quarta-feira, 9 de abril de 2025

Portugal & Guerra do Ultramar - ‘OLHOS DE CAÇADOR’, de António Brito - Lisboa 2007 - Raro;





Portugal & Guerra do Ultramar - Narrativa localizada em Moçambique, no período do conflito militar que ali ocorreu entre 1964 e 1974, com base na experiência do autor enquanto pára-quedista das Forças Armadas Portuguesas 


‘OLHOS DE CAÇADOR’
De António Manuel Brito Dias 
Edição Sextante Editora 
Lisboa 2007 


Livro com 408 páginas e em muito bom estado de conservação. Excelente. 
De muito difícil localização. 
Raro.


SINOPSE: 
“ ‘OLHOS DE CAÇADOR’ conta-nos a história de Zé Fraga, soldado do exército português, mobilizado para a guerra colonial em Moçambique. Contrabandista e passador de emigrantes, vivia de expedientes e pequenos golpes nas serranias das Beiras e na fronteira com Espanha, ludibriando a GNR e a Guardia Civil, até ao dia em que é preso, alistado e mobilizado compulsivamente para África. 
Rebelde, escarnece da autoridade e da obediência à lei. Quer continuar a ser um homem livre. Mas sente-se fascinado pela possibilidade de descobrir um mundo novo, sem limites e sem regras, que só a mobilização para África lhe pode proporcionar. Mulherengo, brigão, malandro, é um sedutor. O passado rústico na fronteira vai fazer dele o soldado mais adaptado à dureza do mato africano, tornando-o uma referência de coragem e liderança para os soldados da Companhia. O seu comportamento ousado e provocador fá-lo confrontar-se com o comandante, mas é admirado pelos colegas do pelotão e temido pelo inimigo.” 


Análise de Leitura: 
“ ‘OLHOS DE CAÇADOR’ é apresentado como o romance da face desconhecida da Guerra Colonial. Apesar de editado em 2007, já conta com várias reedições. É narrado na primeira pessoa, pelo Zé Fraga, um jovem, mobilizado para combater na guerra colonial em Moçambique. Nascido nas beiras, na zona raiana, cresceu a contrabandear e a levar emigrantes a salto, o que o torna especialmente apto para várias missões durante a comissão. 
   O livro abre com um curtíssimo capítulo "Aquele que um dia foi soldado" e começa da seguinte forma:
    "Passou muito tempo desde que matei um homem pela primeira vez."
     Começando pelo fim, pelo tempo presente, no qual Zé Fraga é um sem abrigo, com uma prótese, ficamos logo cientes das histórias que se seguirão e do tom das mesmas:
    "Não sei se é sono ou um lento pingar  da memória pelas fendas da vigília que me projecta lá para trás, levando-me de novo aos dias do Niassa e à glória dos tiroteios com os pretos nas matas de Cabo Delgado, no tempo em que corria na frente sem pensar, arrastando os outros atrás de mim."
    Não me decido a classificar Zé Fraga como herói ou anti-herói, porque é bêbedo, briguento e indisciplinado, mas é, ao mesmo tempo, arrojado, defensor dos mais fracos e da justiça. Mas, na realidade, nós somos todos os heróis da nossa vida. 
    É pelo sentido da justiça e coragem que Zé Fraga é duramente penalizado pelo capitão, que acusa de ter matado um tenente que o acusara de torturar um turra. E esta é a verdadeira guerra que Zé Fraga trava, como se a outra, contra os turras ou os frelimos, como os designa, fosse meramente um pretexto ou cenário. Se não esperava encontrar no livro um libelo anti guerra colonial, surpreende-me apesar de tudo a indiferença ["Mandaram-me contrariado para esta terra de merda, mas gostava do que fazia. Dava-me uma tusa do caraças correr atrás dos matumbos e descobrir onde se acoitavam, cercá-los a dormir, deixar-lhes pistas erradas e enganá-los, armadilhar a água que bebiam, a comida que mastigavam, o chão que pisavam, os mortos que encontravam, emboscá-los, rebentá-los a tiro. Isso sim, enchia-me as medidas."(pg. 186)]
    A cena da tortura, na qual o capitão tortura longamente um guerrilheiro, é impressionante, mas apenas o tenente se opõe frontalmente. A restante oposição é temerosa, em parte devido à hierarquia e ao terror imposto pelo capitão, mas também por uma certa indiferença relativamente à vida e, talvez também, a um certo fascínio pelo macabro, que leva os soldados a procurar, fotografar  e traficar imagens de feridos, estropiados e mortos.
    Aparecendo como um romance, ficamos sem saber se é verdadeira a figura do capitão (Galo Doido) e os crimes que cometeu, mas dá-nos uma imagem de uma guerra para a qual os soldados não foram preparados e na qual têm de se proteger não apenas do inimigo declarado, mas também daqueles que estão na mesma trincheira, sejam loucos declarados ou não. 
    ‘OLHOS DE CAÇADOR’ está escrito como se fosse uma história que nos é contada, com todos os sinais de oralidade, no que tem de bom e de mau, mas tem o enorme mérito de falar da guerra colonial, de que não podemos nem devemos esquecer, como se fosse um livro de aventuras.”
Ana Vargas


O Autor: 
“ ANTÓNIO BRITO - António Manuel Brito Dias nasceu entre as serras do Açor e do Caramulo, no concelho de Tábua, distrito de Coimbra, em 1949. Durante a juventude em Lisboa foi engraxador nas ruas, trepou andaimes nas obras e foi operário na oficina. Carregou injúrias e maus-tratos ao longo de horários que juntavam o dia e a noite, sonhando ser escritor e gente grande quando descobriu Ernest Hemingway.

