segunda-feira, 7 de abril de 2025

Portugal & Guerra do Ultramar - ‘CAPITÃES DO FIM… DO QUARTO IMPÉRIO’, de António Inácio Nogueira - Lisboa 2016 - Raro;







Portugal & Guerra do Ultramar (Angola, Guiné e Moçambique) - Importante obra escrita por um capitão miliciano, que analisa e descreve as características e empenho dos oficiais milicianos e do Quadro Permanente, particularmente a classe dos capitães - esses mesmos que criaram o Movimento dos Capitães por razões corporativas e reivindicativas e rapidamente passaram a objectivos políticos… - com testemunhos dos militares que encerraram o império e as portas dos quartéis nas províncias ultramarinas portuguesas em guerra, com a descolonização apressada e o abandono territorial para os movimentos guerrilheiros nacionalistas (PAIGC, FNLA, MPLA, UNITA e FRELIMO) e a tragédia que se seguiu na pré e pós independências africanas em 1974/75. Uma descolonização que contou com empenho, isenção por muitos dos oficiais portugueses mas…que do MFA foram observados comportamentos de favorecimento e cobertura a desmandos e participação política com os movimentos guerrilheiros marxistas…


‘CAPITÃES DO FIM… DO QUARTO IMPÉRIO’ 
De António Inácio Correia Nogueira 
Prefácio de Maria Inácia Rezola 
Edição Âncora Editora 
Lisboa 2016 


Livro com 368 páginas e em muito bom estado de conservação. Excelente. 
De muito difícil localização. 
Raro.


Dos diversos testemunhos que alguns dos capitães milicianos abordam o processo de descolonização, destaque de um entre outros, sobre a cumplicidade do exército português na detenção e guarda de opositores políticos em Moçambique e a sua entrega à FRELIMO, prisioneiros políticos esses que acabariam por ser encarcerados ainda antes da independência e posteriormente deportados para campos de concentração e assassinados. Ver o testemunho do capitão Francisco Pinheiro Ramos, páginas 303 a 306. 


Da contracapa: 
“Quem recusa assumir as suas responsabilidades ? 
As descolonizações corresponderam, para Portugal, à perda do Império. 
E quem perdeu está guerra pela posse do Império ?
Foram os políticos e os militares que não souberam encontrar, em tempo útil, soluções adequadas para um problema que os Não-Alinhados e a opção geoestratégica da União Soviética decidiram levar até à solução definitiva.
Terá sido para alguns uma surpresa, de que até hoje não recuperaram, que o marcelismo, herdeiro do salazarismo, tenha caído de podre em 25 de Abril de 1974. 
A quem deve assacar-se a responsabilidade por esse apodrecimento ?
Foi o evoluir da sociedade civil, acelerado com a agitação estudantil filha do Maio de 1968 e da contestação à guerra do Vietname, que levou ao beco sem saída o poder político, cego, surdo e mudo perante os anseios de democratização do povo culto e progressivo que, em casos como este, é o único que verdadeiramente mais interessa. 
Até à publicação do autista Decreto-lei 353/73, tudo parecia correr a contento entre os QP, mas, após uma primeira contestação corporativa, mudaram inteligentemente de objectivos e tornaram-se merecidos heróis. 
Perdido o quarto império, os sebastianistas convocam à liça Fernando Pessoa e dizem: Falta cumprir Portugal…
Sonhando com o eterno retorno, terá de vir… o quinto império. 
O autor diz não às mordaças para as memórias.“


Da badana:
“Como interpretação dos factos - a até dos documentos - tornou-se lugar-comum dizer-se que a História é escrita pelos vencedores. Talvez seja mais correcto afirmar que ela é escrita maioritariamente pela classe dominante em que os vencedores se transformam. 
A ser verdadeira está acepção, a História das guerras do Ultramar português tem sido escrita pela classe dominante (militar) que triunfou na revolução de 25 de Abril de 1974, representada pelos oficiais do quadro permanente que dominaram o Conselho da Revolução durante dez anos. 
Já era mais que tempo de dar à estampa a versão de alguém que viveu e sofreu os últimos dias do quarto império português no olho do furacão, os Capitães do Fim…
É ainda cedo, muito cedo, para juízos históricos definitivos. Aliás, qualquer pessoa atenta sabe que em História o que hoje parece definitivo será amanhã denunciado como falsa interpretação de documentos e acontecimentos. 
O autor tem a esperança de ter dado com ‘CAPITÃES DO FIM… DO QUARTO IMPÉRIO’ algum contributo para que os juízos se possam fazer com um mais completo conhecimento dos factos que decorreram na África portuguesa entre 1961 e 1975. 
Perdeu-se o quatro império, mas ganhou-se a democracia, a liberdade e o fim da guerra.“ 


