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Angola & MPLA - As prisões e os abusos e violações dos direitos humanos do governo de Luanda
'HOLOCAUSTO EM ANGOLA - Memórias de entre o cárcere e o cemitério’
De Américo Cardoso Botelho
Prefácio de Simão Cacete
Edição Vega
Lisboa 2007
Livro com 612 páginas, ilustrado com fotografias e documentos e em muito bom estado de conservação. Como novo. Excelente.
De muito, muito difícil localização.
MUITO, MUITO RARO.
SINOPSE:
"Angola 1975. Enquanto em Luanda, sob o troar dos canhões na batalha de Kifangondo, Agostinho Neto proclama, perante a África e o Mundo, a independência de Angola, em simultâneo, em Carmona, hoje Uige, e em Nova Lisboa, hoje Huambo, os ainda aliados, Holden Roberto e Jonas Savimbi, proclamavam a efémera República Democrática de Angola. O que resultou dessa dupla e antagónica proclamação foi uma das mais sangrentas guerras fratricidas que dizimou para cima de 100.000 pessoas para só falar de angolanos.
A maior parte deles, presos, torturados e assassinados sumariamente sem culpa formada e sem um julgamento legal. Sobretudo pós 27 de Maio quando, face ao golpe Nitista, os ânimos e ódios se extremaram e Agostinho Neto, sedento de poder único e absoluto, não olha a meios, mesmo os mais sanguinários, para o conquistar e deter. As prisões e campos de concentração vão-se enchendo de cidadãos, nacionais e estrangeiros, acusados dos crimes mais diversos e inimagináveis. A terra angolana cobre-se assim de sangue numa escalada de violência e de crimes nunca vista. Com o auxílio dos soviéticos e dos cubanos, o MPLA, Agostinho Neto e as forças da ordem, Disa e militares, não poupam nenhum dos considerados opositores ou discordantes do regime ditatorial que pretendem impor e os fuzilamentos em massa começam a entrar na ordem do dia. É neste cenário terrível que o Autor deste livro, Américo Cardoso Botelho, se vê detido e mergulhado na masmorra de uma prisão onde diariamente são cometidos os maiores atentados à vida e aos direitos humanos. Durante cerca de 5 anos, Américo Cardoso Botelho conhece os horrores desse inferno prisional e mercê de uma coragem excepcional não só resiste às provações que lhe são impostas como consegue registar tudo o que vê e lhe contam outros prisioneiros, alguns deles hoje ainda vivos e citados no livro. Os casos de barbárie e crueldade humana a que assiste e lhe são transmitidos são narrados com uma isenção exemplar, não por ajuste de contas ou retaliação das penas sofridas, mas por uma assunção de justiça e julgamento dos principais autores desses crimes (alguns deles a ocuparem hoje lugares de relevo no governo de José Eduardo dos Santos), pela memória de todos quantos foram vítimas desses crimes e em respeito às famílias que ainda hoje ignoram onde param os corpos dos seus parentes para fazerem o luto e as honras funerárias. Contextualizando as circunstâncias históricas e politicas que estão na raiz dessa luta sangrenta e fazendo eco do sofrimento, tortura e morte de muitos dos seus colegas de prisão, Américo Cardoso Botelho dá-nos um testemunho impressionante e de inestimável valor para que, à semelhança do que aconteceu em Nuremberga em relação ao holocausto nazi, as entidades internacionais se detenham nesse outro holocausto e promovam o julgamento de todos quantos estão na sua origem."
Da contracapa:
"Nesse mesmo dia, centenas de pessoas são presas e fuziladas. É a caça às bruxas.
Nos jornais de Angola lê-se: Os criminosos serão fuzilados. E Neto, publicamente, pronuncia a sentença: não haverá perdão. No dia seguinte, às 19,00h, o responsável do cemitério de Mulemba está a jantar com a família quando aparece um telefonema estranho. O seu chefe de repartição Ordena-lhe que volte ao cemitério e aguarde. O cacimbo ensopa-lhe a roupa quando, de madrugada, param no portão dez carrinhas celulares. Carlos Jorge e Nelson Pinheiro (Pitoco), elementos da DISA, chefiam a expedição que estaciona junto a uma vala comum de 200 metros. Mal os prisioneiros se apeiam, soam rajadas das Kalachinov. Alguns ainda têm tempo de gritar: Salvem-me que eu não fiz nada. Pitoco, chefe do pelotão de fuzilamento, atende rápido ao apelo das vítimas: Esse é perigoso, fica para mim. Um dos coveiros aplana a terra da vala com um tractor. Ainda se ouvem gemidos. O chefe do cemitério está aterrorizado e Pitoco avisa-o: Em Angola não pode haver uma contra-revolução, por isso, se falares, vais fazer companhia a estes."
