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Nito Alves um apoiante fervoroso da União Soviética, representou o MPLA no 25º Congresso do PCUS (Partido Comunista da União Soviético) em Fevereiro de 1977. |
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Nito Alves no 25.* Congresso do PCUS em Fevereiro de 1977, acompanhado de Álvaro Cunhal do PCP. |
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Nito Alves e José Van Dúnem, ambos apoiantes da União Soviética, representaram o MPLA no 25º Congresso do PCUS (Partido Comunista da União Soviético) em Fevereiro de 1977. Na imagem com Álvaro Cunhal, Secretário Geral do PCP. |
Angola - MPLA & História - Os conflitos ideológicos entre os dirigentes e apoiantes dos movimentos de libertação da década de sessenta na guerra contra a presença e administração colonial portuguesa e as divergências que levaram a combates entre si - no âmbito do alinhamento durante a guerra fria e as respectivas alianças internacionais -, as múltiplas dissidências nos três principais movimentos igualmente sangrentas e nem sempre de carácter ideológica e política…
‘RÓTULOS ATRIBUÍDOS, RÓTULOS ASSUMIDOS’
Memórias e Identidades Políticas em Angola
Da Luta Armada Anticolonial ao 27 de Maio de 1977 (1960 - 1977)
De Jean-Michel Mabeko-Tali
Edição Guerra & Paz
Lisboa 2023
Livro com 326 páginas e em muito bom estado de conservação. Novo. Excelente.
De muito difícil localização.
MUITO RARO.
Da contracapa:
“Tornou-se um lugar comum realçar o permanente estado de hostilidade entre os diferentes grupos da elite colonial angolana que estão na origem dos três movimentos de libertação. A troca de rótulos políticos teve início na formação dos movimentos nacionalistas e culminou na longa crise que levou ao 27 de Maio de 1977 - a maior tragédia da história do MPLA, cujas consequências ainda dividem a sociedade angolana.
Nito Alves é a figura que melhor encarna essa guerra de rótulos, sendo aqui analisadas as ‘Treze Teses da Minha Defesa’, seu indubitável legado político-ideológico é uma peça fundamental para radiografar as lutas internas do MPLA.
Em ‘RÓTULOS ATRIBUÍDOS, RÓTULOS ASSUMIDOS’, o Historiador Jean-Michel Mabeko- revela o papel instrumental das rótulações políticas, atribuídas e/ou assumidas, que justificam as motivações faccionais. Procurando ultrapassar a barreira paralisante das estatísticas macabras dos mortos do 27 de Maio de 1977, propõe bases para relançar um debate objectivo sobre o papel das identidades políticas na Angola do século XX - e o seu lugar nas memórias históricas divergentes, ilustrativas tanto da luta estilhaçada pela independência quando das lutas pelo controlo do aparelho burocrático do partido-estado MPLA a seguir ao 11 de Novembro de 1975.“
Da badana:
“A existência de três irreconciliáveis movimentos armados anticoloniais em Angola significou uma oposição irreconciliável de filosofias e discursos e, portanto, de identidades políticas. Estas posições político identitárias traduziram-se, do ponto de vista do discurso, ou por rótulos mutuamente atribuídos, raramente assumidos, dado que eram percebidos como fazendo parte do discurso de deslegitimação política produzido pelo inimigo, ou pela recuperação, na maior parte dos casos, de rótulos atribuídos a partir do exterior por actores estrangeiros, não directamente ligados à luta pela independência de Angola. (…)
Leremos, assim, em praticamente todas as publicações jornalísticas, afirmações-padrão do tipo ‘FNLA, pró-ocidental’, ‘MPLA, pró-soviético’, etc. tais asserções não estão, é verdade, desprovidas de fundamento. O que lhes falta são as ‘nuances’ que permitem aprofundar tais ‘atribuições’ ou alianças. É certo que poderíamos encontrar algumas desculpas para a escrita jornalística que procura avançar rápida face à rapidez do consumo informativo. Mas ‘quid’ das ciências sociais, das análises históricas que retomam, de igual modo, infelizmente, esses mesmos rótulos de pertença ideológica, sem os submeter ao crivo da crítica metodológica que se impõe ao carácter movediço das relações internacionais, em que as alianças nunca são estáticas, eternas…
Desta forma, poderíamos afirmar que alguns destes textos são sérios, enquanto outros se baseiam antes em análises bastante rápidas e superficiais dos movimentos de libertação da época, cuja vida terá sido largamente condicionada e determinada pela dinâmica político diplomática da Guerra Fria.“
O Autor:
“JEAN-MICHEL MABEKO-TALI
Nasceu no Congo-Brazzaville. É doutorado em História pela Universidade Paris VII – Denis Diderot, mestre em Estudos Africanos pela Universidade Bordeaux III e licenciado em História e Geografia pela Universidade de Saint-Etienne, em França.
Radicado em Angola em 1976, foi docente no ensino médio e na Universidade Agostinho Neto. Em 2002, mudou-se para os Estados Unidos, onde é professor catedrático de História de África na Universidade de Howard, em Washington.
Especialista na história política de Angola e do Congo, foi membro do Comité Científico Internacional da UNESCO para o Uso Pedagógico da História Geral de África de 2009 a 2018. É habitualmente convidado para palestras em universidades africanas, europeias e brasileiras.
Autor de numerosos ensaios e artigos, bem como do livro ‘Guerrilhas e Lutas Sociais: O MPLA Perante Si Próprio – 1960-1977’ e de obras de ficção, foi distinguido, em 2022, com o Prémio Nacional de Cultura e Artes de Angola, pela carreira académica e pelos trabalhos de investigação em ciências humanas e sociais.”