O Autor:
“ANTÓNIO INÁCIO CORREIA NOGUEIRA nasceu em Coimbra, em Março de 1943. É licenciado em Ciências Físico-Químicas, mestre em Ciências da Educação e doutor em Sociologia.
Foi professor do Ensino Secundário e do Ensino Superior. Foi formador de formadores de metodologias e práticas ligadas à Educação Permanente e à Educação de Adultos. Desenvolveu projectos incidentes em práticas pedagógicas não formais e informais de âmbito socioeducativo e cultural. 
Cumpriu o Serviço Militar Obrigatório na Guiné e em Angola. Foi comandante da Companhia de Cavalaria n. 3487. 
No campo editorial destaca-se a publicação de artigos em revistas e jornais de âmbito internacional, nacional e regional. 
É autor e co-autor de diversos livros, nomeadamente: 
- ‘Primeiro Congresso Nacional de Educação de Adultos’ (1980); 
- ‘Química Analítica’ (1983); 
- ‘Formar Hoje, Educar Amanhã’ (1990); 
- ‘Formação Contínua de Professores. Um Estudo. Um Roteiro’ (1990); 
- ‘Para uma Educação Permanente à Roda da Vida’ (1997); 
- ‘Cavaleiros do Maiombe’ (2004); 
- ‘Santa Cruz: Um Café com História’ (2007); 
- No Colo da Memória se Escreveu Amoreiras do Mondego’ (2009); e 
- ‘Capitães do Fim… Do Quarto Império’ (2016).“ 



Do ÍNDICE: 

Dedicatória 
PREFÁCIO 
- Vidas com História, a memória da guerra e a guerra da memória 
Por Maria Inácia Rezola 
NOTAS DE AUTOR 
A Guerra 
Resistir a todo o custo 
Companhia em quadrícula 
CAPITÃES DO FIM. O nome merecido 
O testemunho dos protagonistas 
A descolonização 
A africanização 

Capítulo I 
ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E POLÍTICO 

A ‘GUERRA À GUERRA’. OS ANOS DO FIM DA GUERRA E A DESCOLONIZAÇÃO (1970-1975). CONTRIBUTOS 
A politização estudantil. Breve abordagem 
A Guerra e a ‘Guerra à Guerra’ 
A guerra que os CAPITÃES DO FIM… enfrentaram e o Exército que encontraram 
Um Exército predominantemente miliciamizado 
A situação na Guiné 
A situação em Angola 
A situação em Moçambique 
A situação global da guerra 
A Companhia como exército em miniatura e de serviços mínimos 

O CICLO DESCOLONIZADOR 
Guiné 
Angola 
Moçambique 

Capítulo II 
A ÚLTIMA OPORTUNIDADE 

SELECCIONAR E FORMAR 
O mito do Exército educador e da Nação em Armas 
Milhares de jovens adultos feitos oficiais milicianos 
Academia Militar. A Escola educadora e formadora dos oficiais do QP 
Formação básica é especializada dos oficiais milicianos. A EPI escola-mãe 
A voz de instrutores do COM 
Ingresso de oficiais milicianos no quadro permanente 
Carência de capitães do quadro permanente. A selecção de Capitães do Fim 
A última oportunidade do regime 
Processo de formação dos Capitães do Fim 

DEZ DEPOIMENTOS DE DISTINTOS MILITARES DO QUADRO PERMANENTE 

Capítulo III 
ESCREVER PARA OS VINDOUROS 

PRÁTICAS INTENSIVAS DO GÉNERO BIOGRÁFICO 
Capitão do Fim… Afonso Maria de Eça de Queiroz Cabral 
- Do saque de Vila Salazar (Dalatando) ao golpe de Cabinda 
Capitão do Fim… António Inácio Correia Nogueira 
- O Cavaleiro do Maiombe 
Capitão do Fim… António Pereira de Almeida 
- Em Mueda a ‘tropa macaca’, em Candulo os abandonados 
Capitão do Fim… Benjamim Fernando Almeida 
- O negociador nos matagais de Cangumbe 
Capitão do Fim… Leonel Pedro Cabrita 
- De N’Riquinha a Rivungo, nas terras do fim do mundo 

Capítulo IV 
TESTEMUNHOS NA PRIMEIRA PESSOA 

TRINTA HISTÓRIAS DE VIDA 
A história de vida como instrumento de libertação da pessoa 

