado condutor) 
21. - Quando se culpa a mãe 
(Soldado pára-quedista) 
22. - As nossas campas, os nossos ossos 
(Primeiro-cabo atirador) 
23. - Caçadas em Angola 
(Alferes miliciano) 
24. - “O sonho é uma prisão” 
(Primeiro-cabo comando) 
25. - A Bíblia de um morto 
(Primeiro-cabo atirador) 
26. - Na enfermaria 
(Primeiro-cabo auxiliar de enfermagem) 
27. - Refúgio no álcool 
(Soldado atirador) 
28. - A morte falhou por pouco 
(Soldado caçador especial) 
29. - Horas debaixo de fogo 
(Furriel miliciano) 
30. - A morte que veio de Portugal 
(Primeiro-cabo apontador de canhão) 
31. - A esperança da revolução 
(Soldado comando) 
32. - Os últimos soldados do Oriente 
(Primeiro-cabo atirador, prisioneiro de guerra na Índia) 
33. - “A guerra não serviu para nada” 
(Furriel miliciano) 
34. - A guerra continua…
(Soldado atirador) 
35. - Voltam os pesadelos 
(Primeiro-cabo auxiliar de enfermagem) 
36. - Viagem sem fim 
(Soldado atirador) 
37. - Trazer a guerra para o Alentejo 
(Soldado atirador) 
38. - Arrastados pelo destino 
(Alferes miliciano) 
39. - “Tive sempre o pensamento de que não voltava” 
(Marinheiro fogueiro) 
40. - Chuva de morteiros 
(Primeiro-cabo apontador) 
41. - Salto para o inferno 
(Soldado pára-quedista) 
42. - A magia de África 
(Primeiro-cabo telegrafista) 
43. - O medo de estar sozinho 
(Furriel miliciano) 
44. - Folha de serviços 
(Primeiro-sargento) 
45. - Acordar entre os mortos 
(Soldado atirador) 
46. - Moçambique ensanguentado 
(Soldado sapador) 
47. - Pai violento, filhos guerrilheiros 
(Soldado caçador especial) 
48. - As vozes do Ultramar 
(Soldado comando) 


Preço: 25,00€; 

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