quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Angola & Literatura Colonial - ‘SETE ESPIGAS VAZIAS’, de Garibaldino de Andrade - Sá da Bandeira 1964 - MUITO RARO;







Angola & Literatura Colonial - Uma das obras sobre o território e a população metropolitana, publicadas pela editora de Sá da Bandeira nos inícios da década de sessenta do século passado, que constituiu um marco no panorama editorial desta antiga província ultramarina portuguesa 


‘SETE ESPIGAS VAZIAS’ 
De Garibaldino de Andrade 
Capa de F. Marques 
Edição Imbondeiro 
Sá da Bandeira 1964 


Livro com 314 páginas e em muito bom estado de conservação. Excelente. 
De muito, muito difícil localização.
MUITO, MUITO RARO.


O AUTOR: 
GARIBALDINO DE ANDRADE é natural de Ponte de Sor, Alentejo, onde nasceu em Novembro de 1914. Tirou o curso do magistério primário em Coimbra, exercendo actualmente na cidade de Sá da Bandeira, Angola, onde reside há 11 anos. Colaborou, com contos e novelas, nos melhores jornais do país, e designadamente em ‘O Diabo’, ‘Seara Nova’, ‘Pensamento’, ‘A Província de Angola’ e no suplemento literário de ‘O Estado de S. Paulo’, Brasil. 

Escreveu os seguintes livros: 
- ‘VILA BRANCA’, contos, 1944 - Editorial Inquérito; 
- ‘O SOL E A NUVEM’, contos, 1946 - Portugália editora; 
- ‘SETE ESPIGAS VAZIAS’, romance, 1955 - Orion; 
- ‘ÁRVORES NO CAMINHO’, contos, 1957 - Orion; 
- ‘O HOMEM E O SARDÃO’, romance, 1960 - Editora Arcádia; 

Neste mesmo ano funda, de parceria com Leonel Cosme, em Så da Bandeira, a organização ‘Publicações Imbondeiro’, que edita , além da poesia e ficção vária, as seguintes edições: 
- ‘Colecção Imbondeiro’ já com 65 números publicados; 
- ‘MÁKUA’, antologia poética; 
- ‘DENDELA’, contos para crianças; 
- ‘Imbondeiro Gigante’, panorâmica do moderno conto de expressão portuguesa, colaborada por escritores ultramarinos, metropolitanos e brasileiros; 
- ‘O Livros de bolso Imbondeiro’; 
- ‘Colecção Primavera’, cadernos didácticos; 
- ‘Cadernos de Divulgação Didática’; e o 
- Boletim publicitário ‘IMBONDEIRO’, com a tiragem de 4.000 exemplares e distribuído gratuitamente.

Sai a segunda edição do presente romance, esgotado há mais de dez anos, por pressões vindas  de vários lados. Nele atinge Garibaldino de Andrade um dos pontos mais altos da sua vida de escritor.


DESCRIÇÃO
“Do livro ‘SETE ESPIGAS VAZIAS’, um grande romance sobre o Alentejo, um romance injustamente esquecido de um autor injustamente esquecido, transcrevem-se três parágrafos:

‘Desde a guerra de Espanha que Joaquim atravessava a fronteira. Era a hora dos negócios pingues. Nas feiras, os marchantes não tinham mãos a medir. Lavradores de carteira farta compravam gado a olhos fechados. Terras que deviam andar a pão, ficavam para pastos. De noite, horas mortas, os cascos entrapados, os animais transpunham a linha convencional que separa os dois países. Ali, vendiam-se maços de cigarros e pães de trigo duvidoso por um punhado de pesetas. Homens famintos, olhos ardendo em febre, atravessavam o Chança e o Guadiana e metiam-se às estradas, esmolando e roubando. Vilas quietas, adormecidas na planície, foram invadidas por chusmas de engraxadores e vendilhões de tuta e meia. Mulheres e raparigas, algumas quase crianças, entregavam-se a quem lhes enganasse a fome. Contrabandistas, pela calada da noite, pelo pinto do meio-dia, a toda a hora, rindo-se dos guardas-fiscais e iludindo os carabineiros, carreavam víveres, roupas, tralha de toda a espécie. Às vezes soavam tiros e caíam homens mortos. Mas isso não importava. Nos caminhos sinuosos ao longo da raia, agitava-se uma humanidade inquieta, que perdera a fé, a lei e a esperança, que é o rumo do futuro.’

‘O velho Nogueira vendera a Filada e Vila Branca estava morrendo. Deitando cálculos à vida, Antoninho da Loja viu as estantes desguarnecidas e o livro das contas cheio de cães de todas as raças... Que ia ser dele, da mulher e do filho? A loja era a sua enxada. Cerradas as portas, de que se iam governar? Matutando nisto, fugira-lhe o sono. Errava pelos cantos, aos suspiros fundos, escondendo dos seus a realidade triste. Uma vez, não pôde mais. Aproximava-se o prazo da reforma de uma letra: quinze dias para desencantar três contos. Onde?, onde? todos os caminhos bloqueados: os que lhe deviam, não pagavam; os que tinham dinheiro, chamavam-lhe seu; e, na gaveta, outrora próspera, apenas o chocalho e um punhado de moedas...

Desabou sobre o caixote das sonecas, e, numa crise de choro, ali o fora surpreender o filho. Aos brados deste, acudira a mãe. Naquela hora de desânimo, Antoninho da Loja contou-lhes o engano em que viviam. Por três contos, não seriam mais donos de coisa nenhuma: levariam o balcão, as estantes, os míseros trapos que ainda as enfeitavam...’ “ 



Do ÍNDICE: 

Dedicatória 

MADRUGADA 
O POVO DA VILA E DOS CAMPOS 
SEARAS E LONGES AVELUDADOS 
AS ESPIGAS NUMA NOITE DE LUAR 
DRAMA E GENTE NOVA 


Preço: 72,50€; 

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