CAPITÃES DO FIM… NA GUINÉ 
Abílio Delgado 
- O capitão ‘puto’ de Guilege 
Albertino Santos Pereira 
- A caminho de Geba em rendição individual 
Carlos Alberto Gaspar Martinho 
- Muita guerra: tanta guerra !
João Londral Ivens Ferraz de Freitas Leite Martins 
- Do polémico batalhão Banazol 
José Fernando Real Magalhães Mendes 
- Voluntário em Bajocunda: a população sempre primeiro 
José Manuel Nunes Marques 
- A retirada de Jemberém 
Luís de Jesus Ferreira Marcelino 
- O capitão que depois foi coronel 
Manuel da Silva Ferreira da Cruz 
- Vida difícil em Cobumba 
Marcos António Blanch da Fonseca Dinis 
- Ser polícia e desactivados de quartéis 
Nuno Álvares da Graça Matias Ferreira 
- O Procurador-geral da República da Guiné 
Óscar António Soeiro Soares 
- Em Caboxanque: a cultura e a guerra 
Raúl Manuel Bivar de Azevedo 
- No chão Felupe: amante e amado 
Rui Jorge Martins Pedro e Silva 
- Um dos capitães da operação ‘Grande Empresa’ 

CAPITÃES DO FIM… EM ANGOLA 
Carlos Alberto Andrade Piçarra 
- Primeiro dia na EPI… senti-me um zero 
Carlos Alberto Monteiro Anahory 
- No inferno do Grafanil 
Carlos Fernando da Silva Tavares 
- Caiu-me aquela bomba dos capitães… 
Fernando Adolfo Morais Faria de Castro 
- Um dos protagonistas do golpe militar de Cabindav
Fernando Campos de Sousa Real 
- Viveu e filmou o fim 
Florentino de Andrade Gonçalves Amado 
- Em Quiende e Zau-Évua: duas companhias para comandar 
Joaquim Manuel Soares de Carvalho 
- Em Muié: fazer a guerra do lado das pessoas 
José António Aluay Vieira Neves 
- Um homem revoltado 
José Vitorino Ferreira Reis 
- Aquele que perdeu o comandante de batalhão 
Luís Manuel Tavares dos Reis 
- Sofrimento em Caio Guembo 
Mário Machado Pinto de Oliveira 
- Determinado no cessar-fogo em Angola 
Rui Ramos do Vale 
- Fechou a porta, foi o último batalhão do Leste…’do pé descalço’ 
Serafim Alves Ferreira dos Santos 
- Comandante do Comando Operacional da Mucaba (COPEM) 

CAPITÃES DO FIM… EM MOÇAMBIQUE 
Francisco Pinheiro Ramos 
- Na Fortaleza de Nangade 
Manuel Isidor Martins Vaz 
- O guerrilheiro de Nambude 
Miguel de Raimond da Silva Amado 
- Tenente de Abril, capitão da paz 
Serafim da Silva Santos 
- Em Nova Coimbra: viu um ‘Unimog’ na ponta do dedo 

Capítulo V 
PARA MEMÓRIA FUTURA 

NOTAS INTRODUTÓRIAS 
Ocorrência que abalou o regime e os modos de formação dos OM 
- Vasco Augusto Rodrigues da Gama 
‘Guerra à Guerra’ 
- Albino Soares dos Reis Brandão 
- António Gonçalves Baptista 
- Graciano Venâncio Morais 
- Jaime Virgílio de Oliveira Marreiros 
- João Carlos Pereira de Nobrega 
- José Pereira Baptista Dias 
- Luís Artur Ribeiro Pessoa 
- Pedro Chagas Ramos 
Polémicas do Fim 
- Francisco José Rodrigues Gil da Silva 
- João Carlos Pereira da Nobrega 
- José Fernando Real Magalhães Mendes 
- José Gabriel Newton de Almeida Santos 
- José Luís Abreu Gomes da Silva 
- José Manuel Nunes Marques 
- Victor Morais Ladeiro 
O Fim 
- João Carlos Pereira da Nobrega 

EPÍLOGO - A PERDA DO QUARTO IMPÉRIO 
A História escrita pelos vencedores 

Agradecimentos 
Siglas e Acrónimos 
Bibliografia Geral 
Bibliografia do Prefácio 
Bibliografia Digital 
Índice remissivo 


Preço: 32,50€; 

Sem comentários:

Enviar um comentário

APÓS A SUA MENSAGEM INDIQUE O SEU E-MAIL E CONTACTO TELEFÓNICO
After your message, please leave your e-mail address or other contact.