In ‘EXPRESSO’ (revista) de 25 de Janeiro de 1992
Nos jornais de Angola lê-se: Os criminosos serão fuzilados. E Neto, publicamente, pronuncia a sentença: não haverá perdão. No dia seguinte, às 19,00h, o responsável do cemitério de Mulemba está a jantar com a família quando aparece um telefonema estranho. O seu chefe de repartição Ordena-lhe que volte ao cemitério e aguarde. O cacimbo ensopa-lhe a roupa quando, de madrugada, param no portão dez carrinhas celulares. Carlos Jorge e Nelson Pinheiro (Pitoco), elementos da DISA, chefiam a expedição que estaciona junto a uma vala comum de 200 metros. Mal os prisioneiros se apeiam, soam rajadas das Kalachinov. Alguns ainda têm tempo de gritar: Salvem-me que eu não fiz nada. Pitoco, chefe do pelotão de fuzilamento, atende rápido ao apelo das vítimas: Esse é perigoso, fica para mim. Um dos coveiros aplana a terra da vala com um tractor. Ainda se ouvem gemidos. O chefe do cemitério está aterrorizado e Pitoco avisa-o: Em Angola não pode haver uma contra-revolução, por isso, se falares, vais fazer companhia a estes."
In ‘EXPRESSO’ (revista) de 25 de Janeiro de 1992
Informação do Autor - Américo Cardoso Botelho:
“Cheguei a Angola no dia 9 de Novembro de 1975, para integrar os quadros administrativos da DIAMANG, quando os portugueses empreendiam a viagem de navegação inversa. Aí tive acesso a informações diversas sobre as acções de ‘limpeza’ e extermino que vitimaram amplos sectores da população angolana, sobretudo após a tentativa de golpe político de 27 de Maio de 1977. Durante os anos em que permaneci dentro dos muros das prisões angolanas, de 1977 a 1980, aproveitei toda a margem de manobra para fazer dessa estada um reservatório de testemunhos. Alguns problemas se levantavam: como registar a informação? Como fazer sair as minhas notas da cadeia?
O leitor saberá que o universo prisional é, com frequência, um antro de tabaco. Os invólucros dos maços de tabaco que todos deitavam fora tornaram-se o pergaminho da minha memória, permitindo a anotação de tudo o que ouvia e conversava com os companheiros de destino, num código por mim forjado, a partir da minha já remota experiência militar. Através de expedientes diversos, fazendo de cada ocasião uma oportunidade, durante três anos e meio, emigraram da prisão uns dois mil apontamentos. Este livro dá forma de texto a uma parte desse espólio, honrando aqueles que me confiaram os seus medos e a sua coragem.
São páginas de um drama; o meu e o de todos esses que conheceram o inferno prisional angolano nos anos que se seguiram à independência de Angola, no contexto de uma guerra que encarcerou os angolanos em fronteiras de violência desmedida.“
Do ÍNDICE:
PREFÁCIO
De Simão Cacete
SUMÁRIO
I. ABERTURA
II. DA DIAMANG AOS CALABOUÇOS ANGOLANOS
III. AGOSTINHO NETO, O MPLA, OU A VONTADE DE PODER
IV. “ONDE ESTÁ O TEU IRMÃO?” - 27 DE MAIO DE 1977
V. PRISÕES E CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO EM ANGOLA
VI. VIDAS CRUZADAS
VII. GEOGRAFIA DO TERROR
VIII. OCA - VÍTIMAS DA REPRESSÃO POLÍTICA
IX. O IMPÉRIO SOVIÉTICO E A ‘AMIZADE’ CUBANA
X. PORTUGUESES NAS CADEIAS ANGOLANAS
XI. OUTROS ESTRANGEIROS NO INFERNO ANGOLANO
APÊNDICE DOCUMENTAL
Índice de figuras constantes no extratexto
Nota sobre o autor
Preço: 125,00€;
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