Do ÍNDICE:
Dedicatória
Agradecimentos
Siglas
INTRODUÇÃO
Nas origens do presente texto
‘Irmão ou Camarada ?’: a lotaria mortal do campo político angolano em 1974-1975
A guerra das identidades políticas em Angola: um desafio permanente da identidade nacional
Sobre as origens das atribuições e auto-atribuições político-identitárias
Metodologia de trabalho
Primeira Parte
A GUERRA DAS IMAGENS: RÓTULOS E CONTRA-RÓTULOS NO DISCURSO NACIONALISTA ANGOLANO DESDE A ÉPOCA DA LUTA ARMADA ANTICOLONIAL
Capítulo I
A FNLA: nas origens de uma identidade sócio política ferida
Capítulo II
O MPLA ou o mal-estar das evasivas ideológicas e doutrinárias
- O MPLA e os rótulos atribuídos pela extrema-esquerda angolana em 1974-1975
Capítulo III
A UNITA: incongruências e traições sob uma ideologia de ‘esquerda’
- As mudanças de rótulo assumidas pela UNITA no pós-25 de Abril de 1974
Capítulo IV
Conclusão da primeira parte
Segunda Parte
JUVENTUDES PARTIDÁRIAS E IDENTIDADES POLÍTICAS EM ANGOLA EM 1974 - 1975
Capítulo I
Juventude em armas - nascimento e morte de um sonho juvenil de democracia popular em Angola em 1974-1975
Capítulo II
O papel das organizações juvenis na violência urbana em 1974-1975
- Dinâmicas societais dos anos 1960 e a emergência de uma massa social crítica problemática
Capítulo III
Diversidade identitária das juventudes dos movimentos de libertação angolanos em 1974-1975
- As BJR da FNLA: uma presença problemática no meio urbano angolano
- A JURA da UNITA: uma experiência urbana meteórica em 1974-1975
- A JMPLA e os desafios ideológicos e sociológicos do mundo urbano em 1974-1975
‘Comités’ e associações de esquerda: aliados problemáticos para o MPLA
O nacionalismo juvenil conservador da ‘nebulosa’ MPLA em 1974-1975
Capítulo IV
As juventudes do MPLA em 1974-1977: o sonho de uma identidade política radical ‘marxista-leninista’
- Formas indirectas: pressões e sugestões ideológicas ‘informais’
- Forma directa não violenta: ‘a infiltração’
- Forma directa violenta: a passagem à Acção insurrecional
Capítulo V
Conclusão da segunda parte
Terceira Parte
NITO ALVES, OU O DISCURSO DA LUTA PELA LEGITIMIDADE HISTÓRICA, 1974 - 1977
Capítulo I
De Alves Bernardo Baptista a Nito Alves: o nascimento de uma lenda controversa
- Um Saint-Just da revolução angolana ?
- O contexto político global da elaboração das ‘Treze Teses em Minha Defesa’
Capítulo II
As ‘Treze Teses em Minha Defesa’. O inegável legado político-ideológico de Nito Alves
- Um precedente premonitório: o discurso de Nito no Congresso de Lusaka (1974)
- Um desafio teórico no contexto do sistema MPLA
- A propósito da tese de armadilha / complot contra Nito Alves e os seus companheiros (Tese 6)
Capítulo III
As Treze Teses e a defesa da linha pró-soviética
- Lúcio Lara e Nito Alves: duas trajectórias sociais, dois quadros de passagem, políticos diferentes
- Lúcio Lara, ou a rebeldia sem retorno de um filho do sistema colonial português
- O caso de Nito Alves: um filho do povo com causa revolucionária sem recuo
- Lara e Nito, uma história de gerações desavindas ?
Capítulo IV
As Treze Teses e a questão somática em Angola: um ‘racismo anti-racista ?’
- Nito e o sonho do descolonizado: uma teatralização messiânica ?
- Nito Alves: um intelectual em transição teórica
- Nito ou o esboço da teoria revolucionária: uma transição intelectual inacabada
- Nito e o marxismo: os contornos de uma ‘filosofia da práxis’
Capítulo V
Nito e o desafio do debate ideológico em guisa de defesa
- Nito Alves face aos silêncios sobre os percursos dúbios de figuras da luta anti-colonial: uma voz clamando no deserto
- O confronto entre dois mundos e duas fontes de rótulos: a guerrilha e o activismo urbano
Capítulo VI
O ‘porquê das coisas’, ou as Treze Teses e os factores recorrentes de dissidência no seio do MPLA
- As Treze Teses e a questão da democracia interna
- Sobre a gestão das identidades sócio culturais e somáticas no seio do MPLA
- Nito versus Lara: as raízes estruturais de uma polarização cimeira bicéfala
- Sobre o anti-sovietismo de Lúcio Lara: mitos e realidades
- O MPLA e o conflito sino soviético: o preço da neutralidade
Capítulo VII
Nito Alves e Lúcio Lara: entre a filosofia da práxis e a práxis da filosofia - dois mundos à parte
- Nito e a URSS: o discurso na Câmara Municipal de Luanda de Março de 1976
Capítulo VIII
‘Os cinco minutos de silêncio’: a dramatização de um déficit teórico e conceptual no MPLA ?
- O III Plenário do MPLA e o contexto global do país e do partido-Estado
- O retorno dos rótulos internos: quando actores angolanos têm nomes russos
Capítulo IX
Nito Alves e os rótulos ideológicos no MPLA: algumas achegas
Capítulo X
Conclusão da terceira Parte
- Nito Alves, estrela fugaz do primeiro pós-independência de Angola
NOTAS
Índice Remissivo
Referências Bibliográficas
Preço: 47,50€;