Aos dezoito anos alistou-se na Força Aérea, nas Tropas Pára-quedistas, ansiando pelos aviões que o levariam para a liberdade dos grandes espaços, para descoberta de um mundo novo visto do alto.

Foi mobilizado para a guerra em Moçambique e participou em algumas das mais importantes operações militares da guerra colonial. Com dezanove anos já combatia em locais tão remotos como as florestas da serra Mapé, os pântanos do rio Rovuma, o planalto dos Macondes e o vale do rio Messalo, participando em algumas das mais importantes operações militares da guerra ultramarina.

Escreveu para jornais de Moçambique histórias de homens e guerra. Licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa e travou outros combates com armas de justiça e lei. Durante anos foi director de empresas multinacionais com objectivos tão árduos de alcançar como o brevet de pára-quedista.

Em 2007, lançou o romance de estreia ‘OLHOS DE CAÇADOR’, baseado na vida aventurosa de Zé Fraga, contrabandista e passador de emigrantes na fronteira com Espanha, soldado e guerrilheiro em África. A sua rusticidade e coragem transformaram-no num líder, detestado e amado pelos homens do pelotão. O livro recebeu excelentes críticas e foi considerado uma das melhores obras em língua portuguesa sobre a Guerra Colonial.

Igualmente aclamado pela crítica, seguiu-se em 2009 o romance ‘O CÉU NÃO PODE ESPERAR’, tendo sido considerado o mais belo livro do autor, uma história tecida ao longo de três séculos. Nela se cruzam a busca do sagrado e o amor infinito, a ciência Inca do Novo Mundo e o obscurantismo da Inquisição, a Restauração da Independência de Portugal e a herança judaica.

No início de 2012, publicou pela Porto Editora o primeiro volume da série ‘SAGAL - Um Herói Feito em África’. Nascido num bordel, Sagal é um aventureiro do nosso tempo. É gravemente ferido a combater pela África do Sul como mercenário na guerra civil de Angola. Quando regressa, vive nas ruas de Lisboa como sem-abrigo, até ser levado para um mosteiro budista para se reabilitar. Espécie de herói maldito, possui no entanto uma ética e valores próprios baseados no confronto e na acção directa para solucionar os problemas de quem lhe paga.

Em finais de 2012 publica SAGAL - O Profeta do Fim’, o segundo livro da série SAGAL, inspirado na actuação criminosa das seitas evangélicas, na sua ligação ao tráfico e a políticos corruptos. Neste livro, Sagal confronta-se com uma seita apocalíptica que faz interpretações obscuras da Bíblia, extorquindo avultadas somas em dinheiro a crentes fragilizados pelo temor divino e pelo sofrimento físico.

António Brito dedica o seu tempo livre à corrida de longa distância e ao voo livre em parapente, sobrevoando serras e falésias. Profere palestras para ajudar pessoas a encontrar um sentido para a vida, ajudando-as a libertarem-se do desânimo, em razão dos difíceis tempos que vivem. Paralelamente desenvolve acções de voluntariado para os sem-abrigo que vivem nas ruas de Lisboa. Durante a noite, distribui roupa e sopa quente a pessoas necessitadas para quem a vida foi madrasta, levando-lhes pedaços de conforto e esperança.”


Obras do Autor: 
- ‘OLHOS DE CAÇADOR’ 
- ‘IRMÃOS DE ARMAS’ 
- ‘SAGAL - Um Herói feito em África’ 
- ‘O CÉU NÃO PODE ESPERAR’ 
- ‘SAGAL - Profeta do Fim’ 
- ‘POEMAS DE AMOR E DESASSOSSEGO’ 



Do ÍNDICE: 

AQUELE QUE UM DIA FOI SOLDADO 
1. - Do contrabando à mobilização 
2. - 
3. - 
4. - 
5. - 
6. - 
7. - 
8. - 
9. - 
10. - 
11. - Viver e morrer em Magolé 
16. - Planalto de sombras e emboscadas 
17. - 
18. - 
19. - 
20. - 
21. - 
22. - 
23. - 
24. - 
25. - 
26. - 
27. - 
28. - 
29. - 
30. - 
31. - 
32. - 
33. - 
34. - 
35. - 
36. - 
37. - 
38. - 
39. - 
40. - 
41. - 
42. - 
43. - 
44. - 
45. - Regresso sofrido 
46. - 
47. - 
48. - 
49. - 
50. - 
51. - 
EPÍLOGO - Derradeiro encontro 
Agradecimentos 


Preço: 42,50€; 

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