Guerra Colonial - Os autores analisaram as tatuagens que os militares nacionais foram fazendo ao longo dos 13 anos, que durou nas antigas províncias ultramarinas portuguesas a guerra, em Angola, Guiné e Moçambique
‘ULTRAMAR NA PELE’
De Diana Gomes e Rui Caria
Edição do Instituto Açoreano da Cultura
Angra do Heroísmo 2020
Livro com 96 páginas, muito ilustrado e em muito bom estado de conservação. Novo. Excelente.
SINOPSE:
“Uma obra que nos mostra como a História também se impregna na pele. A história de homens que foram obrigados a fazer uma guerra em nome de um império que se desmoronou. Uma guerra que, como todas as guerras, deixa marcas. Neste caso, tatuagens. Que Diana Gomes, 'expert' na matéria, analisa com rigor técnico e apreciação estética, desvendando o que levou os ex-soldados a tatuar na pele os símbolos e dizeres que ainda perduram. Num livro ilustrado pela objectiva de Rui Caria, fotojornalista, cujo olhar está treinado a escolher enquadramentos, ângulos, luz e o que mais importa.
‘ULTRAMAR NA PELE’ é, pois, um livro que tem tanto de belo quanto de inquietante. Um livro precioso, que alarga o entendimento do património ao próprio corpo. Um livro onde os protagonistas são açorianos que passaram pelos diferentes teatros da guerra colonial e que partilharam com Diana Gomes as suas memórias, os seus testemunhos de uma guerra que deixou marcas profundas no nosso País.”
SOBRE O LIVRO:
“Para quem, como eu e como tantos da minha geração, teve de interromper dois anos de vida e juventude para ir, obrigado, cumprir o seu dever pela Pátria, mesmo com política que poderia estar errada, mas era assim ditada, este livro é um exemplo de criatividade, originalidade e sentimento histórico, ligado ao gosto pela arte e pela profissão.
Com duas dúzias de testemunhos de antigos combatentes que, já bem no outono da vida, quiseram deixar para a posteridade, no livro, as tatuagens que trouxeram da guerra colonial, a obra conhece a sua outra dimensão na imagem.
Milhares de jovens quiseram, quase sempre no ímpeto da saudade e dos amores ausentes, perpetuar momentos de vida em locais tão diferentes, em épocas tão difíceis. Corações, frases e nomes, datas, nomes de guerra das companhias e dos batalhões, palhotas e tabancas, tudo era motivo para tatuagem.
Há muitas formas de reviver o passado, mesmo os momentos duros de ausência. Muitos antigos combatentes desfizeram-se de tudo, não aceitam, nem querem recordações. Outros ainda têm na sua casa, nos seus escritórios e nos seus "cantinhos dos afectos", as recordações que compraram, as missangas, colares, brincos e pulseiras da mais bela arte local, as colchas e tapetes que tantas camas, chãos e paredes cobriram, por esse Portugal fora e por esses Açores dentro.
E muitos outros ainda - e vão sendo cada vez menos, porque vão passando para a outra dimensão da vida -, quiseram que a recordação ficasse impressa nos braços, no peito, nas costas ou nas pernas. É desses que reza este ‘ULTRAMAR NA PELE’, mas neles está muito mais do que isto. E por isso mesmo é comovente a dedicatória que Diana Gomes faz "a todos os combatentes que lutaram na Guerra do Ultramar e às suas famílias, sem esquecer todas as mães que tanto sofreram com a ida dos seus filhos para a guerra. As tatuagens 'Amor de Mãe' serão sempre um verdadeiro ícone destes tempos". E, no seu prefácio, o fotojornalista Rui Caria, co-autor do livro, acrescenta avisadamente que ele (livro) ‘fica para lá de nós; para lá de todos os que viveram a guerra do Ultramar e dos que nunca viveram guerra nenhuma. E é para estes, sobretudo, que este diário antológico deve permanecer, como uma tatuagem gravada no tempo, para que nunca caiamos no erro de pensarmos que o que se passou não se volta a repetir’.
O respeito pela História, aqui recordada em retalhos de vida dos seus corajosos protagonistas, ganha foros de humanismo e realismo que muitos tentam reescrever, mas que não se apaga da alma e do corpo de quem tudo isto viveu.
Este é um livro que me tocou e, mais do que leitor e jornalista, como também sou do número daqueles que tiveram de ir para o Ultramar, a tal palavra que veio branquear o conceito de colónia, esconjurado internacionalmente.”
Santos Narciso, director-adjunto do jornal 'Correio dos Açores'.
Do ÍNDICE:
Agradecimentos
Dedicatória
PREFÁCIO, por Rui Caria
INTRODUÇÃO
- Rui Teixeira (Guiné - 72 anos) - “Salazar, não te quero mais…”
- Francisco Nunes Martins Nogueira (Moçambique - 67 anos) - “Sangue, suor e lágrimas”
- Luís Espanhol (Angola - 61 anos) - “Um coração do tamanho do meu peito”
- Francisco Melo (Guiné - 65 anos) - “God bless me with peace and love”
- Fernando Simas (Angola - 70 anos) - “De castigo fui para o Ultramar”
- Manuel Valadão (Guiné - 67 anos) - “Vou voluntário para a guerra”
- José Fernando Lima (Angola - 62 anos) - “Gostava de lá voltar”
- Mário Areias (Angola - 68 anos) - “O Poeta”
- José Gabriel Silva (Angola - 65 anos) - “Quero uma tatuagem”
- Belmiro Miguel (Moçambique - 72 anos) - “A minha palhota em Moçambique”
- José Armando Carvalho (Angola - 67 anos) - “Era muita coisa…”
- Manuel de Fátima Godinho Gomes (Guiné - 66 anos) - “Maria Turra, ouvíamos-te na rádio”
- José Evaristo Fagundes (Angola - 68 anos) - “Não tenho desgosto de me ter tatuado”
- Manuel de Castro Goulart (Angola - 66 anos) - “Amor de Mãe”
- Norberto da Silva Goulart (Guiné - 66 anos) - “Se eu chorar, não me leve a mal”
- Carlos Alberto Vicente da Costa (Moçambique - 5 anos) - “Ainda hoje as feridas não sararam”
- José Luís Correia de Azevedo (Guiné - 69 anos) - “Micelina, meu amor”
- João Lourenço Oliveira (Guiné - 67 anos) - “Eu quis defender a minha Pátria”
- José Resendes Braga (Moçambique - 72 anos) - “A gente na guerra tem é saudades dos nossos”
- Manuel Leal dos Santos (Angola - 77 anos) - “A minha Companhia foi uma Companhia de sorte”
- Manuel Santos Melo Ferreira (Moçambique - 71 anos) - “O tempo de Salazar foi muito triste…”
Glossário
Preço: 0,00€; (Indisponível)
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