Moçambique & Literatura - Uma das obras mais recentes deste autor das letras moçambicanas surgido na geração pós independência em 1975
‘RIO DOS BONS SINAIS’
De Nelson Saúte
Edição Língua geral
Rio de Janeiro 2007
Livro com 142 páginas e em muito bom estado de conservação. Novo. Excelente.
De muito difícil localização.
A LITERATURA MOÇAMBICANA E O AUTOR:
“A terra moçambicana é uma terra de imbondeiros gigantes, de troncos torcidos, a árvore mais horrorosamente bela para quem olha o horizonte torto à sombra da sua ausência de folhas - como o faz Nelson Saúte neste ‘RIO DOS BONS SINAIS’.
Este é um livro de ausências.
Sem grandes gestos, grandes batalhas, grandes epopeias, sem grandiloquências ou arroubos filosóficos. As grandes aventuras estão no quintal da nossa casa, raramente nos horizontes exóticos e são os nossos olhos gulosos buscando o infinito que nos levam para o vazio dos gestos heróicos.
Os personagens soltos deste árido rio, ainda assim de bons sinais, caminham no dia-a-dia olhando para os próprios pés, contados em fragmentos de um cotidiano que nos chega amarelado, quem sabe pelo sol, pelo pó, talvez mais pelo tempo vivido e a viver.
Personagens simples (não confundir com humildade!) amarrados entre si pela ancestralidade, pela memória, por um futuro turvo, trazidos até nós por palavras sem pressa, coladas ao corpo, mas bem à sua sombra (ou à sua ausência), como na terra dos homens sem sombra.
Fato é memória, metáfora e fato, dúbias na anterioridade como se deve no campo do imaginário; claras, como o olhar de Saúte sobre a paisagem que narra (e nisso estão os homens), com palavras que se entrechocam, carambolam, signos de culturas distantes, historicamente enclausuradas na mesma vivência.
E, obressiva - enterro após enterro, e mais um e ainda outro -, constante, vagarosa, quase preguiçosa, sem fazer espectáculo de si mesma, a morte. Como fato da vida, pronta, diria amiga. Com quem, de viés, se dialoga e nos ajuda a compreender o que somos.
Não cabe, nestas curta linhas, falar da emoção de um leitor suspeito.
Reminiscências, cheiros, deslumbramentos esquecidos de minha infância, esmagados por distâncias? Um mundo, dentro e fora de mim, perdido no meu distraimento?
Mais.
‘RIO DOS BONS SINAIS’ é o encontro com Eufrigino dos ídolos, o homem do luto perpétuo, vovó Mafaduco, a menina dos Prazos, viúva imaculada, e outras gentes, de outras terras, outra maneira de juntar as mesmas palavras, outro mar.
Mas logo alguém da família - por uma triste história de amor, quem sabe um simples silêncio.
Ou por um insólito guarda-chuva amarelo.“
Ruy Guerra
Da contracapa:
“A literatura moçambicana vive como se fosse o outro nome de Moçambique. O país, em estado de ficção, encontra no escritor um parceiro cúmplice da sua própria invenção. Por seu turno, o escritor vive esse privilégio de tudo ser tão recente que a própria linguagem se apresenta em estado de infância.
Uma vez mais, Nelson Saúte saiu de si mesmo e por via de vozes que lhe chegaram como clandestinas confissões teve um rio de histórias e devolve ao país que viu nascer motivos para outros fragmentados nascimentos. Este ‘RIO DOS BONS SINAIS’ é uma deambulação pela história recente de um país recém-chegado ao mundo e de gente que não se demarcou do estado de fantasma. Há, nestas histórias, mortos que não encontram a Morte, homens de luto perpétuo que apenas visitam a vida nas cerimónias fúnebres, jovens que amanhecem pendurados numa corda de sisal. A morte atravessa todos estes relatos mas a sua marca não é a do definitivo: os mortos permanecem vivos, eternos sussurradores de luzes e lendas.
Manda a tradição local que, à entrada dos rituais de enterro, haja uma bacia de água para que todos lavem as mãos. Nelson Saúte lava, na própria escrita, as palavras, aqui se abrem rios de um outro tempo moçambicano e que nos fazem navegar por sonhos que são apenas o litoral da pesada realidade de um país que tem enorme dificuldade em se sonhar.“
Mia Couto
O AUTOR:
“NELSON SAÚTE nasceu em Maputo, Moçambique, em 1967.
É contista, poeta, romancista.
Autor de ‘A Pátria dividida’ (poesia, 1983), ‘O Apóstolo da Desgraça’ (Contos, 1999) e ‘Os Narradores da sobrevivência’ (Romance, 2000), entre outros.
A ‘Língua Geral’ publicou ‘O Homem que não podia olhar para trás’ (Colecção ‘Mama África’, 2006), conto infanto-juvenil ilustrado por Roberto Chichorro.“
Do ÍNDICE:
Ponta de Lança
Nota do Autor
- O viúvo do guarda-chuva amarelo
- O enterro da bicicleta
- O ministro de Deus
- A sombra vagabunda
- A mulher dos antepassados
- Os netos da mulher que não fazia filhos
- A fotografia de William Faulkner
- A terra dos homens sem sombra
- Mamba
- Rio dos bons sinais
Preço: 25,00€;
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