sábado, 21 de agosto de 2021

Angola & Literatura - ‘A VOZ DA ESTEPE’, de Castro Soromenho - Lisboa 1956 - MUITO RARO;



Angola & Literatura - Uma obra do grande escritor de língua portuguesa com profundas raízes e vivência em Moçambique e Angola 


‘A VOZ DA ESTEPE’ 
De Castro Soromenho 
Capa de Paulo Guilherme 
Edição de Fomentos de Publicações, L.da 
Colecção Novela (14) 
Lisboa 1956 


Livro com 48 páginas e em muito bom estado de conservação. Excelente. 
De muito difícil localização. 
MUITO RARO.


ANÁLISE DA OBRA: 
“ ‘A VOZ DA ESTEPE’, de Castro Soromenho - Por Ana T. Rocha
O pequeno volume intitulado ‘A VOZ DA ESTEPE’ (s.d.) reúne dois contos (‘A voz da estepe’ e ‘Samba’), do escritor Castro Soromenho, retirados do livro Rajada e outras histórias (1942). Esta selecção foi da responsabilidade da Colecção Novela, dirigida por Manuel do Nascimento, escritor neo-realista português. A Colecção Novela juntou nomes da literatura como Aquilino, Régio, Torga, Branquinho da Fonseca, Fernando Namora, Manuel da Fonseca, entre outros. Todos os números correspondem às características editoriais de pequenas edições de bolso, práticas, simples e económicas, deixando transparecer o foco dos responsáveis na democratização da literatura, quer no acesso a esta, quer na divulgação dos autores, até porque todas as semanas saía um livro novo.
Castro Soromenho foi incluído, sobretudo, pela novidade que a sua escrita trazia. Novidade essa apontada na nota biográfica do autor, citando Pierre Hourcade: ‘(...) não conheço em qualquer outra língua, outro escritor europeu que tenha ido tão longe no conhecimento verdadeiro da humanidade africana sem lirismo supérfluo nem erudição etnográfica, como Castro Soromenho’ (p. 5). 
De facto os dois contos seleccionados justificam na perfeição as palavras do crítico francês. Soromenho trazia, pela primeira vez à literatura de língua portuguesa, uma visão de África que, não sendo endógena, não carregava o peso dos preconceitos, do paternalismo, do exotismo e do sentimento de superioridade do ser europeu face ao ser africano, que sexualizava, desumanizava e infantilizava.
O primeiro conto, ‘A VOZ DA ESTEPE’ demonstra como a caça era um domínio masculino e como essa actividade incluía celebrações e acções que respeitavam as crenças dessa mesma comunidade, revelando a forma como esta se organizava, por exemplo, em termos hierárquicos. O know how desses homens é-nos descrito sem estranheza ou exotismo o que, ao contrário do modo da época, humanizava e aproximava leitores e lidos.
O segundo conto, ‘Samba’, fala-nos das dificuldades de uma mulher que se vê forçada a integrar uma feira de mulheres. Mais uma vez aqui, e malgré a própria objectificação da mulher no evento narrado, Soromenho não envereda por julgamentos e envolve, antes, o leitor na trama humana que se faz sentir, nos receios e sentimentos de Samba, humanizando, desse modo, a mulher africana que era sexualizada pelo colonizador e secundarizada pelo africano.
O interesse humano que aproxima Soromenho dos sujeitos narrados permite-lhe trazer para as suas histórias a literatura oral angolana e seus contextos e utilidades, como, por exemplo, a sua ligação com a historiografia e com a memória: ‘O velho sofre e cala-se. Mas já se determinou que recomendaria a Sapala que lhe fizesse uma cantiga bonita, para que ninguém a pudesse esquecer’ (p.30). 
O interesse e a curiosidade etnográfica e sociológica do escritor não acarretam os juízos de valor que eram, à época, o senso comum europeu, distanciando-o da literatura colonial e justificando a sua boa integração na literatura angolana.”



Do ÍNDICE: 

Biografia do autor 

A VOZ DA ESTEPE 

II 
SAMBA 


Preço: 27,50€; 

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